"Nós somos educadas e treinadas a não protagonizar nada", diz Major Denice

A comandante da Ronda Maria da Penha, Major Denice Santiago, ao ser questionada pelo BNews sobre os desafios que ainda persistem para que as mulheres assumam cada vez espaços de poder. A policial militar é apontada como pré-candidata do PT a prefeitura de Salvador, apesar de não admitir isso. "Desde pequenininhas, nós somos educadas e treinadas a não protagonizar nada", analisou.

Denice destaca que a educação recebida no seio familiar também pode ser determinante para o futuro de mulheres. "Sou a terceira de uma família de cinco e dois deles são homens. Todas as vezes que meu irmão começava a brigar, minha mãe falava 'minha filha, pare'. Porque eu tinha que recuar. Eu tinha que ser a que cede, a que perdoa".

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As entraves sociais também são um obstáculo, na visão da pfem. "Quando a mulher se candidata, por exemplo, a um cargo de CEO numa empresa ou de diretora de faculdade, vão dizer 'você vai deixar o seu filho com quem? Vai ficar aqui o dia todo? E quando o seu filho cair doente? Rapaz, você vai perder seu homem!' É isso que a gente ouve".

E finaliza: "Se o poder é bom, eu também quero. Não é que nós não queiramos esse poder. É que nós somos de uma forma perversa, socioculturalmente, descredenciadas para esse poder porque 'nós isso ou aquilo'. A unidade que eu comando foi uma das melhores unidades da Polícia Militar da Bahia. E eu tenho filho, marido, sambo, danço e bebo. Faço tudo isso. E comando a unidade".

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