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13 casos: ONU recebe denúncia e coloca 'ódio bolsonarista' em sua mira

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Documento elaborado por Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados apontou 13 casos de ódio bolsonarista em 4 anos  |   Bnews - Divulgação Foto: Reprodução/YouTube/Marcha Para Jesus

Publicado em 25/07/2022, às 08h04   Redação BNews


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9 de julho de 2022. Marcelo Arruda comemorava seu aniversário de 50 na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, quando teve seu aniversário invadido pelo policial penal Jorge Guaranho, que chegou atirando contra as pessoas na festa e matou o anfitrião. A celebração tinha como tema o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O assassino é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PT).

Quatro anos antes, o mestre capoeirista Moa do Katendê foi morto a facadas em Salvador após o fim do primeiro turno das eleições, que colocaria Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro frente a frente na disputa vencida pelo atual presidente. Era 8 de outubro de 2018. O homicida da vez foi o barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de Santana, condenado a 22 anos e um mês de prisão.

Os dois casos são expoentes do que uma denúncia protocolada na ONU classifica como ódio bolsonarista, que, agora, está na mira das Nações Unidas.

A denúncia foi elaborada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e enumera 13 ataques atribuídos a bolsonaristas envolvidos em brigas políticas.

Deputado federal por São Paulo, o soteropolitano Orlando Silva (PC do B) disse em entrevista ao Uol que a tragédia que tirou a vida de Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu precisa servir de alerta para as autoridades. Ele assinou o documento de denúncia à Onu.

"As liberdades de manifestação política e de expressão estão sob risco. O nosso objetivo é que essas situações sejam objeto de atenção por parte de organismos internacionais que fazem esse tipo de monitoramento. O efeito devastador do discurso de ódio é estimular esse tipo de conduta", disse Orlando Silva.

No fim de junho, Michelle Bachelet, alta comissária da ONU, já havia manifestado preocupação com o risco de violência no processo eleitoral no Brasil.

"Em outubro vocês têm eleições. E peço a todas as partes do mundo que as eleições sejam justas, transparentes e que as pessoas possam participar livremente. Será um momento democrático muito importante, e não deve haver interferência de nenhuma parte para que o processo democrático possa ser atingido".

Além dos casos de Moa do Katendê e Marcelo Arruda, há outros homicídios no documento. Em novembro de 2019, Antônio Carlos Rodrigues Furtado morreu após ser agredido por socos e chutes mesmo após ter caído no chão em Santa Catarina. 

Segundo relatório da Polícia Militar, as agressões ocorreram após uma discussão com o autor do crime, Fábio Leandro Schlindwein, que seria simpatizante da direita, segundo o documento.

Confira os outros episódios que constam no relatório encaminhado para a ONU:

  • Em março de 2018, uma caravana com o ex-presidente Lula foi atacada a tiros quando percorria o interior do Paraná.
  • Em 6 de outubro de 2018, um homem que conduzia uma moto com adesivo em alusão ao presidente Bolsonaro agrediu pessoas, arrancou bandeiras e quebrou vidro de veículos em uma carreata em Maringá (PR).
  • No dia seguinte, bolsonaristas atropelaram o cineasta Guilherme Daldin em Curitiba (PR), que vestia uma camisa com a imagem de Lula.
  • Na noite de 9 de outubro de 2018, data do primeiro turno das eleições, um servidor público da Universidade Federal do Paraná que usava um boné do MST foi agredido por golpes de garrafa na cabeça. Segundo o relato, os agressores gritavam "aqui é Bolsonaro".
  • Em 28 de março de 2021, o ativista Rodrigo Grassi, militante do PT, foi detido por chamar Bolsonaro de genocida em um protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Após preso, disse ter sido questionado se não tinha vergonha de ser um vagabundo petista.
  • Em setembro de 2021, defensores de Bolsonaro foram acusados de tentar invadir um acampamento indígena em Brasília.
  • Em outubro de 2021, o radialista Jerry de Oliveira disse ter sido ameaçado por dois homens em Campinas (SP). Um deles estava armado, segundo ele. Na ocasião, disse ter sido ameaçado de morte caso falasse mal do presidente Jair Bolsonaro.
  • Em dezembro de 2021, uma equipe da TV Bahia foi impedida de fazer a cobertura jornalística da visita de Bolsonaro à cidade de Itamaraju (BA). Dois jornalistas foram agredidos por seguranças e apoiadores do presidente. A repórter Camila Marinho foi agarrada pelo pescoço por um segurança.
  • Em 15 de junho deste ano, um drone lançou veneno com cheiro de fezes e urina sobre o público que aguardava pelo ato de Lula em Uberlândia (MG).
  • Em 7 de julho, um juiz que havia mandado prender um ex-ministro do governo Bolsonaro foi alvo de um ataque com fezes e ovos quando dirigia um carro em Brasília.
  • No mesmo dia, uma bomba caseira com fezes foi lançada contra o público em um ato de Lula no Rio de Janeiro.

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