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Nos bastidores, aliados de Bolsonaro fazem declarações surpreendes sobre entrevista de Lula no JN

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Aliados de Bolsonaro deram declaração surpreendente nos bastidores após entrevista de Lula no JN  |   Bnews - Divulgação Foto: Reprodução/TV Globo

Publicado em 26/08/2022, às 11h55   Marianna Holanda/Folhapress


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Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) avaliam reservadamente que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se saiu bem na sabatina do Jornal Nacional, nesta quinta-feira (25), mas consideram que o petista tropeçou em suas falas sobre o MST (Movimento dos Sem Terra) e ao criticar o agronegócio.

Declarações de Lula sobre os sem-terra e sobre uma ala "fascista" do agronegócio se converteram em munição de bolsonaristas nas redes sociais.

Assessores de Bolsonaro dizem reservadamente que Lula parecia confortável, olhando para a câmera. Reclamam, no entanto, do que consideram uma mudança no tom da entrevista em comparação com a de Bolsonaro, na segunda (22).

Integrantes da campanha e do entorno do chefe do Executivo dizem que Lula encontrou um ambiente menos hostil na mesa do JN, ainda que tenha sido confrontado pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos.

"A 'entrevista' de hoje foi a facada de 2022! Anotem aí", disse o ministro das Comunicações, Fábio Faria.

"O pronunciamento em rede nacional de Lula no JN continua. Os dois espectadores no estúdio assistem com atenção e, de vez em quando, elogiam", disse Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil.

"Bolsonaro foi a outro lugar, tratamento muito pior. O programa eleitoral começou hoje. Bolsonaro foi a uma inquisição." À Folha, Ciro Nogueira ainda afirmou que "a Globo Lulou".

Ciro e Faria acompanharam Bolsonaro na entrevista de segunda nos estúdios da TV Globo. Após a sabatina do mandatário, aliados também avaliaram positivamente a participação do mandatário, principalmente o fato de ele não ter perdido o equilíbrio mesmo com perguntas duras de Bonner e Renata.

Os pontos fracos de Lula nesta quinta, segundo outros aliados ouvidos sob reserva, foram os momentos em que o petista falou sobre o agronegócio e o MST.

"Outro dia eu fui em uma reunião e perguntei para um fazendeiro: então, queria que você me dissesse qual foi a terra produtiva que o sem-terra invadiu. Qual foi a terra produtiva que o sem-terra invadiu? Porque o sem-terra invadia terras improdutivas, que fiscalizava a terra era o Incra e quem pagava era o governo. Tinha hora que eu achava o seguinte: O sem-terra acho que está fazendo favor para os fazendeiros, porque está invadindo terras para o governo pagar", declarou Lula na entrevista.

Sobre o mesmo tema, ele disse ainda que "alguns fazendeiros" estão apoiando Bolsonaro porque o presidente flexibilizou o acesso às armas.

As declarações serviram para que aliados fossem às redes sociais para reforçar a narrativa de classificar o MST "terrorista".

"Em poucos minutos, Lula defendeu o MST, que aterroriza o campo, e colocou o agro, que leva comida a milhões de famílias, como inimigo! É fácil saber porque ele não deve voltar!", escreveu nas redes sociais Nelson Santini Neto, conhecido como Tenente Santini, aliado do mandatário.

Outro ponto explorado por bolsonaristas foi uma declaração de Lula sobre o agronegócio. Lula disse que há uma parcela específica do agro "fascista e direitista", e a declaração acabou replicada por apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais como um ataque a todo o segmento.

"Veja: o agronegócio, sabe, que é fascista e direitista, porque os empresários sérios que trabalham no agronegócio, que têm comércio com o exterior, que exportam para a Europa, para a China, esses não querem desmatar, esses querem preservar os nossos rios, querem preservar as nossas águas, querem preservar as nossas faunas", afirmou o petista.

"'O agronegócio é fascista e direitista" Lula da Silva, ex-preso, no JN", reagiu o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República.

Além de bolsonaristas, lava-jatistas também criticaram a entrevista do ex-presidente no Jornal Nacional.

O ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol fizeram uma série de publicações em redes sociais ao longo da entrevista do ex-presidente.

Moro, que condenou Lula e hoje é candidato ao Senado pela União Brasil no Paraná, disse que o ex-presidente "malufou", em referência ao ex-governador Paulo Maluf; e que está defendendo o "rouba, mas faz".

"Lula não respondeu às perguntas e mentiu descaradamente. A entrevista foi muito parecida com os interrogatórios dele na Lava Jato. A população merecia a verdade", escreveu.

O ex-juiz deixou a magistratura para embarcar no governo Bolsonaro. Pouco mais de um ano depois, deixou o cargo, acusando o presidente de interferência na PF.

Hoje candidato a um vaga no Congresso, Moro poupou Bolsonaro em suas críticas e mirou no antipetismo.

Na entrevista, Lula criticou os acordos de delação premiada, disse que os investigadores jogaram o nome do Ministério Público na lama e que "durante cinco anos foi massacrado" na Lava Jato.

Citou nominalmente Moro em uma ocasião, ao lembrar de um depoimento prestado em Curitiba em que afirmou que o então juiz estava "condenado a condenar".

Deltan Dallagnol, outro expoente da Lava Jato e candidato à Câmara pelo Podemos-PR, reclamou de afirmação do ex-presidente associando a Lava Jato a prejuízos na economia.

"O combate à corrupção AJUDA a economia e os brasileiros. O combate à corrupção ATRAPALHA os corruptos que roubam o país", escreveu o ex-procurador.

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