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O Lula livre faz Rui 2022 subir no telhado

Imagem O Lula livre faz Rui 2022 subir no telhado
A proximidade física de Lula com o Nordeste não será vã  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 11/11/2019, às 07h53   Victor Pinto


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Com a soltura de Lula, até que ponto subiu no telhado uma eventual candidatura de Rui Costa à presidência da República? O nome do petista estava correndo percurso das apostas, apesar das declarações meses atrás à revista Veja que soaram mal para os petistas mais orgânicos. De alguns filiados do PT com os quais conversei recentemente, percebi que o erro da última eleição nacional torna a aparecer e não há análise de maneira cética para a futura mais objetiva.

A liberação de Lula não o deixa candidato automático. Por mais que a prisão após condenação em segunda instância tenha sido suspensa, fazendo valer o termo claro da letra da lei, precisamente o artigo 5° da Constituição Federal, os petistas mais próximos ao núcleo do partido já defendem a tese da candidatura de Lula. Comentam da proximidade dele com o Nordeste como tática do caminho que o levará para 2022.

Por mais que seja uma estratégia a ser levada em conta, creio, deve ser dosada. Bolsonaro só tende a se fortalecer mais uma vez com a medida. O ainda filiado ao PSL é o porta voz mais orgânico do anti Lulismo e foi isso que o fez chegar onde chegou. Pode aglutinar de novo os opositores, uma vez que a polarização volte a acontecer com acirramento.

Há quem diga que naturalmente Lula carregue Fernando Haddad a tiracolo. Foi a última liderança ungida por ele nacionalmente, ainda que tenha saído derrotado do pleito. Afaga os egos dos sulistas com a atitude. Mas a base do lulismo está em outro canto, mais pra cima do País geograficamente.

A proximidade física de Lula com o Nordeste não será vã. Primeiro que seria simbólico o ex-presidente fazer moradia na região do País, cuja maioria o tem como líder político nato. Escolher a Bahia carregaria ainda mais uma representatividade, pois é o maior Estado do NE governado pelo PT e que tem peso no cenário nacional. Sempre teve.

Como eu havia dito, os mais aguerridos querem Lula. Se o político conseguir se livrar das suas condenações de segunda instância até a próxima eleição, menos mal, se safa do alcance da Ficha Limpa. Não conseguindo, o ideal é trabalhar uma nova liderança a tempo. Outros setores da sigla, mais pés no chão, acreditam na viabilização de outro quadro a tempo de não sofrer o último revés eleitoral.

Há quem considere que a chegada de Lula tende a pavimentar o caminho do petista baiano, junto com as bênçãos do senador Jaques Wagner. O neo-cabeça branca da Bahia, aclamado por petistas para ser o candidato a governador em 2022, pretende continuar com suas costuras políticas no Senado Federal. Nesse jogo, impulsiona Rui, seu pupilo. Quando Lula perceber como está o encaminhamento da política regional, principalmente com a viabilidade do Consórcio, pode haver uma vitamina para uma nova unção.

Rui não faria menções a uma candidatura nacional se não tivesse acertado com a principal liderança do PT. Acontece que essa mesma liderança, agora livre, pode reconfigurar todo o cenário. O atual morador do Palácio de Ondina - a criatura - deve agora cogitar, mais do que nunca, a possibilidade de dividir a cadeira do Senado com seu criador quando sentir ser uma carta fora do baralho na majoritária nacional. É de se pensar.

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal

Classificação Indicativa: Livre

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