Entrevista

"Não é uma questão do partido", diz ACM Neto sobre denúncias de Luis Miranda em CPI

Imagem "Não é uma questão do partido", diz ACM Neto sobre denúncias de Luis Miranda em CPI
Presidente do DEM se posiciona sobre acusações de deputado e avalia envolvimento de Jair Bolsonaro no episódio  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 26/06/2021, às 13h07   Henrique Brinco


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O presidente nacional do DEM, ACM Neto, concedeu uma entrevista exclusiva ao BNews onde comentou pela primeira vez sobre as denúncias feitas na CPI da Covid pelo deputado federal Luis Miranda (DEM) e pelo irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo, a respeito do controverso processo de compra da vacina Covaxin. Os dois apontam indícios de corrupção na venda do imunizante, intermediada pela empresa Precisa Medicamentos, ao governo brasileiro. Segundo os irmãos, o presidente Jair Bolsonaro sabia das irregularidades.

Neto avalia que os fatos são sérios e que precisam ser apurados. Contudo, diz que ainda é cedo para uma conclusão definitiva. "O fato é um fato sério. Não pode ser desconsiderado. Agora, precisa ser apurado. Então, o que eu defendo é que a CPI faça todo o desdobramento em torno dos fatos e proceda com a necessária apuração. Não tenho elementos aqui para te dizer se houve ou não houve ilicitude. Certo? Como eu acho que, por enquanto, o país ainda não tem. Agora, o que eu espero é que a CPI esclareça o episódio", declara.

O líder baiano afirma que o DEM vai aguardar o desenrolar dos fatos e que as declarações de Miranda são isoladas, isentando o partido. "Primeiro, nós temos que acompanhar os desdobramentos dos fatos que foram levantados na CPI. Essa não é uma questão do partido. Foi uma situação envolvendo o parlamentar, entendeu? Não é uma questão que está sendo debatida no partido, por enquanto. Mas nós vamos acompanhar os desdobramentos relativos a esse caso", sinaliza.

Apesar do movimento pró-impeachment ter crescido nas redes sociais após os depoimentos, Neto avalia que não há cenário para a queda do presidente. "Os fatos que a gente conhece e que estão postos, acho ainda não é um momento para se falar em impeachment. Agora, se vai surgir coisa a mais que possa, eventualmente, comprometer o presidente, ninguém sabe. Mas, por enquanto, pedido de impeachment, na verdade, contribui para desviar o foco de uma investigação que tem que ser séria", opina.

Ainda na entrevista ao BNews, Neto também faz avaliações sobre a cena política atual - sobretudo após a divulgação da pesquisa Ipec, que aponta uma ampla vantagem do ex-presidente Lula (PT) para a eleição de 2022 e uma queda de popularidade expressiva de Bolsonaro. Ele também comenta sobre como andam as articulações do DEM para o próximo pleito e sobre como anda a relação dele com o Republicanos, partido do ministro da Cidadania, João Roma.

Leia na íntegra:

BNews - Como o DEM se posiciona diante das declarações do deputado Luis Miranda?

ACM Neto - Primeiro, nós temos que acompanhar os desdobramentos dos fatos que foram levantados na CPI. Essa não é uma questão do partido. Foi uma situação envolvendo o parlamentar, entendeu? Não é uma questão que está sendo debatida no partido, por enquanto, mas nós vamos acompanhar os desdobramentos relativos a esse caso.

BNews - O deputado diz que está sofrendo ameaças de morte. O partido vai requisitar algum tipo de segurança para ele?

ACM Neto - Pelo que eu sei, nesse caso, não é o partido. É a CPI e a Câmara dos Deputados.

BNews - Ele lhe procurou em algum momento para discutir sobre esse assunto?

ACM Neto -
Não houve nenhuma consulta prévia. Depois dos episódios, chegamos a nos falar uma vez. Mas, previamente, não. Houve uma conversa posterior aos fatos se tornarem públicos. Posterior e não anterior.

BNews - E sobre o fato em si, sobre as denúncias da Covaxin, como o senhor  está vendo toda essa situação?

ACM Neto - O fato é um fato sério. Não pode ser desconsiderado. Agora, precisa ser apurado. Então, o que eu defendo é que a CPI faça todo o desdobramento em torno dos fatos e proceda com a necessária apuração. Não tenho elemento aqui para te dizer se houve ou não houve ilicitude. Certo? Como eu acho que, por enquanto, o país ainda não tem. Agora o que eu espero é que a CPI esclareça o episódio.

BNews - Após os depoimentos dos irmãos Miranda, cresceu nas redes sociais o movimento em defesa do impeachment do presidente Jair Bolsonaro. A OAB, inclusive, deve apresentar um "superpedido" de impeachment na próxima semana. O senhor faz muitas críticas ao presidente. Acha que há cenário para isso?

ACM Neto - 
Acho que ainda não. Acho que ainda não é o momento para se falar em impeachment. Os fatos que a gente conhece e que estão postos, acho ainda não é um momento para se falar em impeachment. Agora, se vai surgir coisa a mais que possa, eventualmente, comprometer o presidente, ninguém sabe. Mas, por enquanto, pedido de impeachment, na verdade, contribui para desviar o foco de uma investigação que tem que ser séria. 

BNews - Nesse caldeirão de notícias desta semana, além dessas revelações na CPI, o instituto Ipec divulgou uma pesquisa apontando uma queda na popularidade de Bolsonaro. O levantamento também mostra que o ex-presidente Lula pode derrotá-lo ainda no primeiro turno. Como viu essa pesquisa?

ACM Neto - 
Acho que é cedo para falar em pesquisa. Ainda tem muita coisa para acontecer até a eleição. Não acho que o brasileiro já esteja com a antena ligada na eleição de 2022. Isso vai acontecer, mas acho que as prioridades do país ainda são outras neste momento. Então, acho que é prematuro demais fazer qualquer prognóstico com base em pesquisa no momento de hoje.

BNews - Uma terceira via é possível. Já há uma polarização instalada entre Lula e Bolsonaro. Como vê isso?

ACM Neto - 
Esse momento é um momento de polarização, sem dúvida. Quando a gente olha para a fotografia de agora, é de polarização. Mas isso não pode dizer que esse quadro não possa mudar. Falta muito tempo até a eleição e, nesta longa caminhada até outubro de 2022, muita coisa pode acontecer. Inclusive o surgimento de outros nomes.

BNews - Diante dessa polarização, o DEM vai mesmo tentar construir uma terceira via ou deve se aliar a um dos lados? Inclusive, na pesquisa do Ipec, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta aparece bem posicionado, apesar de ser um nome novo...

ACM Neto - 
Nós ainda não começamos a fazer a discussão sobre 2022 no plano nacional. Por enquanto, nós temos colocado e estamos trabalhando o nome do Mandetta. Mandetta é um quadro nacional. Nas pesquisas qualitativas do DEM, ele aparece muito bem posicionado em questão de perfil. É um perfil muito bem avaliado. Mandetta pode ser de fato uma aposta do partido. Agora, essa discussão ainda vai ser consolidada internamente. Agora, ele é um dos nomes que eu enxergo com potencial de crescimento neste cenário ainda muito antecipado de 2022.

BNews - Muito se fala sobre as suas conversas com o presidenciável Ciro Gomes, que inclusive esteve na Bahia nos últimos dias. As conversas para uma aliança continuam?

ACM Neto - 
Tenho conversado com o PDT bastante, tanto sobre Brasil, como sobre Bahia. Não estive agora nesta última oportunidade com Ciro, não. Tenho falado com [Carlos] Lupi [presidente nacional do PDT]. Mas com Ciro não estive, não. Agora, se você me perguntar se o PDT é um dos parceiros que eu desejo ter na construção de 2022, sem dúvidas. Acho que é um dos mais importantes neste contexto da Bahia. Se você me perguntar se existe possibilidade de diálogo nacional, existe. Agora, neste momento, o PDT tem a candidatura do Ciro e o Democratas ainda não abriu a discussão sobre o processo sucessório internamente. Tem um nome com potencial de crescimento que é o do Mandetta. Agora, nós vamos continuar conversando com o PDT.

BNews - Não posso também deixar de perguntar sobre o ministro João Roma que, assim como o senhor, também está trabalhando para ser candidato ao Governo da Bahia em 2022. Ele é do Republicanos, partido que foi seu aliado. Como está sua relação com a sigla? Ela continua sendo sua aliada?

ACM Neto - 
Quem fala pelo Republicanos são os quadros do Republicanos. Na Bahia, o presidente Márcio Marinho é um querido amigo e parceiro de longa data. É uma pessoa de muito respeito. Não posso falar pelo Republicanos. Quem tem que falar sobre o partido são eles. O que posso dizer é que tenho muita estima muito grande pelo partido. Somos parceiros desde 2013. Se você me perguntar 'você tem estima e vontade de ter o Repúblicos'.

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