Economia & Mercado

PIB da bioeconomia cresce em 2023, ante a retração de 2022, revela levantamento; confira

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PIB-Bio é composto pelas atividades de origem vegetal, animal e florestal do setor; confira  |   Bnews - Divulgação Divulgação / Governo do Tocantins
Verônica Macedo

por Verônica Macedo

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Publicado em 13/08/2024, às 08h00 - Atualizado às 08h27



O PIB da Bioeconomia registrou o valor total de R$ 2,7 trilhões em 2023, atingindo 25,3% do PIB brasileiro.É o que revela o Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV). A bioindústria ainda é a atividade com maior representação econômica, cerca de 46% ou R$ 1,8 trilhão.

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Já a bioeconomia primária representa 41% e chegou a R$ 1,1 trilhão. As duas atividades, bioindústria e bioeconomia primária, representam 87% do PIB-Bio, enquanto bioenergia e indústria com viés biológico representam, respectivamente, 5% (R$ 131 bilhões) e 8% (R$ 213 bilhões) do agregado “macrobioeconômico”.

Em termos reais, segundo o levantamento, o PIB-Bio cresceu cerca de 1,03% em relação a 2023. Esse resultado representa uma recuperação parcial da queda em 2022 (–2,3%) e faz com que o indicador se aproxime novamente da trajetória de crescimento que se estendia desde 2017. Esse resultado deve-se ao crescimento da bioeconomia primária (5,9%), enquanto as demais atividades recuaram.

A bioindústria recuou cerca de 1,3% como indústria com viés biológico 0,1% e 15,1% enquanto bioenergia. Embora a bioeletricidade tenha crescido em termos reais (0,3%), a cadeia de valor de biocombustíveis recuou cerca de 17%, o que impacta o resultado da bioenergia de modo geral. 

A série base fixa apresenta as trajetórias de crescimento de cada atividade que compõe o PIB-Bio e seu valor agregado. No período analisado, 2010-2023, o PIB-Bio acumula um crescimento real de 13,8% o que representa uma taxa anual média de crescimento de 0,81%.

No mesmo período, de acordo com a pesquisa, as atividades da bioeconomia primária apresentam um crescimento real acumulado de 47% , o que implica um aumento da participação dentro do PIB-Bio – cerca de 41% em 2023 contra 32% em 2010.

Já as demais atividades perdem participação do PIB-Bio devido ao baixo crescimento observado no período analisado. O período compreende inúmeras crises internas, pandemia de Covid-19 e instabilidade nos mercados internacionais devido às guerras.

“De modo geral, o PIB-Bio está crescendo ao longo do tempo, ou seja, a participação das atividades da bioeconomia está ganhando espaço dentro da economia brasileira. Essa maior participação se dá na cadeia da bioeconomia primária, que é composta por atividades agropecuárias, extrativismo vegetal, pesca e aquicultura. Já as cadeias da bioindústria e indústria com viés biológico apresentam de modo agregado uma maior inércia devido à dependência do mercado interno para o crescimento”, afirma Cícero Lima, pesquisador do Observatório de Bioeconomia da FGV.

O que é o PIB da Bioeconomia?

O PIB da Bioeconomia considera o valor de mercado de todos os bens e serviços que integram a cadeia de valor da Bioeconomia. A construção do PIB-Bio leva em consideração parcelas importantes dos segmentos de insumos, bioindústria e serviços e do próprio valor adicionado das atividades que têm origem na Bioeconomia.

Como resultado, tem-se um conjunto de Contas-Satélite de segmentos e grupo de atividades que descrevem o comportamento econômico da Bioeconomia em um determinado ano. Considera-se como atividades da Bioeconomia a agricultura, pecuária, extrativismo vegetal, pesca e aquicultura, alimentos e bebidas, celulose e papel, têxteis, biocombustíveis, produtos do fumo, bem como partes das indústrias de vestuário, calçados, madeira, farmoquímicos, borracha e plástico, móveis e energia elétrica.

Conceitualmente, a definição de Bioeconomia adotada para a determinação do PIB-Bio tem como base as visões de biotecnologia e biorrecursos da Bioeconomia, desconsiderando, nesse momento, aspectos de sustentabilidade da produção ou valores intrínsecos da biodiversidade. 

Avanços para a Valoração da Bioeconomia

Assim como a tradicional métrica de crescimento econômico – Produto Interno Bruto (PIB) – o PIB-Bio baseia-se nas métricas derivadas do sistema de contas nacionais (SNA em inglês). No Brasil, as contas nacionais (anuais e trimestrais) são divulgadas periodicamente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Uma das principais métricas do SNA é o valor adicionado. A combinação dos valores adicionados de diversas atividades (com ajuste de formação de capital e impostos) é equivalente ao PIB. 

O PIB resume os esforços econômicos de todos os residentes em um país, é de fácil interpretação e comparabilidade; por esse motivo, é a métrica de desempenho econômico mais usada mundialmente. Intuitivamente, um PIB maior que o do ano anterior gera renda adicional a ser distribuída às populações em crescimento e tem uma conotação positiva, enquanto o contrário tem conotação negativa. 

Ao ser derivado do mesmo sistema de contas, o PIB-Bio se limita à métrica do PIB e considera o rendimento das atividades como fluxos que contribuem para o seu crescimento; entretanto não explicita se esses rendimentos têm origem, por exemplo, em renda do investimento de capital ou pela liquidação dos estoques de capital, seja ele físico ou natural. 

Para valorar a Bioeconomia, há critérios específicos de sustentabilidade que precisam ser incorporados para, por exemplo, qualificar ou desqualificar uma atividade como sendo ou não parte da Bioeconomia.

Os critérios e métricas de sustentabilidade são de difícil mensuração e demandam sistematização de dados de diferentes atividades. Existem diversos esforços nesse sentido. Assim que tais indicadores e métricas de sustentabilidade estiverem disponíveis, eles farão parte da valoração da Bioeconomia. 

Por fim, o estoque de capital natural e biodiversidade, extremamente relevantes para a realidade brasileira, também deverá ser incorporado na valoração. As contas econômicas ambientais, conhecidas como contas-satélite do sistema de contas nacionais, estabelecem diretrizes para a mensuração e sistematização de contas de fluxo e estoque de ativos ambientais e serviços ecossistêmicos.

Para o caso brasileiro, as contas econômicas ambientais já contemplam energia e uso de água, entretanto ainda há a necessidade de avanços sobre mensuração de serviços ecossistêmicos e demais recursos naturais.

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