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Erotização infantil: Como identificar e controlar as crianças na era das redes sociais

Reprodução/ Netflix
O acesso às redes sociais se tornou cada vez mais fácil pelos pequenos  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Netflix

Publicado em 02/08/2022, às 06h00 - Atualizado às 06h00   Franciely Gomes


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O cantor Wesley Safadão foi surpreendido na última quarta-feira (27), após ser acusado de erotização infantil por uma deputada, ao publicar um vídeo dançando sua mais nova música com sua filha, Ysis , de 8 anos. Apesar do momento em família e do apoio dos fãs, a letra fazia referência ao ato sexual, o que despertou a ira da política.

safadão
Reprodução/ Instagram

Com o avanço da tecnologia e o crescimento das redes sociais, é muito comum vermos crianças dançando e cantando músicas de duplo sentido. De acordo com dados de uma pesquisa realizada pela TIC Kids Online Brasil 2018, oito em cada dez crianças e adolescentes do país assistem a vídeos, programas, filmes ou séries na internet. 

Ainda segundo o estudo, cerca de 24,3 milhões de crianças e adolescentes, com idade entre 9 e 17 anos, são usuários de internet no Brasil. “Este percentual é mais alto do que a média da população em geral [conectada], que está em torno de 70%. Isso mostra que crianças e adolescentes são um público bastante conectado à rede”, afirmou Fabio Senne, coordenador de projetos de pesquisas do Cetic.br.

Procurada pela reportagem do Bnews, a psicóloga infantil Naiara Ramos alerta sobre os perigos da exposição precoce dos pequenos nas redes sociais. “É preciso  se ater que a internet tem um alcance mundial e proteger uma criança  é  importante, pois não sabemos quem são as outras  pessoas  que estão acessando  a rede social e se comunicando com elas, muitas crianças  têm acesso  desenfreado  as redes sociais sem a supervisão  dos pais”, disse.

Naiara ainda explica como o processo de erotização acontece e pode levar a criança a pular etapas da infância para a fase adulta precoce. “Isso é muito nocivo, tanto psicologicamente quanto fisicamente, porque essa criança não vai se comportar como uma criança. Ela vai consumir coisas de adulto, músicas de adulto, ela vai ter conceitos de adulto e não de criança”, revelou.

“As pessoas entram na vertente de que ‘é só uma música’, mas existe a questão de tudo o que a gente internaliza a gente também reproduz com o nosso comportamento. As crianças começam a ter comportamentos que não condizem com a idade e a gente tem que lembrar que criança brinca, então os pais tem que ter uma atenção no conteúdo que é ofertado à criança e que ela tem acesso”, completou.

A denúncia, registrada pela deputada federal de João Pessoa Eliza Virgínia (PP) ao Secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, alega que o sertanejo fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Em conversa com a reportagem, o advogado Constantino Palmeira reforça que, apesar da inocência e brincadeira da criança durante o ato, o teor de certos conteúdos reproduzidos devem ser observados pelos responsáveis.

“Há uma indústria lucrativa que cria e divulga permanentemente conteúdo para internet, cada vez mais, carregados de uma estética erotizada dirigida indistintamente a todos os públicos, tanto na moda como na música, os quais são misturados nos bombásticos conteúdos audiovisuais diversos publicados por pessoas comuns, influencers ou artistas, através de músicas e dancinhas, sob um verniz de inocência e brincadeira, que devem ser mais bem observadas pelo conjunto de atores sociais e instituições responsáveis, desde as famílias e os órgão competentes”, reforçou.

“Vale ressaltar que, se por um lado artistas e produtores não devem ter sua liberdade de criação censurada por quaisquer motivos outros, no que tange à política nacional para proteção da criança e do adolescente, há que atentar-se para os limites previstos na legislação que versam sobre o dever de conhecer, respeitar e fazer cumprir as medidas relativas à prevenção, ameaça ou violação, quer por ação ou omissão, ao conjunto de tutelas contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente em vigor no Brasil”, concluiu.

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