Economia & Mercado

Jornalista baiana reúne mais de 50 mil pessoas em rede de relacionamento afro afetivo do Brasil

Foto Átila Colin/Arquivo pessoal
Criado em 2017, o Afrodengo conecta pessoas negras interessadas em encontrar um par.  |   Bnews - Divulgação Foto Átila Colin/Arquivo pessoal

Publicado em 10/03/2022, às 06h30   Juliana Barbosa


FacebookTwitterWhatsApp

Conhecida como Mainha do Afrodengo, Lorena Ifé, 33 anos, é jornalista, criadora de conteúdo, empreendedora e mãe solo do pequeno Ifé. Pesquisa, de forma autônoma, sobre amor. Nascida em Salvador, suas raízes vêm da cidade natal dos seus pais, Cachoeira, no Recôncavo Baiano, onde morou dos 4 aos 27 anos. Em 2016 mudou-se para capital.

Em 2017, fundou o Afrodengo, maior rede de relacionamento afro afetivo do Brasil, que reúne mais de 54 mil pessoas. A jornalista também é CEO da Ifé Comunicação, um empreendimento voltado para a comunicação na era digital e busca investimento para criar um aplicativo de paquera. 

“Para mim, uma das maiores conquistas da minha trajetória como jornalista, autônoma, foi criar e formalizar a Ifé comunicação, eu lembro como se fosse hoje, eu chorei muito,  foi um grande passo. Eu decidi empreender por conta da maternidade, porque eu não morava em Salvador  e minha família toda é de Cachoeira, eu queria ter meu filho mais próximo de mim, eu não queria está em trabalhos formais, CLT, queria participar mais da criação do meu filho, e o empreendedorismo proporcionou isso. E foram surgindo as coisas, eu sempre fui muito ativista das causas negras e, pra mim, é muito importante transformar minha dor em produto, a partir de uma dor que é minha e da minha comunidade".

Lorena e Miguel Ifé/ Arquivo Pessoal
Lorena e Miguel Ifé/ Arquivo Pessoal

Lorena começou no mercado informal, por volta de 2014, vendendo turbantes e dando oficinas - como um complemento de renda e ativismo negro em um empreendimento chamado Encrespando, quando morava em Cachoeira. A jornalista explica que as ações no afrodengo proporcionaram conexão de pessoas a partir da pauta do amor. A plataforma já uniu inúmeros casais.

Afrodengo

Foto Átila Colin/Arquivo Pessoal
Foto: Átila Colin/Arquivo Pessoal

Afrodengo é um grupo de amor preto, que surgiu em uma rede social. No Facebook, hoje tem mais de 54 mil pessoas, que tem como foco principal é a paquera, encontrar um "dengo nego", mas também é um espaço de amizade e network. Destinado a pessoas negras, é um lugar de webdengo, de resgate de identidade, fortalecimento dos laços afroafetivos. Quando criou o grupo, Lorena nem imaginava que em menos de uma semana chegariam mais de 500 solicitações para aprovar. O grupo viralizou e 10 mil pessoas já estavam cadastradas na primeira semana do afrodengo.

“Estava insatisfeita com aplicativos de relacionamento, eu sempre fui interessada na pauta do amor preto, conversando com amigas, compartilhando na internet, decidi criar o afrodengo, que é a maior rede virtual de relacionamento entre pessoas negras, por entender que as questões raciais e o processo de formação do Brasil deixaram lacunas na forma de se relacionar para as pessoas negras. Historicamente o amor não cabia para as pessoas negras, que tiveram suas famílias destruídas, não puderam se relacionar, foram violentadas pelos senhores de engenho, um processo muito doloroso”, explica Lorena.

“E por conta do processo de colonialismo, e lendo sobre pessoas que escrevendo sobre essa temática, como Bell Hooks, decidi criar o afrodengo."

 Proibido para menores de 16 anos, entre as regras de convivência está a proibição de “publicação de textos, mensagens e imagens que reproduzam o racismo, machismo, homo-lesbo-bi-transfobia, xenofobia, intolerância religiosa e qualquer outro tipo de opressão”.

Além de estar no Facebook, o grupo de relacionamento tem um perfil no Instagram e um canal no YouTube. Lorena diz que seu sonho é receber investimento para explorar o potencial da rede de paquera em um aplicativo.

Leia Também: "Status da vacina" é novo divisor de águas em aplicativos de paquera

Em tempos de máscara, álcool em gel e distanciamento social, a dinâmica da paquera e do flerte virtual está diferente. Novos critérios de relacionamento surgem para garantir que a pessoa do outro lado da tela também toma os devidos cuidados em relação à pandemia de Covid-19.

A vacinação se tornou não só um importante tópico de conversa, mas também um divisor de águas nas relações interpessoais online. "Percebi é que a carteirinha de vacinação é o novo nude", divertiu-se a apresentadora Titi Müller em entrevista ao UOL na última semana.

Siga o BNews no Google Notícias e receba os principais destaques do dia em primeira mão!

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp