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O que intencionava a prefeitura?

Imagem O que intencionava a prefeitura?
Líder espírita aborda a mudança do nome da festa de Yemanjá para 'Festa 2 de Fevereiro'  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 04/02/2019, às 08h28   José Medrado*


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Houve grande repercussão o meu post no Facebook e Instagram (@josemedrado), em desagravo ao absurdo que a prefeitura de Salvador fez ao alterar, nas suas divulgações, o nome da festa de Yemanjá para 'Festa 2 de Fevereiro'. Vi como uma ofensa, uma violação ao sentido da festa, que, efetiva e verdadeiramente, é de origem no candomblé.  Fiquei me perguntando, o que poderia estar por trás desta “genial” ideia? Certamente, algum interesse inconfessável... Não sei: agradar Brasília, talvez os moradores do Planalto? Será? Pergunto-me, ainda, e o velho ACM, o original, como bem se refere meu amigo Mário Kertész, o que iria achar disto, logo ele que era tão respeitoso às tradições das religiões de matriz africana? 

A diligente promotora de Justiça Lívia Vaz foi contundente em dizer que a festa é denominada em função do candomblé, que a mudança do nome ofende a integridade dos legados culturais e de identidade dos povos de terreiros de religiões afro-brasileiras. O Ministério Público da Bahia recomendou ao município que colocasse o nome do orixá nas placas, o que não foi cumprido.

Muito triste depois ver o próprio chefe do Executivo municipal carregando o andor do Orixá. Políticos têm dessas coisas. Paciência... Ou melhor respeito, somente isto. Não manipulem as nossas tradições com o fito de fazer bonito em filme de estrangeiros.

Infelizmente, por outro lado, a gente vê um silêncio das lideranças religiosos do candomblé, questionei a uma delas, ao que me respondeu que poderia haver retaliações, uma vez que, geralmente, há uma parceria, convênio, com a prefeitura em certas ações sociais. Ora, precisamos reter o nosso poder cidadão de povo sobre aqueles que, por algum interesse não dito, querem se apropriar do que é de nossa tradição e cultura. Revisitemos nossas ações, sem medo. E, o dinheiro público já traz em si o seu sentido e direcionamento. Refutemos a ideia de que seja favor o financiamento de ações sociais que guardam subvenção pública, é obrigação. Rompamos com este servilismo, pois em nada favorece à plenificação de uma vivência democrática, nem ao avanço de ações com extensa capilaridade social, tão bem realizadas por entidades filantrópicas sérias e que, na maioria das vezes, não guardam interesses político-partidários, pois aos que guardam aí todas as benesses e chancelas.

*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Escreve para o BNews às segundas-feiras.

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