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Jerônimo e Geraldo e a briga de quem é mais candidato

Imagem Jerônimo e Geraldo e a briga de quem é mais candidato
Ambos estão no mesmo barco, mas Geraldo tem mais sede de vitória  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 16/05/2022, às 05h50   Victor Pinto


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Desde o anúncio do seu ingresso como vice na futura chapa de Jerônimo Rodrigues (PT), o vereador Geraldo Júnior (MDB), até então pré-candidato a deputado federal, arregaçou as mangas, rompeu com o grupo de ACM Neto (União) e entrou de cabeça na pré-campanha ao governo. A animação do líder, como popularmente é conhecido, chega a ofuscar o brilho da cabeça da majoritária.

Jerônimo e Geraldo, praticamente, disputam quem é o mais candidato entre eles. O petista indo pela primeira vez para urna e o segundo já mais experiente, habilidoso nas palavras ao ponto do governador Rui Costa (PT), publicamente, chegar a reconhecer esse peso diferente na balança. A efusão de GJ é tamanha que precisa ser freada pelos próprios aliados. Mas também pudera: é um pleito do tudo ou nada para o emedebista.

Vejamos: foi uma jogada arriscada acompanhar o MDB no seu regresso ao grupo petista em detrimento a relação pessoal que possuía com ACM Neto e para não perder o controle de um espaço de poder considerável que é a Câmara de Salvador, manobrar com aliados à reeleição debaixo das barbas dos mandatários do Palácio Thomé de Souza. Geraldo nunca pensou em ser catapultado tão rápido a um possível espaço de força que perpassa a sua atuação paroquial soteropolitana e viu crescimento em sua biografia política, o que é justo.

Dentre os fatores decisivos para essa eleição está o eventual drible do entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre as reeleições das casas legislativas que possa derrubar sua relação de poder na CMS ou até mesmo do aliado Carlos Muniz. Outro ponto, pelo menos, é conseguir uma das 63 cadeiras da Assembleia Legislativa para seu filho Matheus Ferreira. Nome que poderia surgir só nos idos de 2024, a entrada de Matheus na vida política foi antecipada após a assunção de seu pai para a chapa petista.

Do pior dos cenários para Geraldo, manter o mandato de vereador de Salvador e o filho com um gabinete na AL-BA lhe garante uma estrutura política considerável, principalmente se ACM Neto vencer o Palácio de Ondina e também emplacar um aliado no comando da CMS. E aqui, com toda certeza, enfrentará um ex-aliado implacável com a caneta na mão. No melhor dos cenários é ter um assento no Palácio de Ondina, com seu rebento deputado, independente do que ocorra com o Plenário Cosme de Farias, exercendo influência em proporções inimagináveis a partir de 2023.

Jerônimo, contudo, não tem uma tara de sobrevivência política na mesma proporção de Geraldo. Apesar de sempre ter assumido cargos de confiança nos últimos anos nas estruturas governamentais, não possui compromissos densos no comparativo do seu vice. Por isso até não tem nem tanta sede ao pote. Tem sim uma vontade de ser o nome do grupo de continuidade de gestão assim como Rui foi de Jaques Wagner (PT) nos idos de 2014.

Para o petista pode até servir um entendimento na linha do se ganhar, ótimo, se perder, vida que segue. Já uma possível “vida que segue” para Geraldo não seria tão fácil assim. Seu empenho, seu sangue no olho e sua briga pela candidatura passam por esse entendimento.

Victor Pintoé editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. Twitter: @victordojornal

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