Economia & Mercado

Especialista aponta desafios e preocupações para o setor de consumo e varejo em 2024

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Especialista analisa as perspectivas para a indústria em 2024  |   Bnews - Divulgação Divulgação | Freepik
Verônica Macedo

por Verônica Macedo

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Publicado em 30/12/2023, às 13h53 - Atualizado às 13h57


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O sócio da KPMG, líder de consumo e varejo no Brasil e na América do Sul, Fernando Gambôa, faz uma análise sobre as perspectivas para a indústria para o próximo ano. Segundo ele, há alguns pontos fatores que vão afetar o ritmo do setor e que precisam ser levados em consideração.

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“O primeiro deles diz respeito à reforma tributária que foi aprovada recentemente, para evitar aumento da tributação. Depois, a indústria deve ficar atenta à desoneração da folha de pagamento, que se não for confirmada tem potencial de elevar custos em alguns segmentos, além da taxa de desemprego que está em baixa. Além disso, a queda de juros diretamente relacionada à oferta de crédito é fundamental para muitos segmentos dentro do setor. Por fim, as discussões sobre o fim do parcelamento no cartão de crédito trazem muitas incertezas, visto que poderá ter um impacto gigantesco nos consumidores das classes B, C e D”, alerta.

Para ele, ainda há ainda alguns aspectos que o setor precisa ter atenção. “A alta concentração de volume de negócios digitais nos principais marketplaces, com 80% do volume digital transacionado e o avanço da operação cross border (com outro país) oriunda da China são duas dessas preocupações que devem estar na pauta das grandes empresas, principalmente no segmento de moda e eletro”, avisa Gambôa.

Com relação à economia, para o sócio “é necessário que o país mantenha uma situação econômica estável (queda de juros, maior acesso ao crédito, estabilidade do dólar e redução da inflação), para permitir a retomada de consumo e de investimentos no setor, principalmente, para expansão de lojas e adoção de tecnologia.

“Seguir atento sobre como será a evolução do cross border e a tributação sobre isso, pois impacta diretamente segmentos como moda e eletro. Além disto, para o segmento de alimentos e bebidas, a eventual implantação do “Imposto do Pecado” poderá sobretaxar algumas categorias que podem ter o consumo altamente impactado além de potencializar o mercado ilegal, tais como para bebidas alcoólicas”, exemplifica.

Sobre o comércio digital:

O comércio digital vai seguir avançando na estratégia dos varejistas, bem como a estratégia omnichannel que integra lojas físicas e virtuais em uma única jornada. O foco no cliente segue em alta, que precisa ser identificado e reconhecido em qualquer canal, para que possa viver uma jornada sem atrito ou fricções.

A maior quebra de expectativas quando falamos em comércio digital segue sendo na logística last mile, (etapa de entrega para o consumidor final), que ainda tem muito espaço para evoluir. Vimos um salto tremendo neste tipo de logística quando comparamos o pré-pandemia e os dias atuais, mas ainda tem muito espaço para avançar. Isso passa também por inclusão digital, trazendo conectividade e permitindo que novos consumidores possam comprar em ambiente digital, bem como receber seus pedidos mesmo vivendo em comunidades onde não existe CEP.

O desafio é grande, mas temos um conjunto de tecnologias, como tecnologia 5G, geolocalização, inteligência artificial generativa. Temos que ter especial atenção para o avanço e emprego deste último recurso em plataformas omni, além de preocupações com questões éticas e de regulamentação para seu uso, que já estão sendo amparadas em leis que permitirão mitigar riscos para emprego em processos de inovação (exemplo, projeto de lei n° 2.338/2023).

Sobre o social commerce:

Apesar do público brasileiro ser usuário frequente de rede social, são mais de 100 milhões de usuários no Tik-tok e Instagram com 110 milhões, ainda é tímido o uso do social commerce quando comparado com o que vemos na China, Coreia ou Estados Unidos. Por exemplo, o social commerce na China representa US$ 200 bilhões.

A utilização dessa modalidade vai crescer devido ao comportamento digital e com a inclusão do “botão de compras”, pois isso vai facilitar a operação. Acreditamos que o futuro do setor será comércio direcionado por conteúdo. O social commerce deverá também criar oportunidades para pesquisa e desenvolvimento de novas soluções e produtos através da interação e reação rápida de consumidores para o processo de inovação. Outra tendência já observada em alguns mercados é o lançamento de novas marcas (tais como bebidas) por celebridades utilizando-se branding e comunicação direcionada a público que possui abertura para novas marcas – tais como Geração Z.

Sobre o omnichannel:

Lojas físicas ainda são o principal motor do varejo no Brasil, que tem aproximadamente 15% de penetração em termos de comércio digital. As lojas físicas seguem se ressignificando e avançam como minicentros de distribuição e como pontos de BOPIS (da sigla em inglês para Compre Online e Retire na Loja Física), além de servirem como pontos de experiência para os consumidores.

A forma de atuação e comunicação já é multicanal, mas ainda temos muito a avançar no conceito fluido de omnichannel, em que o cliente é reconhecido e identificado independente do canal, bem como pode comprar e retirar em qualquer canal, além de poder usufruir de benefícios independente do canal onde foram originados. As decisões precisam estar mais baseadas em dados. Outro ponto chave é a integração e acuracidade de estoque.

Os varejistas vão trabalhar cada vez mais na integração dos estoques entre os canais, permitindo uma melhor experiência no recebimento das mercadorias. O consumidor é quem decide o que, como, quando e onde comprar, assim como, ele decide o que, como, quando e onde receber, devolver, trocar” – quem estiver mais bem preparado para isso, terá melhores resultados.

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