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Crimes reais: entenda como programas sobre esse assunto podem influenciar a sociedade

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Programas sobre criminosos tem crescido nas plataformas de streaming  |   Bnews - Divulgação Reprodução/BBC
Franciely Gomes

por Franciely Gomes

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Publicado em 16/11/2022, às 06h00


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Desde que o jornalismo investigativo existe, a sociedade sempre esteve por dentro de detalhes sobre diversos crimes hediondos. Programas como o ‘Aqui Agora’, do SBT,  e o ‘Linha Direta’, da Globo, que irá voltar no comando de Pedro Bial em 2023, marcaram a TV aberta, mostrando os detalhes por trás da mente dos criminosos.

Iniciado nos Estados Unidos, o gênero true crime tem sido um dos mais assistidos em plataformas de streaming, tanto em formato de podcasts, como em filmes. De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa de rastreamento de mídia global ‘Parrot Analytics’, as séries documentais sobre o tema cresceram 63% entre janeiro de 2018 e março de 2021.

“Partindo do princípio da velocidade, cada vez maior, que consumimos séries, celebridades e objetos de formas diversas, nos fascinamos por mentes criminosas que em última instância são algo obscuro, desconhecido. Tudo o que é desconhecido fascina”, afirmou Sheila Ferreira Urpia, especialista em Psicologia Junguiana.

No Brasil, a tendência de crimes reais iniciou nos anos 70, através dos canais exibidos nas rádios do país. Um dos exemplos mais recentes é o ‘Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez’, série documental produzida pela HBO, que revela detalhes sobre o ocorrido contra a filha da autora Glória Perez, assassinada por Guilherme de Pádua e sua então mulher, Paula Nogueira Thomaz, em 1992.

Influência

Assim como o vício em outros tipos de conteúdo, a fascinação e influência causada pelo true crime pode trazer algumas consequências para os espectadores. “Não podemos generalizar, mas a ascensão das séries/programas sobre crimes e serial killers pode ativar a crença de vulnerabilidade das pessoas: ‘o mundo é perigoso’, ‘algo de ruim vai acontecer comigo a qualquer momento’, ‘não consigo me defender, serei ferido(a)’”, reforçou a psicóloga Joana Gomes.

Ela destaca que o excesso de medo pode causar transtornos de ansiedade. “Todos nós precisamos do medo, ele nos protege de ameaças, mas quando ele é ativado em situações não realistas, pode causar diversos transtornos de ansiedade principalmente. Ao assistir esse tipo de conteúdo com frequência, a pessoa pode acabar ficando hipervigilante para o perigo ao seu redor e desregular essa emoção com um crivo mais realista”, concluiu.

Outro ponto negativo da atenção e holofote que um crime de grande repercussão pode ter é a transformação desses criminosos em celebridades, atraindo fãs e possíveis admiradores que se inspiram nas histórias para cometer atrocidades no mesmo nível. Além do  impacto em familiares, envolvidos e até em comunidades e onde o caso se passou.

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