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Após ataque a ex-BBB nas redes sociais, especialista explica punições para racismo

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Jessilane sofreu racismo após expor sua opinião sobre a vitória de Arthur Aguiar  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Globoplay

Publicado em 04/05/2022, às 06h30   Brenda Viana


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São apelidos que, apesar de simples, são pesados e que doem na alma. Ser negro ainda é motivo de piada, preconceito e, muitas vezes, disfarçados de apelidos por fakes que se escondem atrás de fotos aleatórias nas redes sociais para praticar o racismo.

Esse último foi o caso de Jessilane, eliminada no dia 18 de abril, sendo a décima integrante do Big Brother Brasil a dizer adeus ao prêmio de R$ 1,5 milhão. O vencedor, Arthur Aguiar, conseguiu obter um exército muito grande na web, principalmente, vários perfis possivelmente falsos que estão sempre dispostos a dar sua opinião sem pensar nas consequências.

Depois que Jessilane afirmou que o ator não deveria ter ganhado o programa, alguns integrantes da chamada "padaria", fãs de Arthur Aguiar, iniciaram uma série de falas racistas contra a professora. "Eu estou recebendo ataques racistas e discurso de ódio. Eu disse para os meus fãs (...) para eles não entrarem nessa discussão, não darem palco, não responderem a esses comentários. Passa para um outro nível porque atinge não só a mim. (...) Nosso jurídico tá sendo acionado porque isso já passa a ser crime. E se é crime, temos que levar para outro lugar, sim".

Em conversa ao BNews, sem se identificar, Henrique* afirmou que sofreu o mesmo ataque que a educadora recebeu nas redes sociais. "Antigamente a galera principalmente gringa ficava colocando apelido chamando de 'ladrão de oxigênio', 'beiçola', 'kong'". iniciou.

Henrique* completou falando que um episódio recente de racismo aconteceu referente ao seu cabelo. "Acho que o mais recente foi uma menina que disse que meu cabelo era capim, só crescia pra cima. Ela falou como brincadeira, mas quem ouve essas “brincadeiras” a vida toda, sabe que não é brincadeira, pois não tem graça", falou.

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Para a advogada Mayane Paraizo, esses comportamentos estão aumentando gradativamente, "e agressores não se sentem inibidos para cometer os atos de forma on-line, com a falsa sensação de liberdade e impunidade".

Questionada sobre a penalidade para pessoas que cometem esse tipo de crime virtual, advogada disse que o código penal prevê pena de reclusão de 1 a 3 anos e multa. "Enquanto a prática do racismo que diferencia-se por ser direcionado ao um coletivo, a pena é de 2 a 5 anos e multa se cometido por meio de comunicação social ou publicação de qualquer natureza".

Em relação as denúncias, Mayane explica que a melhor - e mais rápida - forma de fazer o boletim de ocorrência é na delegacia. Entretanto, ela lembra que também há uma outra forma que pode ajudar em casos mais rápidos."Atualmente existe o portal SAFARNET, que recebe denúncias de violação dos direitos humanos, é só comunicar o motivo do racismo e injúria sofridos e registrar", disse.

Manoela*, que também já sofreu vários ataques nas redes sociais, assim como Henrique*, desabafa sobre vários apelidos e, por fim, pede mais respeito. “Respeitem nossa cor, respeitem o meu cabelo duro, afro, respeitem que somos seres humanos e, acima de tudo, parem de nos matar. Estamos cansados de tanta violência, seja psicológica ou física. Tudo tem limite e o nosso acabou. Respeitem os pretos”.

 *Nomes fictícios para preservar as fontes. 

Classificação Indicativa: Livre

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