Feriado / Dia Nacional da Consciência Negra

Saiba porque o Dia das Consciência Negra não é feriado na Bahia

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Historiador revela duas justificativas para a data não ser feriado na Bahia  |   Bnews - Divulgação Divulgação / Freepik

Publicado em 20/11/2023, às 05h30   Cadastrado por Verônica Macêdo


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Anualmente, sempre em 20 de novembro, comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra e também o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares. Em seis estados do Brasil a primeira data é feriado: são eles Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo. Mas por que na Bahia, o estado mais negro do Brasil, a data não é feriado?

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De acordo com Ricardo Carvalho, historiador baiano e mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia – UFBA, existem duas justificativas para esse questionamento.

“Uma é protocolar. A cidade do Salvador tem um limite de feriados municipais e, talvez por isso, quando 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, foi estabelecida como uma data nacional, Salvador não tinha mais como determinar mais um feriado. Essa é a explicação protocolar, mas a gente tem uma explicação que é sociológica, histórica. Nunca a cidade de Salvador deu a importância merecida a essa data; então, talvez seja isso”, explica o historiador.

Ele segue dizendo que talvez não se tenha levado em conta a importância dessa data até hoje. “Poderíamos ter outra data, pelo menos, que representasse o Dia da Consciência Negra. Eu acho que, nesse aspecto, ficamos com essa dívida histórica com a Consciência Negra e a importância da cidade do Salvador dentro desse contexto, a maior Cidade Negra fora de África, no mundo”, ressalta Ricardo Carvalho.

Em entrevista exclusiva ao BNews, o mestre em História esclarece que costuma dizer que tudo que uma sociedade legaliza, ela, consequentemente, moraliza. “Então, estabelecer uma data é em que se saúde a Consciência Negra, a ancestralidade negra, a importância do povo e da cultura negra no nosso país é, obviamente, fundamental. A importância do dia é essencial e o mês todo de novembro deve ser um mês de reflexão, do repensar a importância dessa data e o significado do povo negro no Brasil”, salienta.

Ele ainda lembra o fato de que, mesmo de forma involuntária inserido na história do nosso país, esse povo foi o que mais contribuiu, voluntariamente ou por meio de trabalho compulsório, com a nossa riqueza cultural, com o crescimento econômico do país em todos os aspectos.

Quando questionado sobre a possibilidade desta data se tornar feriado na Bahia futuramente, Carvalho respondeu que mais importante do que se transformar o dia20 de novembro em um feriado oficial, seja em Salvador, na Bahia ou nacional é se repensar a história do nosso país no intuito de se conquistar a verdadeira e completa dignidade para o povo preto no Brasil.

“É preciso olhar com atenção para o fato de que ainda precisamos respeitar e valorizar a raça negra e a sua luta ancestral, que é monumental, contra séculos de opressão, de colonialismo, escravidão, imperialismo europeu no continente africano, contra a discriminação que ainda perpassa a sociedade brasileira de uma forma tão contundente”, destaca.

“Eu acho que esse é um momento, realmente, pra todo mundo parar e, principalmente, dar voz àqueles que merecem. Têm vozes que precisam bradar contra todo o sofrimento que ainda impera na sociedade brasileira por uma herança histórica, maldita para se deixar claro que o racismo tem cor”, finaliza o historiador baiano, Ricardo Carvalho.

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