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Pet: Você olha nos olhos do seu melhor amigo?

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A médica veterinária Danielle Karam explica a importância de você olhar nos olhos do seu pet  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 26/07/2022, às 16h18   Danielle Karam*


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Acredito que você já tenha ouvido falar na Síndrome do olho seco. Ela é conceituada como qualquer alteração que cause a instabilidade do filme lacrimal, causando irritação da superfície ocular, sendo de etiologia multifatorial e podendo evoluir para déficit visual se não for diagnosticada e tratada de forma adequada.

A produção da parte aquosa do filme lacrimal depende do bom funcionamento das glândulas lacrimais. A glândula acessória que fica localizada no fórnix da terceira pálpebra, sendo responsável por 30% do volume de lágrima e a glândula principal, localizada na região temporal da pálpebra superior sendo responsável pela produção de 70% desse volume.

O filme lacrimal é composto por 3 elementos: A porção aquosa já mencionada, a parte protéica (mucina) e a parte lipídica. Cada componente é produzido por estruturas distintas. A parte aquosa pelas glândulas lacrimais, a parte lipídica pelas glândulas de Meibômio que se localizam nas margens palpebrais superior e inferior e a parte mucosa ou protéica produzida pelas células caliciformes dispersas na conjuntiva bulbar e palpebral.

Atualmente podemos classificar o olho seco em 3 tipos:

1. Olho seco quantitativo: quando a instabilidade do filme lacrimal se dá pela redução da parte aquosa;

2. Olho seco qualitativo: Instabilidade do filme lacrimal por deficiência das camadas de mucina ou lipídio;

3. Olho seco por alteração da distribuição do filme lacrimal decorrente de alterações anatômicas e ou inervação das estruturas oculares e perioculares.

É muito importante que se faça um diagnóstico correto do motivo que levou o animal a desenvolver a síndrome para que possa ser tratado de forma mais assertiva. Na fase inicial da doença é comum um ressecamento da superfície ocular e por conta disso há um lacrimejamento reflexo o que muitas vezes nos parece contraditório.

Como dizer se o meu pet tem olho seco se constantemente ele está com os olhinhos molhados? Ao exame clínico com corantes e aparelhos especiais conseguimos perceber alterações na osmolaridade da lágrima. À medida que a patologia avança os sinais vão ficando mais visíveis, podemos ter com freqüência um olho vermelho, com presença de secreção mucóide depositada no canto nasal do olho e aderida da região periocular formando crostas, temos também uma discreta opacidade corneana.

Progressivamente e sem tratamento os sinais clínicos se agravam, as secreções vão ficando mais densas e esverdeadas o que pode significar contaminação bacteriana secundária. A partir daí a córnea já é invadida por pigmentos e vascularização, o que vai comprometendo a sua transparência e consequentemente reduzindo a capacidade visual, pois há um dano crônico na conjuntiva e o processo de queratinização do epitélio corneano ocorre. Portanto as sequelas da Síndrome do Olho seco estão relacionadas com a demora do diagnóstico.

Para o diagnóstico da patologia o oftalmologista veterinário deverá se basear em um bom histórico do paciente além do completo exame clínico. Durante a avaliação realizamos alguns testes importantes sendo o primeiro deles o TLS (Teste Lacrimal de Schirmer), que nos dá a informação da quantidade de lágrima que o paciente produz em 1 minuto. Posteriormente usamos corantes especiais que nos possibilita uma avaliação minunciosa das alterações da superfície ocular e da instabilidade do filme lacrimal com o auxílio da biomicroscopia óptica (lâmpada de fenda).

Há uma infinidade de causas para o olho seco e essa síndrome pode se manifestar de forma aguda ou crônica, listamos as causas mais prováveis:

• Infecciosas ( vírus , protozoários)

• Congênitas

• Induzidas por fármacos

• Neurogênicas por comprometimento de nervos cranianos

• Iatrogênicas (procedimentos errados os sequelas de cirurgias no crânio que afetem a inervação da órbita)

• Inflamatórias na região orbitária

• Radioterapia em pacientes oncológicos

• Doenças metabólicas hormonais (hiperadreno, hipotireoidismo, diabetes)

• Atrofia senil

• Causas imunomediadas (representam a condição mais comum após exclusão de outros fatores)

O tratamento para a Sindrome do olho seco é baseado no uso de substitutos da lágrima e quando estão relacionados com causas imunomediadas associamos o uso de imunomoduladores. Também devemos fazer uso de suplementação de ácidos graxos.Procedimentos cirúrgicos podem ser indicados para os casos severos e refratários ao tratamento.

Existem raças com maior predisposição: Shihtzus, Poodles , Buldog, Pug , entre outras.

Olho seco não tem cura, mas temos como controlar e proporcionar aos nossos amiguinhos o conforto e uma boa condição visual. Consulte sempre um oftalmologista veterinário caso perceba alguma alteração importante. Olhe bem nos olhos do seu melhor amigo, ele sempre terá algo a te dizer...

*Dra Danielle Karam é Médica Veterinária da Pet Master.

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