Cultura

Cineasta critica fechamento do Cine Glauber Rocha: 'decisão abominável do Itaú'

Pedro Moraes/ GOVBA
Anúncio foi feito pelo banco nesta quinta-feira (16)  |   Bnews - Divulgação Pedro Moraes/ GOVBA

Publicado em 16/09/2021, às 15h45   Léo Sousa


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O cineasta Pola Ribeiro, diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), criticou em entrevista ao BNews a decisão divulgada nesta quinta-feira (16) pelo Itaú de fechar o Cine Glauber Rocha, no Centro Histórico de Salvador.

Para Ribeiro, a medida anunciada pelo banco é "abominável". No anúncio, o Itaú Cultural afirma que "está reorganizando sua estratégia de difusão de audiovisual no país" e que a nova diretriz "prevê a intensificação de atuação em plataforma digital, para ampliar o alcance e acesso, e a revisão da rede física de salas de exibição".

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"Essa ideia de que simplesmente as plataformas de streaming vão resolver as questões de consumo de audiovisual, de cinema, isso é uma balela, na verdade. Porque a gente não pode simplesmente abrir mão das salas de cinema, como não pode abrir mão dos espaços culturais. [Segundo] uma pesquisa que o Datafolha fez recentemente sobre o consumo de cultura, as pessoas estão preferindo ir a museus e a exposições, porque é um espaço onde encontram com pessoas. A sociedade está ferida e está num momento recuperando uma sanidade, de segurança de poder ir pra rua e querendo encontrar as pessoas. Então o cinema é um consumo de cinema que não é só o filme. É o encontro das pessoas. E as pessoas estarem convivendo no Centro da cidade", afirma o cineasta.

"Então é muito triste que o Itaú tenha esse pensamento tão tecnológico assim, que simplesmente resolve as questões de ação cultural como uma nova tecnologia que chega e que joga purpurina nos olhos. Acho a atitude do Itaú péssima", acrescenta.

Pola defende ainda que a sociedade se mobilize e o poder público tome medidas para que a capital baiana não perca o espaço.

"A gente está falando do Centro Histórico de Salvador, onde várias ações estão sendo feitas. Investimentos como o Hotel Fasano, como o Hotel Fera, recuperação da Rua Chile, recuperação de espaços e casarões que estão se transformando em museus por parte da prefeitura, os museus do governo do estado abrindo. Então eu acho que não é hora de se perder nada no Centro Histórico de Salvador. É hora da sociedade se mobilizar, é hora da prefeitura pensar, do governo do estado pensar formas de ocupação desse espaço", sugere.

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"Que se faça um levantamento dos custos. Que chame o empresariado. Que chame [o diretor do Glauber Rocha] Cláudio Marques pra sentar pra conversar, pra ver o que é que precisa de fato. Demanda não falta. Só tem bar aberto. Os bares estão cheios. Tem que ter uma condução cultural, um indicativo. E aí senta governo, senta prefeitura, senta os empresários e senta as pessoas interessadas no Centro Histórico de Salvador, o coração dessa cidade. Salvador não pode mais ficar sendo ferida com a perda dos seus espaços de convivência, dos seus espaços culturais", complementou.

O anúncio do fechamento do cinema localizado na Praça Castro Alves também foi lamentado pelo secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Fábio Mota.

"Recebi com muita tristeza esse anúncio, principalmente nesse momento de retomada das atividades. Acho que foi precipitação do Itaú, que é uma instituição que lucra tanto e ganha muito dinheiro, e fechar assim de repente", criticou o titular da Secult, em entrevista ao BNews.

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