Conheça desafios e opções de ovos de Páscoa para quem tem restrições alimentares

A Páscoa se tornou, ao longo do tempo, uma tradição difícil de dissociar do chocolate. O feriado religioso ganhou contornos afetivos e comerciais marcados por ovos recheados, barras especiais e lembranças que atravessam gerações. 

Mas para quem tem restrição alimentar — como intolerância à lactose, alergia ao glúten, diabetes ou segue uma alimentação vegana — essa tradição pode virar um desafio. Apesar dos pesares, encontrar produtos que respeitem essas limitações ainda não é tarefa simples, especialmente quando a maioria das opções nas prateleiras segue o modelo tradicional, cheio de leite, açúcar e demais ingredientes restritivos.

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O motorista Alessandro Costa Sousa é pai de Ronald Neto, de 11 anos, e descobriu que o filho tem, há dois anos, intolerância à lactose, após uma série de exames. “A gente percebeu que, realmente, ele só aparecia com os sintomas quando tomava o leite”, explicou, ressaltando que é mais difícil deixar crianças sem o item, visto que a cobrança é maior.

Desde então, toda Páscoa ele enfrenta um novo desafio. "Uma de minhas principais dificuldades é encontrar opções de ovos de chocolates que não contenham leite", apontou, ressaltando a escassez nas gôndolas dos supermercados. 

Já a publicitária Viviane Cruz, que foi diagnosticada com diabetes, contou ao BNews que a sua maior dificuldade é ter que abrir mão do chocolate. “Apesar de ser diabética, eu nunca fui muito fã de doces a não ser do chocolate. E é muito difícil porque eu não tomo insulina como os diabéticos tipo 1, que podem tomar suas dosagens de acordo com o médico e ter liberdade de poder comer algum doce”, explicou. 

Viviane sinalizou que conseguiu, neste ano, encontrar opções que atendessem às suas necessidades, mas, em contrapartida, tem sofrido com as disparadas do valor no mercado. “Consegui achar uns chocolates diferenciados, mas, nesse período de Páscoa, os preços triplicam pelo fato de não ter em muitos lugares que vendem. Ficamos à deriva”, protestou a publicitária.

“Comemos o chocolate normal, cheios de culpa, e depois corremos para a medicação, de forma totalmente errônea”, lamentou. Segundo ela, a solução foi ter que produzir os próprios ovos de Páscoa. “Além de ser publicitária, eu também sou confeiteira, e com isso, consegui atender, não só a minha necessidade, mas de outras pessoas, fazendo ovos de colher zero açúcar”, continuou Viviane.

Opções para veganos

A cineasta Alícia Mosquera - conhecida como Lica - , por exemplo, é vegana há sete anos e, no início, encontrava dificuldades para encontrar produtos que atendessem ao seu estilo de vida, ficando, assim, triste e desanimada. 

“Como eu sou vegana, ou seja, não consumo nenhum alimento com ingredientes de origem animal, tenho um desafio anual quando se trata da Páscoa. Afinal, também gosto muito de comer doces e chocolates. Contudo, possuo mais dificuldades para encontrar esses produtos em lojas de departamento, mercados ou confeitarias de rede”, descreveu.

Com a crescente do movimento e, consequentemente, o aumento de pessoas adeptas ao veganismo, ela conta que, hoje em dia, o desafio é um pouco menor. “Afirmo com tranquilidade que os doces veganos não deixam a desejar em nada e não sinto nenhuma falta dos tradicionais”, disse ao BNews.

A jovem ressaltou também que, felizmente, já existem mais lugares - tanto em Salvador, quanto em Dias D’Ávila, onde ela celebra a Páscoa com a família -, que trabalham com a confeitaria vegana. Ela destacou que a opção é muito mais saborosa do que imaginam, mas, em contrapartida, não é tão saudável quanto pensam, visto que o objetivo é deixar o produto o mais similar possível ao chocolate tradicional.

“Na substituição do leite tradicional, geralmente se usa leite de castanha de caju, amêndoas ou outros tipos de leite vegetal, bem como os cremes de leite, que são feitos com a mesma matriz”, explicou Lica. 

Este ano, ela optou por um ovo de ovo de Páscoa à base de casca de chocolate com biscoito, caramelo e bolo, com recheio contendo, dentre os ingredientes, base em palha italiana e maizena. “A maravilha dessa culinária é incluir todo mundo que possui algum tipo de restrição, seja celíaco, intolerante à lactose, ou simplesmente vegano mesmo, e sem precisar perder o sabor nem ficar de fora no domingo de Páscoa”, disse Lica. “Fico muito feliz, pois esses produtos não proporcionam apenas sabor, mas, sobretudo, a sensação de acolhimento e pertencimento num momento tão simbólico para mim”, acrescentou ela. 

“Pessoas com restrição alimentar sofrem com a falta de variedades. E é muito triste ver que não têm opções gostosas como as alternativas padrões”, lamentou ao BNews Rachel Carneiro, proprietária da Ravegana Confeitaria, especializada na produção de doces para quem possui restrição alimentar. Segundo ela, a sua proposta é de promover a inclusão, principalmente no período da Páscoa. 

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