Artigo

A companhia mais importante é a sua

Imagem A companhia mais importante é a sua
Bnews - Divulgação

Publicado em 12/03/2019, às 08h14   Guilherme Reis*


FacebookTwitterWhatsApp

Talvez o problema esteja mesmo com você que, entra ano, sai ano, e não consegue desencalhar. Será possível que todo mundo que passou por sua vida até hoje fosse um desprendido, um bon vivant que não quer compromisso?

Depois de um tempo, você passa a achar isso impossível e se convence de que o problema está de fato em você. Talvez lhe falte mais atitude, autoconfiança, mais inteligência e cultura, mais beleza ou sensualidade. Talvez dinheiro de menos também seja o problema. Quem quer construir algo duradouro, fazer planos, com um pé rapado?

Somos criaturas tão carentes que não hesitamos em nos culpar pelo nosso fracasso ou nossas tragédias amorosas. Não à toa existem tantos relacionamentos abusivos, nos quais a culpa, e o medo de passar a vida só – pura autossabotagem -, impedem que a parte sob abuso rompa com o ciclo de martírio. Esquece o sentido do ditado de que “antes só do que mal acompanhado”. 

A carência nos leva a querer entrar num relacionamento. Quando menos esperamos, no silêncio do quarto, numa tarde de sábado, a solidão se infiltra pela fresta da porta e para ao nosso lado na cama como uma alma penada. Sentimos que falta algo ali – a presença de alguém que não seja a do irmão, dos pais, da avó que veio passar o fim de semana. Alguém com quem assistir à Netflix e depois dormir de conchinha. Nossa própria companhia – a mais importante de todas – já não basta. 

Existem alguns que, mesmo sem esforço, encontram outra pessoa com a qual passarão anos, às vezes a vida inteira. No cinema, na cafeteria, na fila do pão, um like aleatório no Instagram, e lá estão dois indivíduos que nunca se viram descobrindo uma compatibilidade inimaginável para ambos. Um golpe de sorte, muitos podem dizer. Ou talvez essas duas pessoas estivessem bem consigo mesmas. 

*Formado pela Universidade Federal da Bahia, Guilherme Reis é repórter do site BNews e subeditor de Política do jornal Tribuna da Bahia. Tem passagens pela rádio Educadora FM e pelo portal iBahia.com. Em 2014, ganhou o Prêmio Sebrae de Jornalismo.

Leia também:
Sonhar é necessário e não custa nada

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp