Entrevista

"Não sou senhora do meu destino", diz Tia Eron sobre candidatura em 2022

Imagem "Não sou senhora do meu destino", diz Tia Eron sobre candidatura em 2022
"Eu sou mulher do aqui e do agora", diz deputada federal  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 06/05/2021, às 18h54   Victor Pinto* e Henrique Brinco


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A deputada federal Tia Eron (Republicanos) afirmou ao BNews que ainda não definiu qual será o destino dela em 2022. A parlamentar, que retomou o mandato de deputada na suplência do ministro da Cidadania, o deputado licenciado João Roma (Republicanos), afirma que está vivendo o "presente".

"Existe uma pesquisa que, aproximadamente, 89% das pessoas vivem de passado. Outras, mais ou menos 10%, vivem o presente, o aqui e o agora. O resto se preocupa com o futuro e se angustia. E eu sou mulher do aqui e do agora, porque não sou senhora do meu destino", relatou a parlamentar, que recebeu a reportagem em seu gabinete, em Brasília, nesta quinta-feira (6).

Questionada sobre a possibilidade de Roma ser lançado como candidato ao Governo da Bahia em 2022, ela é enfática: "Quando você me pergunta se há uma possibilidade de ele vir ao governo, você precisa saber dele primeiramente. Existem muitas confabulações em torno do nome dele. Uma disposição também de Bolsonaro. Inclusive, eles estão indo a Salvador amanhã. Espero que estejam indo e levando muitos benefícios para nossa cidade. Sou uma mulher de posição. Quem me conhece sabe disso. Faço política de grupo e não sou autofágica".

Ainda na entrevista, Eron presta solidariedade à prefeita de Cachoeira, Eliana Gonzaga (Republicanos), que está sendo vítima de ameaças de morte por grupos oposicionistas. Ela conta que uma comitiva da Câmara vai prestar solidariedade pessoalmente à gestora.

Leia na íntegra:

BNews - Qual é a sua avaliação da ida de João Roma para o ministério da Cidadania? Ele tende a ser candidato ao Governo da Bahia em 2022?

Tia Eron -
Eu tinha falado, inclusive, essa semana dando outra entrevista, sobre a questão de João Roma lá nos idos de 2016, quando pensamos em colocá-lo como vice [na corrida pela Prefeitura de Salvador]. Já era uma visão vanguardista do PRB, hoje Repúblicanos. O temos como deputado federal e, consequentemente, como ministro. Então, é uma prova cabal de que nós estávamos certos. Quem faz os partidos são nomes de pessoas. Não são paredes, nem cadeiras e nem sedes. São nomes que você agrega ao partido. Quando você me pergunta se há uma possibilidade de ele vir ao governo, você precisa saber dele primeiramente. Existem muitas confabulações em torno do nome dele. Uma disposição também de Bolsonaro. Inclusive, eles estão indo a Salvador amanhã. Espero que estejam indo e levando muitos benefícios para nossa cidade. Sou uma mulher de posição. Quem me conhece sabe disso. Faço política de grupo e não sou autofágica.

BNews - Sobre o futuro, Tia Eron deve ser candidata em 2022? Como é que está esse alinhamento?

Tia Eron -
Deixe eu lhe dizer uma coisa que as pessoas têm muita dificuldade de lidar: existe uma pesquisa que, aproximadamente, 89% das pessoas vivem de passado. Outras, mais ou menos 10%, vivem o presente, o aqui e o agora. O resto se preocupa com o futuro e se angustia. E eu sou mulher do aqui e do agora, porque não sou senhora do meu destino.


BNews - Sobre a atuação da Bancada Feminina na Câmara Federal, a senhora tem um alinhamento muito forte e seu nome é lembrado. Como é que está o funcionamento dessa bancada? Estão chegando novos projetos importantes para o fortalecimento da participação feminina na política?

Tia Eron -
Você tocou em um ponto que muito me alegra, porque é a parte que eu realmente gosto. Quando chegamos nessa casa, tínhamos 57 mulheres e hoje são 79 comigo. É um avanço. Daqui mais um pouco vamos ultrapassar 100 ou 200. Não tenha dúvidas disso. Toda a legislação, articulação e trabalho político é voltado para isso. E todo o trabalho, por dentro, com a atual coordenadoria e a anterior com a Professora Dorinha, foi extremamente brilhante. Peguei, em parte, na época em que estávamos na Secretaria Nacional das Mulheres. E agora convivendo com Celina Leão, que trabalhamos muito para colocar como secretária adjunta. Temos um assento nessa coordenação de bancada feminina. Celina Leão é muito intensa e tem duas coisas que me deixam entusiasmada: a primeira, que é ir para a Bahia, especialmente em Cachoeira, para cuidar desse caso da prefeita Eliana Gonzaga - que está sendo ameaçada de morte. Ela já está fazendo essa mobilização. A deputada Lídice da Mata, que começou muito bem esse trabalho do comitê de defesa dos cachoeiranos. Hoje conversava também com a deputada Fabíola Mansur. Então, veja que há toda uma movimentação. Estou falando de mulheres em que nem quero lembrar o partido que ela torce. Porque, onde tem uma mulher sofrendo um crime político, essa coordenação e essa Procuradoria da Mulher na Câmara Federal atua. E atua de forma suprapartidária. Então, quero ver a Bahia receber essa comitiva, nas maiores autoridades femininas nesse sentido. Coloquei na semana passada os meus 23 projetos que versam sobre a questão da mulher. Dois já viraram leis e foram sancionados. Para você ter uma ideia, é muito difícil aprovar uma lei. Mas Deus é tão bom que nos deu equipe e nós conseguimos aprovar duas leis. Uma delas foi para as mulheres marisqueiras, um segmento esquecido de mulheres que nunca tiveram carteira assinada.

BNews - Só para arrematar, a Bancada Feminina da Câmara Federal pretende ir a Cachoeira para ver de perto a situação da prefeita Eliana, que está sendo ameaçada de morte?

Tia Eron -
Exatamente. Isso tomou um vulto muito grande. Ela é uma correligionária nossa, conheço Eliana. Ela já foi vereadora, depois saiu e concorreu às eleições ao Executivo Municipal de Cachoeira. Foi uma luta. E quando ela consegue, alguém disse à ela 'não vai permanecer'. Isso é muito comum para nós mulheres. Esse comando, essa ordem, é comum para nós. Ganhou, mas não vai levar. Essa turma brinca de deuses. A comitiva indo é como se dissesse 'você não está sozinha, você tem apoio, solidariedade'. O que disseram que vão fazer, recuem, porque não vão conseguir executar. Essa é a ida, a mobilização, que começou com a deputada Lídice da Mata. 

*O editor de política do BNews viajou para Brasília para a cobertura especial da CPI da Covid.

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