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Suspeita de surto de cinomose no Capão pode afastar turistas do local: "a doença está fora de controle"

Arquivo pessoal
Surto de cinomose no Capão já matou cerca de 30 cachorros no local  |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal
Milena Ribeiro

por Milena Ribeiro

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Publicado em 13/10/2023, às 12h36 - Atualizado às 13h36


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O Vale do Capão, distrito de Palmeiras, na Chapada Diamantina, tem passado por dias difícieis. Isso porque um possível surto de cinomose está acometendo diversos cães no local. Até o momento, cerca de 30 cachorros morreram por causa da doença.

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A proprietária do único pet shop da localidade, Morgana Andrade, contou ao BNews, que ainda existem muitos casos subnotificados, principalmente de animais de rua, que não receberam atendimento especializado. Os números contabilizados são de tutores e moradores que avisam quando um cachorro morre.

Morgana ainda pontuou que ela e sua equipe estão realizando campanhas de conscientização, vacinações e testes rápidos. "[Eles estão] Buscando apoio com os laboratórios, distribuidores para compras de vacina, para poder vacinarmos os animais de rua e animais de pessoas que não tem condições de pagar a vacina", acrescentou.

Ela explicou que apesar da cinomose não ser uma zoonose, logo não ser de controle da prefeitura e/ou órgãos públicos, têm tentado, há aproximadamente dois meses, auxílio das autoridades. "Estamos em surto e a doença está fora de controle, mas ainda não obtivemos retorno", afirmou.

Nesta sexta-feira (13), turistas procuraram à clínica de Morgana, Pet do Vale, para falar sobre seu cachorro que apresentou sintomas da doença. Eles não sabiam do possível surto de cinomose, até então. "Essa situação também afasta os turistas, já que é um local de alto turismo", refletiu a empresária.

"São muitos animais agonizando na rua, animais que não estão recebendo o tratamento", pontuou ela.

"Estimamos que o problema ainda está no começo, e muitos animais ainda virão a óbito sem a vacina e tratamento necessário", disparou Morgana, que afirmou que tem tido uma grande procura para a vacina, mas que nem todos podem pagar por ela.




Um dos líderes do Grupo de Proteção Animal, 'FAUNA CAPÃO', Diogo Guimarães, procurou autoridades como vereadores, o Secretário de Saúde, Salvio Leão, e o prefeito de Palmeiras, Ricardo Guimarães (PSD), mas não teve nenhuma resposta significativa, até o momento.

"O retorno dado pelo prefeito foi de que estava em viagem, em Brasília, resolvendo situações da estrada e que cobraria do secretário de saúde. Esse, disse que estava em viagem - lutando por aumento do piso da enfermagem. Em última conversa com ele informei da quantidade de mortes - passou, praticamente, a ser uma a duas por dia", contou ao BNews.

As autoridades foram procuradas cerca de 50 a 60 dias atrás. Diogo também foi, pessoalmente, representando o Fauna Capão, em uma sessão na Câmara de Vereadores. "Pedi a mesma coisa, uma reunião urgente para tratar sobre o assunto", disse ele.

Diogo também encaminhou uma solicitação de reunião para o setor de protocolos da prefeitura, para Sálvio e para Ricardo Guimarães.

Confira passagens do documento que o BNews teve acesso: 

"Dirijo-me a Vossa Excelência representando o Grupo de Proteção Animal “FAUNA CAPÃO” com extrema urgência, representando a preocupante situação que atualmente aflige a comunidade do Vale do Capão. Estamos enfrentando um surto crítico de cinomose, o qual já causou mais de 22 óbitos confirmados, além de um considerável número de testes positivos. É importante ressaltar que a incidência real da doença pode ser ainda maior, devido a subnotificações substanciais que vêm sendo constatadas", disse.

"Diante desse cenário, solicito, por mais uma vez – esse contato já é pedido há pelo menos dois meses - uma audiência de caráter urgente com a Secretaria de Saúde de Palmeiras. Nosso propósito é discutir as ações a serem empreendidas a fim de controlar a propagação da cinomose, prestar assistência adequada aos animais afetados e promover conscientização na comunidade acerca das melhores práticas para prevenir esta enfermidade. Acreditamos que a colaboração estreita entre nossa comunidade e as autoridades de saúde é fundamental para enfrentar esta crise de maneira eficaz", acrescentou.

"Estamos dispostos a atuar em conjunto com a Secretaria de Saúde e a seguir todas as diretrizes e orientações que forem fornecidas para conter o surto. Necessitamos de orientação técnica e apoio para implementar medidas efetivas, tais como campanhas de vacinação, isolamento de casos confirmados e ações de conscientização pública", solicitou.

O que disseram as autoridades?

O prefeito Ricardo Guimarães foi procurado pelo BNews e repassou o número de Sálvio Leão, afirmando que ele poderia falar sobre o assunto. Já o secretário disse "não ter autorização para tratar destes assuntos por telefone".

Sálvio pediu, em seguida, para que a Secretaria de Saúde fosse contactada, mas afirmou que a coordenadora de vigilância não estaria trabalhando nesta sexta-feira (13) por ser ponto facultativo. Segundo ele, ela só responderia quarta e sexta-feira (a próxima).

Uma tentativa de contato foi feita com a Secretaria do Município. Segundo a Prefeitura, através da pasta, a orientação é de que "os proprietários de animais fiquem atentos às vacinas, uma vez que a doença costuma acometer cães que ainda não terminaram o esquema vacinal (filhotes) ou que não receberam o reforço anual da vacina múltipla (V8, V10 ou V11)."

Confira a nota na íntegra:

"Com a notícia através de Redes Sociais e moradores do Vale do Capão, da ocorrência de diversos casos de Cinomose no município durante o mês de Outubro, a Prefeitura Municipal de Palmeiras- BA, através da Secretaria de Saúde, orienta para que os proprietários de animais fiquem atentos às vacinas, uma vez que a doença costuma acometer cães que ainda não terminaram o esquema vacinal (filhotes) ou que não receberam o reforço anual da vacina múltipla (V8, V10 ou V11).

A Secretaria de Saúde, bem como os Governos do Estado e Federal, não disponibiliza a vacina para a doença. Ela é encontrada somente em clínicas veterinárias e Pets, que também realizam avaliação do seu animal, com a presença do médico Veterinário.

A Cinomose é uma doença infectocontagiosa, que ataca o sistema nervoso do animal e após o contágio, há poucas chances de cura. Na fase inicial, os sintomas mais comuns são   vômito, diarreia com sangue, desânimo, falta de apetite e emagrecimento.

 Em estágio avançado atinge o sistema nervoso central, causando desorientação e provocando crises convulsivas. O contágio se dá por meio de contato com secreções e via aérea. O vírus da Cinomose não é transmissível a seres humanos.

Estamos tomando as providências cabíveis junto a SESAB, para que possamos dar continuidade na Investigação Epidemiológica, no intuito de informar a população sobre a veracidade dos fatos e decisões tomadas.

É importante que os donos de animais fiquem atentos aos sintomas e a vacinação correta dos seus animais, para que possamos minimizar os problemas."

Classificação Indicativa: Livre

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