Política

Plano de evacuação de brasileiros na Ucrânia foi evitado para não minar encontro Bolsonaro-Putin, diz colunista

Plano de evacuação poderia poupar brasileiros de continuar em território ucraniano durante invasão  |  Alan Santos/Presidência

Publicado em 04/03/2022, às 12h16   Alan Santos/Presidência   Redação

O governo brasileiro emitiu uma ordem evitando qualquer declaração ou gesto que pudessem minar a viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) com Vladimir Putin, líder da Rússia, nos dias que antecederam o encontro. Àquela altura, já era latente a tensão entre Rússia e Ucrânia, hoje em guerra. Um dos pontos evitados foi a implementação de um plano de evacuação de brasileiros da Ucrânia. Até a guerra começar, cerca de 500 brasileiros viviam no país. A informação é do colunista do UOL, Jamil Chade.

Segundo fontes ligadas à diplomacia brasileira, o governo entendia que se a embaixada do Brasil em Kiev montasse um plano e enviasse instruções aos brasileiros que viviam na Ucrânia, rapidamente a notícia chegaria à imprensa e sinalizaria que o país considerava que uma guerra era possível.

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Para o governo, o anúncio de um plano de evacuação poderia ser interpretado pelo Kremlin como um ato de desconfiança em relação à palavra de Putin, que, àquela altura, afirmava não ter intenções de atacar a Ucrânia. Chanceler russo, Sergei Lavrov acusou as potências ocidentais de histeria diante dos alertas lançados pela Casa Branca de que uma guerra era iminente.

Procurado pela coluna, o Itamaraty se manteve em silêncio e não respondeu ao ser questionado se houve algum contato com a comunidade brasileira antes dos ataques sobre a possibilidade de uma evacuação.

Bolsonaro viajou para Moscou em fevereiro, depois de ter tido as portas da Europa e dos EUA fechadas por líderes internacionais. Com a necessidade de ser reconhecido como um presidente que é recebido pelo mundo, seu gabinete tentou um encontro com Boris Johnson, sem êxito, e também fracassou ao tentar convencer Joe Biden a fazer uma ligação telefônica.

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Tags brasil política externa Rússia diplomacia Itamaraty bolsonaro Putin Guerra na Ucrânia

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