Entrevista

Prestes a exportar café para a China, presidente da Cooperbac sinaliza novas parcerias: “perspectiva de comercializar para o Canadá”

André Frutuoso/SDR-GovBA
O BNews conversou com a presidente da Cooperbac, Joara Oliveira, que conta como a coorperativa tem ajudado no desenvolvimento da região de Barra do Choça   |   Bnews - Divulgação André Frutuoso/SDR-GovBA

Publicado em 22/08/2021, às 07h00   Samuel Barbosa


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A Cooperativa Mista dos Pequenos Cafeicultores de Barra do Choça e Região (Cooperbac), localizada em Barra do Choça, a cerca de 500 Km de Salvador, se prepara para dar novos passos em sua trajetória. Além de lançar na próxima terça-feira (24) sua linha de café gourmet, a cooperativa está prestes a enviar sua primeira remessa de café para a China, que através de um contrato firmado com a Câmara Chinesa permitira a comercialização de 20 toneladas do café Cooperbac arábica moído. 

Com torra clara, 100% arábica, cultivado em altitudes que variam de 900 a 1.100 metros, de maneira sustentável, e que possui o Selo de Identificação da Agricultura Familiar da Bahia (SIPAF), o café é conhecido na região por ser uma bebida com sabor suave, cremosa, com aroma floral e acidez média. 

Sua versão premium, inicialmente, será comercializado em grãos, em embalagens de 1 quilo, nos municípios de Vitória da Conquista, Feira de Santana, Serrinha, Juazeiro, Lauro de Freitas e em Salvador. A previsão é que, até o final de 2021, a cooperativa coloque no mercado a versão de grãos moídos, em embalagem de 250g.

No último mês de março, para qualificação do processo de produção dos cafés produzidos pela Cooperbac, foi inaugurado um Laboratório de Classificação Sensorial de Café, instalado na unidade de beneficiamento da cooperativa, no município de Barra do Choça. A expectativa é de um crescimento de mais de 60% na agregação do valor dos produtos da Cooperbac.

O BNews conversou com a presidente da Cooperbac, Joara Silva de Oliveira, que conta como a coorperativa tem ajudado no desenvolvimento da região - que gera renda de forma direta e indireta para mais de nove mil pessoas - e os próximos passos com relação a produção e comercialização de café.

BNews: Conta um pouco da trajetória da Cooperbac e quantas pessoas atualmente são beneficiadas com as atividades desenvolvidas pela cooperativa.

Joara Oliveira: A Coperbac surgiu em 2007 e hoje conta com 324 agricultores no seu quadro social. Surgiu com o intuito de vender e agregar valor ao seu principal produto que é o café, apesar de trabalhar outras culturas hortifrutigranjeiro. Em 2010 realizamos o grande sonho de desenvolver a primeira marca que é Café Coorperbac, começamos terceirizando o café, só que existe os entraves quando a gente parte para a terceirização que é o limite que a empresa tem de fabricar o produto, a gente não tinha a garantia da qualidade, higienização, uma série de coisas, e aí a gente entrou no edital do programa Vida Melhor do governo do Estado, fomos contemplados e foi instalado na Cooperbac uma unidade de torrefação, moagem e empacotamento. Junto a isso o município de Barra do Choça foi certificado através da Fundação Banco do Brasil com o DRS da Cafeicultura, e fomos também, através de edital, contemplados com um beneficiador e classificador de café no mesmo período, então veio pra agregar a nossa unidade de torrefação, nessa época a gente produzia um pouco menos que 50 mil sacas de café e tínhamos 155 agricultores no quadro social, e foi a partir daí que começamos a abranger um quadro maior no mercado convencional, então começamos a trabalhar com dois tipos de mercado, convencional e institucional, nesse tempo a Cooperbac vem trabalhando com compra em conjunto  de insumos pra diminuir custos, inclusive com compras de alguns equipamentos pequenos.

BNews: De que forma o projeto Bahia Produtiva contribuiu com a melhoria do trabalho desenvolvido pela cooperativa?

Joara Oliveira: Entramos no projeto Bahia Produtiva do governo do Estado em 2017, conseguimos qualificar desde o campo até a nossa unidade. Instalamos através do projeto estufas para os produtores, exportadores, e esse não é só um projeto pra instalação de equipamentos, é um projeto de capacitação, tem plano de negócio que precisa ser seguido e a gente conseguiu qualificar alguns produtores. Conseguimos instalar um laboratório de degustação de café, hoje é um dos melhores laboratórios que existe nosso Estado, conseguimos nesse projeto criar uma nova marca de café, o café Coopercab, mas era uma bebida dura e a gente via a dificuldade de entrar no mercado porque tinham clientes que preferiam uma marca mais barata, foi então que através do projeto criamos a marca de café popular Tia Rege que uma bebida com a curva de torra mais elevada e a gente consegue alavancar mais as vendas do nosso café e com isso aumentar a renda dos produtores. Junto a esse projeto conseguimos adquiri uma máquina de café a vácuo porque quando a gente chegava aos mercados, principalmente atacadistas, a primeira coisa que eles perguntavam era se a gente só tem a linha almofada. Vimos então a necessidade de conseguir a outra linha e com essa capacitações a gente observa que é preciso se capacitar em comercialização observando a necessidade do cliente. 

BNews:Além do Bahia Produtiva, a Cooperbac participou de algum outro projeto?

Joara Oliveira: Sim, veio outro projeto que foi essencial pra a sustentabilidade econômica da coorperativa, que foi o Aliança Produtiva. A primeira coisa que gente teve que fazer foi assinar contrato com uma empresa que se comprometesse em comprar parte da produção, assinamos com a JC café, uma das maiores exportadoras de café cru e junto a isso começamos a buscar outros parceiro. Vinculamos a Coorpebac a três associações pra gente comercializar, conseguimos aumentar a produtividade que era um pouco menos de 50 mil sacas, e com esses vínculos passamos a 280 mil sacas/ano, seguindo todos os parâmetros do plano de negócios, as metas, os objetivos, essas regiões que a gente vinculou. A Coorpercab tinha uma produção média por hectare de 30, 20 sacas de café  e nos encontramos regiões que estavam produzindo seis, e aí através de capacitação essas regiões estão começando a chegar em 20 sacas por hectare. Dentro do Aliança Produtiva instalamos estufas nas propriedades, estamos instalando um galpão com todo o layout pra manter a qualidade do café que o produtor pode armazenar o café pra vender com o preço melhor, além de conseguir registrar também a marca de café gourmet que vai ser lançado na terça-feira, é um café que atende um paladar mais exigente.

BNews: Como foi a assinatura de contrato com a Câmara Chinesa de Comércio?

Joara Oliveira: Na busca por novos parceiros a gente conseguiu se associar a Câmara Chinesa de Comércio. Estamos com o contrato em andamento, a princípio a gente assinou, e como é um projeto que está andando agora, a gente assinou um contrato de 20 mil quilos de café. Era para o primeiro container já ter saído desde o primeiro semestre mas devido a pandemia a gente encontrou alguns entraves de documentos, algumas burocracias, mas provavelmente agora nesse segundo semestre a gente embarca o primeiro container. 


BNews: Nas embalagens dos cafés da Cooperbac conta o Selo de Identificação de Produtos da Agricultura Familiar (SIPAF), que atesta a origem dos produtos. A cooperativa está em busca de novas certificações?

Joara Oliveira: Sim, a Cooperbac conseguiu agora ser auditada IBD [Certificações] e provavelmente nós fomos aprovados para receber a certificação de orgânico, ou seja, que a gente pode fabricar um café orgânico. E já estamos com um projeto com 12 produtores que há mais de 15 anos não colocam produtos químicos, nem sequer o calcário. Com isso a gente vai poder industrializar esse café, inclusive já estamos com o processo de registro desse tipo de café. Tem uma iniciativa que faz parte do Bahia Produtiva que é o comércio justo pra gente receber uma certificação vai ajudar muito na questão da exportação, porque o comercio justo, o certificado mostra que aquela entidade trabalha de forma idônea e dá isenção de alguns impostos. 

BNews: Há expectativa de comercializar o café para outros países?

Joara Oliveira: Existe perspectiva de comercializar café com o pessoal do Canadá, eles estão interessados em fazer a exportação do nosso café, esse é mais simples porque a gente entrega o café pra ele, no caso, como a gente já tem o armazém aqui, a gente entrega no armazém da Cooperbac e ele faz todo o processo, ou seja, totalmente sem ônus de documentação de exportação pra Coorperbac.

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