Economia & Mercado

Maternidade no mundo corporativo: Mulheres contam suas trajetórias e empresas avançam com programas de apoio às mães

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Cerca de 50% das mulheres que tiram licença-maternidade não estão mais presentes no mercado de trabalho  |   Bnews - Divulgação Divulgação / Freepik
Verônica Macedo

por Verônica Macedo

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Publicado em 12/05/2024, às 05h30



Trabalhar em uma grande empresa, tendo o desafio de cuidar dos filhos em casa, não é uma tarefa nada fácil para as mulheres. De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, após 24 meses, quase metade das mulheres que tiram licença - maternidade não está mais presente no mercado de trabalho, padrão que se repete até mesmo 47 meses depois.

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No levantamento, foi constatado que, dentre 247 mil mães, 50% foram demitidas após, aproximadamente, dois anos da licença - maternidade. Vale destacar que, de acordo com a Lei 14.020, as mulheres devem ter estabilidade de emprego desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o parto.

Outro estudo publicado pelo College Voor de Ritchen van de Mens, que analisou o mercado de trabalho holandês, pôde constatar que 1 em cada 5 mulheres foi rejeitada em candidaturas devido à gravidez, enquanto 34% que estavam prestes a assinar um contrato afirmaram que as condições mudaram quando a empresa soube da maternidade. 

Mas, com o Dia das Mães se aproximando, existem empresas dos segmentos de finanças e tecnologia que valorizam o momento da maternidade, promovendo um olhar e cuidado especial através de benefícios, orientações e acolhimento para as colaboradoras mães. Um exemplo é a Getnet Brasil, companhia de tecnologia para soluções de pagamento do grupo global PagoNxt, do Santander. 

A empresa, conta com o Programa Acolher, que oferece atenção às futuras mães com um conteúdo semanal enviado para elas com informações essenciais sobre a gestação e a importância do pré-natal.

O programa também promove um apoio semanal, através de uma enfermeira, do nascimento até o pós-parto e o incentivo à continuidade do aleitamento materno até o 9º mês de vida do bebê.

Além disso, a Getnet também disponibiliza salas para amamentação com freezers para armazenar frascos de leite. E, após o nascimento do bebê, a empresa presenteia os pais com um livro para completarem com fotos e informações sobre os primeiros momentos da criança. As mulheres que adotam recebem os mesmos benefícios. O Acolher existe desde 2021 e já contribuiu com mais de 133 famílias.

Thais Correia, 32 anos, mãe de Clara de 2 anos, e Consultora de Recursos Humanos na Getnet Brasil, conta que já no processo seletivo para entrar na empresa comentou do seu desejo de ser mãe e que isso não impediu sua contratação.

“Posso afirmar que minha gestação foi bem tranquila trabalhando na empresa. Trabalhei muito nesta época, estava sendo desafiada constantemente e foi um período em que pude me desenvolver bastante como profissional. Durante toda a gestação, me senti respeitada, reconhecida e valorizada pelos meus colegas, líderes e clientes internos”, pontua.

Thais comenta ainda que, ao entrar de licença-maternidade para ganhar sua filha, fez um almoço de despedida com outras pessoas da empresa. “Ganhei flores do meu time, me senti acolhida e pude perceber muita tranquilidade por parte da minha gestora, que me deixou confortável e confiante ao dizer que ela estaria esperando o meu retorno e desejando que eu aproveitasse ao máximo esse momento. Mas a maior felicidade ainda estava por vir. Logo que voltei de licença, recebi a excelente notícia de que tinha sido promovida e receberia novos desafios", vibra.

Gabriela Espindola, 41 anos, mãe de Olivia de 2 anos, coordenadora de Recursos Humanos na Getnet Brasil, comenta que guarda na memória o momento de sua promoção, que aconteceu durante o último mês de gestação.

“Na contramão de um tabu existente no mundo corporativo, fui reconhecida pela empresa enquanto estava vivendo o maior sonho da minha vida, a gestação. Em meio à pandemia, recebi uma surpresa na minha casa em Gravataí no RS. As lideranças vieram de São Paulo e junto a minha família, fui promovida. Estar grávida não foi um obstáculo para que reconhecessem o meu talento, a empresa deixou claro que era minha competência que estava em jogo”.

Gabriela complementa: “A minha emoção foi ainda mais forte, pois na época vivia uma situação familiar bastante delicada. Um mês depois que descobri a minha gravidez, a minha mãe foi diagnosticada com câncer e ela ter participado deste momento foi muito especial e importante para mim. Hoje ela não está mais fisicamente entre nós, mas sei que partiu orgulhosa da filha caçula, pois além da promoção como Especialista, também estava presente quando me tornei Coordenadora de RH na Get. Minha história na Getnet é de muito crescimento e desenvolvimento e quero seguir usando-a como inspiração para muitas pessoas”.

Na Bayer, o programa de poio às mães faz com que as funcionárias possam usar até 16 horas, pagas pela empresa, para trabalhar como voluntários em instituições de suas escolhas. A companhia também possui uma creche projetada para acolher 152 bebês, das 7h às 18h, situada a poucos passos dos escritórios e fábricas da empresa. A corporação também disponibiliza, durante a licença maternidade, opções de cobertura médica com especialistas atuando dentro da própria empresa. 

Já na Deloitte, os funcionários (pais e mães) têm total apoio para conciliar trabalho e vida pessoal. Além da licença remunerada para cuidar dos filhos recém-nascidos, existe um programa com gestores para planejamento das licenças, de férias e dias de descanso. E, nas sextas, os trabalhos são realizados de maneira remota.

E em algumas unidades da empresa Cisco têm creches para filhos de empregados entre 6 a 12 anos de idade, que ainda têm direito a um acampamento de verão de 11 semanas pago pela empresa.

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