Coronavírus

Presidente do Grupo Brasil-China avalia que falas de Bolsonaro sobre país são tentativas de desviar foco da CPI

Richard Silva
Por meio de carta ao povo chinês, o baiano Daniel Almeida rechaça declarações e diz que presidente " não representa os sentimentos e os interesses do povo brasileiro",   |   Bnews - Divulgação Richard Silva

Publicado em 06/05/2021, às 18h40   Redação BNews


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O presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China, o deputado baiano Daniel Almeida (PCdoB) rechaçou a postura do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) em relação ao país asiático.

Na última quarta-feira (5), Bolsonaro sugeriu que a China teria se beneficiado economicamente da pandemia, e afirmou que a Covid-19 pode ter sido criada em laboratório — tese que não encontra respaldo em investigação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a origem do vírus.

Por meio de uma carta oficial, o parlamentar prestou solidariedade ao País. No documento, Almeida avalia que as declarações presidenciais consistem em tentativas de desviar a atenção do trabalho desenvolvido pela CPI da Pandemia, que investiga as ações e omissões do governo federal durante a crise sanitária provocada pela doença.

"Nesse esforço, tenta culpar a China pela pandemia e chega a proferir a mentira de que a China estaria promovendo uma guerra bacteriológica, algo já fartamente revelado como infundado tanto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como por todos os pesquisadores sérios da área de Saúde em todo o mundo", salienta.

Principal parceiro comercial do Brasil, a China também é o principal produtor de insumos do mundo. O Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), usado pelo Instituto Butantan para produzir a CoronaVac - principal imunizante aplicado no programa brasileiro de vacinação -, por exemplo, tem origem chinesa.

No últiimo dia 27 de abril, o embaixador da China Yang Wanming ressaltou em sua conta oficial no Twitter que o país é "o principal fornecedor das vacinas e os insumos ao Brasil, que respondem por 95% do total recebido pelo Brasil e são suficientes para cobrir 60% dos grupos prioritários na fase emergencial". "A Coronavac representa 84% das vacinas aplicadas no Brasil", escreveu.

A declaração aconteceu após o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter acusado a China de ter "inventado o coronavírus". "O chinês inventou o vírus, e a vacina dele é menos efetiva do que a do americano", avaliou o Chicago Boy. Posteriormente, ele pediu desculpa pelas declarações.

Na epístola, Almeida destaca que o governo Bolsonaro " não representa os sentimentos e os interesses do povo brasileiro", e elogia a capacidade que a China teve de administrar a crise sanitária e conter a transmissão do vírus em seus território.

" [...] A China não se fechou egoisticamente na luta interna contra a doença. Forneceu ao mundo todo, em grandes quantidades, vacinas, insumos, remédios máscaras, respiradores e outros equipamentos necessários para vencer a crise da pandemia. Grande parte desse fornecimento foi feito gratuitamente a países pobres, em especial aos da África e Ásia. A China deu um exemplo de solidariedade internacional que os outros países avançados do mundo não deram", opinou.

Leia íntegra da carta de solidariedade ao governo e ao povo chinês escrita pelo  presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China, Daniel Almeida:

“Nos primeiros dias de maio de 2021, o presidente Jair Bolsonaro, de modo totalmente descompensado, e no contexto do início de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da Covid) que investiga os crimes de seu governo na pandemia, abriu baterias contra a China novamente. Trata-se de uma tentativa de desviar as atenções das investigações dos crimes contra a saúde pública cometidos em seu governo. Nesse esforço, tenta culpar a China pela pandemia e chega a proferir a mentira de que a China estaria promovendo uma guerra bacteriológica, algo já fartamente revelado como infundado tanto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como por todos os pesquisadores sérios da área de Saúde em todo o mundo

A verdade é que a China mostrou ao mundo uma imensa capacidade de lidar corretamente com a pandemia em seu território, tendo por base a unidade e solidariedade de seu povo, o respeito à ciência e à confiança mútua entre o governo chinês e o seu povo. Tomou todas as providências necessárias, inclusive adotando o ‘lockdown’ no auge da epidemia e o isolamento social. Recomendou o uso de máscaras e álcool gel e o povo atendeu. Suspendeu provisoriamente as aulas, cultos e todas as formas de aglomeração. Incentivou o teletrabalho. Fez uma operação de emergência, reconfigurando suas indústrias e institutos de pesquisa para produzirem prioritariamente os insumos, equipamentos e remédios para atender o combate à Covid-19. E conseguiu produzir, em tempo recorde, uma vacina eficaz contra o contágio. Foi assim que venceu a luta contra o vírus dentro de seu país. 

Além disso, a China não se fechou egoisticamente na luta interna contra a doença. Forneceu ao mundo todo, em grandes quantidades, vacinas, insumos, remédios máscaras, respiradores e outros equipamentos necessários para vencer a crise da pandemia. Grande parte desse fornecimento foi feito gratuitamente a países pobres, em especial aos da África e Ásia. A China deu um exemplo de solidariedade internacional que os outros países avançados do mundo não deram.

No Brasil, como ressalvou o embaixador da China Yang Wanming “até o momento a China é o principal fornecedor das vacinas e os insumos ao Brasil, que respondem por 95% do total recebido pelo Brasil e são suficientes para cobrir 60% dos grupos prioritários na fase emergencial. A Coronavac representa 84% das vacinas aplicadas no Brasil”. É uma sólida parceria, que continua, e que pode eventualmente nos ajudar a sair dessa crise, apesar da má vontade, negacionismo e até falta de cordialidade do governo brasileiro.

Para além do intercâmbio no âmbito das políticas de saúde e combate à pandemia, é amplamente sabido que Brasil e China possuem profundos laços de intercâmbio produtivo e comercial. O comércio sino-brasileiro seguiu pujante mesmo em meio à pandemia e em 2020 a corrente de comércio ultrapassou os 100 bilhões de dólares, um recorde histórico. Essa não é uma relação qualquer e precisa ser aprimorada e ampliada. É preciso que a China saiba que os brasileiros reconhecem sua ajuda e solidariedade. O governo Bolsonaro, cada vez mais isolado, não representa os sentimentos e os interesses do povo brasileiro. Suas declarações estapafúrdias são apenas ‘fake news” e tentativas de desviar a atenção dos graves problemas que causou e continua causando, e das investigações em curso na CPI da Covid, no Congresso Nacional, que apura os crimes e erros desastrosos na condução da pandemia pelo seu governo.”

Classificação Indicativa: Livre

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