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As aulas políticas de Lula e o morde-assopra do PT

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Bnews - Divulgação Arquivo Pessoal

Publicado em 12/09/2022, às 19h26   Vinícius Dias*


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Quem gosta de futebol sabe o quanto é difícil bater de frente com time que é grande e sabe o que é grande. As duas coisas parecem a mesma coisa e, de fato, uma linha tênue as separam, com uma diferença sensível e notável: quem sabe que é grande, controla o poder. Ter e usar poder são coisas diferentes. O PT sabe disso e usa muito bem.

Na última segunda-feira (12), o partido, na figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deu mais uma das várias aulas de articulação política que vem aplicando durante a atual campanha presidencial. Lula está jogando o jogo com a grandeza que ele tem e, por isso, não tem vergonha nem mesmo de cair em contradições e chama todos os aliados possíveis. Ele sabe que o importante é ganhar. E nem sempre (ou quase nunca) vitórias tão grandes são banhadas de pudor.

E assim vieram as alianças: desde seu histórico adversário Geraldo Alckmin (PSB) na vice, passando pelo convite a André Janones (Avante) abraçando o mantra que ficou conhecido na internet de que "para brigar com um doido é necessário ter um doido e meio" e, finalmente, a aliança selada com Marina Silva (Rede) após anos de desafetos entre a ex-Senadora e o Partido do Trabalhadores, de onde já foi filiada.

O gesto de nomes como Marina e Alckmin foram de grandezas incontestáveis. Eles toparam virar coadjuvantes em nome de uma batalha que consideram maior do que suas próprias figuras, partidos e até que algumas de suas convicções mais sensíveis. Foi uma atitude que não sei se o próprio Partido dos Trabalhadores teria a grandeza de tomar. Mas isso é conversa para uma outra prosa.

No entanto, e aproveitando o gancho da prosa que vem, não posso deixar de achar curioso como o PT consegue 'dobrar' até mesmo antigos adversários, contra quem o partido e sua militância fez pesadas campanhas de difamação - Marina Silva é um caso expoente disso e a foto histórica recebendo um carinhoso beijo de Lula, ao lado de Alckmin, não atenua essa contradição.

E, olha, que o PT é especialista nisso. Só nessas eleições, Lula já conseguiu dobrar com sua notável capacidade de articulação política nomes como Guilherme Boulos (PSOL), Márcio França (PSB) e seus respectivos partidos a se tornarem uma sombra do PT. Ou, como o partido gosta de dizer, fazer parte da frente ampla pela democracia e em oposição a Jair Bolsonaro (PL) em que o PT é o grande protagonista.

O gigante que sabe que é gigante - e faz questão de se mostrar assim.

*Vinícius Dias é repórter de política do BNews

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