Justiça

Documentos de 2008 revelam que Exército foi contra Lei de Acesso à Informação

Reprodução/Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Ofício foi assinado pelo general Joaquim Silva e Luna, atual presidente da Petrobras, à época chefe de gabinete do comandante da Força   |   Bnews - Divulgação Reprodução/Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Publicado em 31/10/2021, às 14h43   Redação BNews


FacebookTwitterWhatsApp

Um ofício de outubro de 2008, obtido via Lei de Acesso à Informação (LAI), revela que o Comando do Exército era contrário à lei que viabilizou a divulgação do documento 13 anos depois de sua produção. 

As informações são do jornal O Globo. O ofício 543 de 9 de outubro de 2008 foi assinado pelo general Joaquim Silva e Luna, atual presidente da Petrobras durante o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), à época chefe de gabinete do comandante da Força. 

No documento de cinco páginas, encaminhado ao Ministério da Defesa, Silva e Luna informa que o Comando do Exército assumia uma posição “contrária à transformação do anteprojeto em projeto de lei”.

Após analisar o texto em discussão e apontar o que considerava problemático, a Força julgou que a proposta colocava em risco os segredos de Estado. A construção do projeto do governo referente a LAI começou em 2006 e enfrentou inúmeras resistências até ele ser concluído e enviado ao Congresso, em 2009.

Procurado pela reportagem para comentar sobre o ofício, Luna e Silva não quis se manifestar. Também consultado na época sobre o mesmo assunto, o Comando da Aeronáutica preferiu apenas fazer sugestões de aperfeiçoamento ao projeto, reforçando a necessidade de garantir o sigilo de investigações de acidentes aéreos. 

A Marinha, por fim, apontou falhas no texto, destacando que estava sendo proposta uma redução nos níveis de classificação de documentos sigilosos, o que poderia expor informações sensíveis à soberania nacional.

Ainda de acordo com o jornal, outros documentos mostram que os militares demoraram a ser chamados para a discussão do anteprojeto de lei. Entre 2006 e 2007, a Casa Civil, então comandada por Dilma Roussef (PT), fazia reuniões técnicas para discutir o texto, e as Forças Armadas não estavam entre os participantes. 

O grupo era formado por representantes da Controladoria-Geral da União (CGU), Ministério da Justiça, Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e Advocacia-Geral da União (AGU). O convite para os militares participarem do debate foi feito no dia 11 de dezembro de 2007. 

Três dias depois, o Ministério da Defesa pediu o adiamento da discussão, alegando que o tema era complexo, e o tempo, reduzido. O que era para ter sido concluído naquele ano ainda se estenderia em discussões até maio de 2009, quando o texto foi para o Congresso.

Leia Também

TRT inicia terceira fase de retomada das atividades presenciais na próxima quarta

CNJ emite recomendação por retomada de prisões para devedores de pensão alimentícia

Moraes dá 48 horas para CPI explicar pedido de banimento de Bolsonaro das redes

Desembargadores se inscrevem para disputar eleições do TJ-BA; confira nomes

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp