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Na Sombra do Poder: carnaval do fight Rui x Neto

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Os bastidores do carnaval no meio político baiano  |   Bnews - Divulgação BNews

Publicado em 07/03/2019, às 00h00   Editoria de Política


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Carnaval do fight Rui x Neto

Como era esperado, governo do estado e prefeitura de Salvador entraram em rota de colisão em meio à folia carnavalesca. O clima amistoso na abertura oficial da folia ficou só por ali mesmo. Rui Costa (PT) defendeu a redução dos dias de festas em Salvador e o gestor da capital, prefeito ACM Neto (DEM) foi incisivo: deixou claro que isso, ao menos até o final do seu mandato, não ocorrerá. E ainda, nas entrelinhas, disse que o governador precisará eleger alguém da sua base em 2020 para que tais mudanças ocorram.

Sem prestígio

O fato político do carnaval ocorreu no camarote da Câmara de Salvador. Por lá, o secretário municipal de Trabalho, Esporte e Lazer, Alberto Pimentel, decidiu fazer uma visita de cortesia ao espaço e tomou uma chá de espera do presidente Geraldo Júnior (SD), que não esconde sua insatisfação com a gestão do seu sucessor na pasta municipal. O comentário nos bastidores foi de que o chefe da Semtel não anda, realmente, com o prestígio em alta entre os legisladores e terá que atender à convocação da Casa para esclarecer a presença de um policial militar atuando em diretoria da Semtel sem ser nomeado.

Apoio mínimo

E nesse ínterim de clima tenso, apenas o vereador petista Suíca chegou para cumprimentar o secretário. Na área interna, apenas o vereador Alexandre Aleluia o recepcionou ao lado do presidente Geraldo Júnior. E os comentários são que o presidente, em sua chegada ao espaço, havia sido recepcionado por uma “tropa” de edis reforçando a insatisfação com o integrante do PSL. A palavra de ordem é: nada de flexibilizar para o seu lado, muito menos em relação a sua convocação.

Portas abertas

Enquanto Pimentel teve que esperar por longos minutos para ser recepcionado no camarote, personalidades como o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Anselmo Brandão, por exemplo, que integra a administração do governador Rui Costa (PT), teve acesso livre a sala reservada. O secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, o superintendente da Transalvador, Fabrízzio Muller, tiveram, da mesma forma, acesso livre à área reservada do camarote da CMS.

Amigo da polícia

E por falar em chamar atenção, a frequente aparição de Geraldo Júnior ao lado de Maurício Barbosa nos dias de folia também deu o que falar. Geraldinho ganhou até título de “amigo da polícia”, conforme constava na camisa que vestia na última segunda-feira. 

Sem papagaios de pirata

Os comentários nos corredores do Palácio de Ondina são de que o governador Rui Costa (PT) acertou em cheio quando decidiu não montar o camarote oficial neste carnaval, não apenas pela economia de cerca de R$ 1 milhão para os cofres públicos. Rui, embora tenha reduzido a sua agenda oficial nos circuitos por conta da morte do neto de Lula, circulou com número mínimo de “papagaios de pirata”. Um exemplo claro se deu no domingo, quando concedeu coletiva de imprensa. Apenas quatro presenças foram notadas da sua imensa base, sendo que três deles são secretários. De deputados federais, apenas o pessedista Antonio Brito. E mais ninguém.

Olhar à frente

Por falar em Antônio Brito, outra coisa que chamou a atenção foi o entrosamento do parlamentar com Geraldo Júnior. Brito não escondeu segredo quando foi questionado se dali poderia sair uma dobradinha para 2020.

A largada

Se teve um nome que jogou nos quatro cantos neste carnaval foi Geraldo Júnior. O aliado de Neto, mas que flerta com partidos do grupo do governador Rui Costa, esteve até na saída do bloco Olodum em meio a uma galera da esquerda, inclusive o chefe do Palácio de Ondina. Ou seja, da Barra ao Pelourinho, passando pelo Campo Grande, onde estava o camarote oficial da Câmara, não teve terreno em que o chefe do Legislativo municipal não tenha pisado na folia. Adotou a máxima popular: quem não é visto, não é lembrado.

Água da fonte

Em meio à crise na Semtel, o secretário Alberto Pimentel ficou isolado na abertura da folia baiana. Primeiro se recusou a falar com a imprensa. “Não quero dor de cabeça”, disse ao ser abordado por um jornalista. Logo depois que Neto entregou a chave da cidade, o secretário foi visto sozinho, olhando a fonte de água do Campo Grande.

Olê, olê, olá

Falando em abertura do Carnaval, a estrutura montada para a entrega das chaves gerou um caos total. Uma confusão quando o prefeito chegou, empurra-empurra. Com o atraso, coincidiu que o ato com o Rei Momo e as rainhas foi bem na hora da primeira atração do dia no circuito Osmar, Leo Santana puxando trio e uma multidão se espremendo no camarote oficial. No contra fluxo teve secretário de Neto caindo fora. Em meio à multidão no camarote da prefeitura, o auxiliar tentava deixar o espaço temendo pela estrutura do local. “Essa p* vai cair”, murmurou na saída. 

Ilê e a saga dos políticos

A concentração para a saída do bloco Ilê Aiyê na ladeira do Curuzu esse ano foi atípica do ponto de vista de presença de políticos. A foto acima é prova disso. Em todos os anos, essa cena tinha Neto e Rui espremidos ao meio participando do ato. Esse ano, nenhum dos dois pisou os pés por lá. O petista foi representado pela secretária de Cultura da Bahia, Arany Santana. Do grupo de Neto, Leo Prates, secretário da Promoção Social e Combate à Pobreza, esteve na casa de Vovô do Ilê momentos antes do início do desfile. E só.

Respire, Neto

Neto foi surpreendido por um jornalista questionando a polêmica decisão do ministro de Educação de filmar crianças cantando o hino nacional e o slogan da campanha de Bolsonaro, nas escolas públicas. Com a cabeça na folia, Neto não soube disfarçar o desconforto com os perrengues do seu aliado no Planalto. Neto respirou. Ficou um silêncio sepulcral,  até que ele cravou: “um absurdo”, respirou fundo novamente. 

Rui silenciou

O governador também parece que estava alheio às polêmicas nacionais e estaduais. Questionado sobre a delação envolvendo seu aliado Jaques Wagner, a resposta foi: “hoje é carnaval”. A mesma resposta serviu para toda as outras polêmicas, até o domingo da folia.

Se cuida, Damares

O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Claudio Tinoco (DEM), foi às redes sociais fazer uma gracinha em tempos de "menino veste azul e menina veste rosa", como diria a ministra Damares. No Instagram, ele postou: "Todo mundo sabe que a cor do nosso grupo é azul, mas diga se @acmnetooficial e eu não ficamos muito bem de rosa!?". A foto aí está:

Meio baiano

Existe meio baiano? João Dória (PSDB), governador de São Paulo, assim se autointitulou quando esteve curtindo o carnaval de Salvador no camarote do Expresso 2222 na terça (5). Filho de baiano, diz ele que já curtiu 17 carnavais em Salvador e se considera "meio baiano".


Amarelou?

Outro que esteve na Bahia durante o carnaval foi o ministro Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo. Em Salvador, conheceu a infraestrutura do governo estadual para a segurança pública na folia e passeou com a equipe de Neto pelo circuito da folia. Também teve reunião com o trade turístico. Mas, contato com a imprensa foi zero. O ministro se encontra no meio de um vendaval sob acusação de envolvimento em candidaturas laranjas no interior de Minas Gerais. A tese é que o mineiro amarelou e fugiu dos holofotes para não ser indagado sobre o caso.

Sombra e água fresca

Passada a correria do carnaval, o governador Rui Costa se refugiou para descansar em Praia do Forte, em Mata de São João. Porque ninguém é de ferro.

Classificação Indicativa: Livre

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