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Afundado em dívidas, abrigo em Salvador deve ser demolido: "risco de morte para 430 animais"

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Abrigo de animais deve ser demolido e 430 animais podem ficar na rua  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Instagram @abpabahia
Milena Ribeiro

por Milena Ribeiro

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Publicado em 23/08/2023, às 12h25


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A presidente da Associação Brasileira Protetora dos Animais (ABPA-Bahia), Cristina Della-Cella, usou as redes sociais do abrigo de animais para comunicar que, em breve, terá que fechar as portas, já que o local será demolido. O caso foi compartilhado nesta terça-feira (22), no Instagram, e tem mobilizado os internautas.

O abrigo São Francisco de Assis, em Salvador é o lar de 430 animais, atualmente. “Tomamos ciência de uma ação que busca a Reintegração de Posse do terreno onde hoje estão os 430 animais, com Pedido de Demolição do nosso abrigo São Francisco de Assis. Sim, perdemos o abrigo. Os animais perderam a sua casa”, escreveu Cristina.

A presidente do abrigo já vinha atualizando os internautas sobre suas dívidas, que já chegou a R$ 95 mil. No anúncio da demolição, Cristina confessou que já estava difícil manter os animais com os poucos recursos que tinha disponível.

“Vocês sabem que os últimos meses têm sido desafiadores, principalmente, para nossos animais. Já não conseguimos alimentação suficiente e nem medicá-los como deveríamos, isto tem abalado nosso emocional”, contou ela.

E acrescentou: “Não estamos conseguindo honrar com os pagamentos dos custos mensais fixos do abrigo, salários, rações, medicamentos e cirurgias), e o acúmulo dos débitos chegou a um valor que não conseguimos atingir há meses”.

Cristina explicou que o curso mensal do abrigo chega a mais de R$ 60 mil e o custo médio de cada animal “varia de acordo com a idade, a saúde e o estado do abandono”.

“Hoje já ultrapassamos a barreira do limite financeiro e emocional, estamos com protestos e cobranças extra judiciais de distribuidores e fornecedores”, contou. “Atolados em dívidas e sem casa para morar, há sério risco de morte para os nossos 430 animais, que já estão sem ração e medicações e, agora, sem o abrigo!”, pontuou.

Quem quiser ajudar, como faz?

Cristina pediu ajuda dos internautas, que podem doar qualquer quantia através do pix: [email protected].

Ao BNews, Cristina explicou que a VIABAHIA alegou que parte da construção do abrigo adentrou em uma área que pertence a União e, por isso, pediu na Justiça uma ação de reintegração de posse com demolição do local. “Eu soube através de consulta processual em meu nome. Na ação está pedindo para me citar já que sou diretora voluntária da ABPA”, relembrou.

Cristiana ainda afirmou estar abalada com toda a situação. “De muito abalo nossos corações apertados com a falta de alimento e medicações para os animais e agora com a iminência de perder o único imóvel que temos”, disse.

“Os nossos animais estão na iminência de morrer de fome e sem tratamento adequado e agora sem seu lar”, continuou.

Mas, afinal, o terreno é doado ou não?

Cristina explicou à reportagem que o terreno foi doado, contudo, não há escritura lavrada.

“Foi doado na época de 80 por uma presidente. Esse imóvel ela comprou através de contrato particular de compra e venda.Ao chegar na Diretoria percebi que não havia escritura lavrada e registrada apenas o contrato particular de compra e venda”, disse.

“Fui em busca da pessoa que vendeu, mas ela não foi localizada. Hoje existe uma ação de adjudicação compulsória que corre na vara cível do fórum Rui Barbosa”, explicou.

E sobre as dívidas, o que ela disse?

“A gente vinha pagando as despesas com dificuldades, mas pagava. Acontece que, em maio, sofremos bloqueio judicial nas contas da instituição, que ficou retida por 45 dias. E isso levou ao acúmulo de boletos sem pagar devido ao bloqueio”, pontuou.

O abrigo recebe ajuda, mas afirma que não é suficiente para quitar os débitos com os fornecedores. “As doações que recebemos não são suficientes para quitar os débitos. Estamos sofrendo cobranças extra judicial, bem como protestos dos títulos que estão abertos desde julho. Hoje temos uma dívida de R$ 94.000,00”, contou.

Ela afirmou que já estava sem ração, pois não conseguia pagar o fornecedor.

O BNews entrou em contato com a Prefeitura, que afirmou estar ciente da situação e tentando contato com a proprietária, através da Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis), para saber como pode ajudar no caso.

O que disse a VIABAHIA?

Em nota, a Concessionária de Rodovias S.A., que é responsável pela administração de cerca de 680 quilômetros de rodovias dentro do estado da Bahia, disse que tem tentado soluções que não gerem tanto impacto.

Leia nota completa:

"A VIABAHIA Concessionária de Rodovias S.A esclarece que a desocupação da faixa de domínio nos trechos operados pela empresa é uma obrigação estabelecida pelo contrato de concessão firmado com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Por compreender os efeitos da medida para as comunidades, a VIABAHIA tem tratado o tema de maneira aberta, acessível e transversal. A empresa tem mantido diálogo com prefeituras e demais gestores públicos para apoiá-los em uma solução que leve ao menor impacto possível a todos. A ANTT, inclusive, tem participado dessas tratativas.

A desocupação dessa faixa, que é a área lateral à pista, é uma medida de segurança viária relevante para os usuários e ocupantes lindeiros, haja vista ser o ponto de escape de veículos. Além disso, é também um processo de interesse público, uma vez que a reintegração de posse é fundamental para a execução de futuras obras
de melhoria na própria rodovia, como a criação de retornos adequados e passarelas de pedestres.

O trecho compreende cerca de 40 metros às margens da rodovia, nos 680 km de trecho concedido. Trata-se de uma área da União que, por estar sob concessão, fica sob responsabilidade da VIABAHIA. Os processos tramitam na Justiça Federal e as primeiras ações foram ajuizadas em 2021. Alguns ocupantes irregulares já foram citados e intimados a apresentar defesa inicial". 

Classificação Indicativa: Livre

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