Artigo

A faca nos dentes do PSDB por uma cadeira na chapa de ACM Neto

Imagem A faca nos dentes do PSDB por uma cadeira na chapa de ACM Neto
Bnews - Divulgação

Publicado em 19/07/2021, às 05h00   Victor Pinto


FacebookTwitterWhatsApp

Vai ser uma luta de faca, pois foice é algo voltado mais para os comunistas. Brincadeiras à parte, os tucanos baianos querem garantir um assento privilegiado na futura chapa de ACM Neto (DEM) ao governo da Bahia na próxima eleição. Além de outras siglas de peso moderado que circundam o presidente nacional do DEM, existe uma que agora tem unha para atrapalhar esse ninho: o PDT. 

Da mesma forma como possuem deputado federal, certa densidade eleitoral e outros atributos, ambos tem algo necessário e que conta em todo processo: candidato à Presidência da República. O PDT vai de Ciro Gomes, em um namoro antigo com Neto. O PSDB formou cisão com o ex-prefeito de Salvador por causa de João Dória (PSDB), mas agora surge com um novo nome em pleno aceno: o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). 

O gaúcho esteve em Salvador, conversou muito com a imprensa, inclusive o entrevistei na Piatã FM. Mostrou vontade de ter o palanque netista na Bahia para tentar impulsionar seu nome, mesmo sabendo que ACM Neto, ainda na condição de prefeito em 2018, foi um péssimo cabo eleitoral para Geraldo Alckmin, que teve menos votos em Salvador que Cabo Daciolo. 

Leite surge como uma via alternativa a Dória. Em solo baiano foi possível ver que aglutina mais lideranças ao seu redor, vide a movimentação feita pelo prefeito de Mata de São João, João Gualberto, os deputados Adolfo Viana (federal) e Tiago Correia (estadual) e a vereadora Cris Correa. Doria, na Bahia, basicamente, se resume a Imbassahy e Paulo Câmara. O inquilino do Piratini tem mais simpatia do núcleo netista do que o morador dos Bandeirantes. 

Essa menção presidencial aponta para a chapa. Na disputa local só existem três cadeiras principais: a cabeça, que mais uma vez fica com o DEM (sem novidade), a vice e uma vaga para o Senado Federal. Enquanto do outro lado, em tese, há um rascunho mais contornado de como deve ser a repartição (PT/PP/PSD), do lado da oposição ainda existe muito mistério. 

O desvendar desse caminho, de fato, vai acontecer no bater da porta da campanha, isso se a conjuntura não mudar em 90 ou 180 graus, pois se tratando de política, tudo pode acontecer. 

Em 2018, no ano do fatídico ‘dia do fico’ de ACM Neto na prefeitura, a formação da chapa foi feita nas carreiras. Surgiu o nome da médica Mônica Bahia nos 45 do segundo tempo na vaga para os tucanos na campanha de Zé Ronaldo (DEM) de Feira de Santana. O PSDB também abocanhou uma das vagas do Senado com Jutahy Magalhães Jr. - já previa saída da vida política na urna até então. 

O nome de João Gualberto, na época deputado federal, surgiu desde ali, mas só se ACM Neto fosse o candidato. Agora que Neto avoca uma disputa competitiva no próximo pleito, o empresário do ramo de supermercados busca se viabilizar para ser o nome do tucanato na majoritária. 

Desde o seu registro em 1989, o PSDB tem participado de todas as campanhas estaduais na Bahia. Seja com candidaturas não muito expressivas ao governo e ao Senado Federal até composição opositora polarizada: as três últimas disputas a casadinha foi DEM/PSDB. 

Na sopa de letrinhas, o PDT pode barganhar algo grande, como também o PSL do deputado federal Elmar Nascimento (ainda DEM). Nesse cenário o PSDB terá de lutar para conseguir seu espaço. Mas suas movimentações de agora, para fora, já sinalizam a vontade de alinhamento de cabo a rabo.

* Victor Pinto é editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. 

Twitter: @victordojornal

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp