Esporte

Diretoria do Juazeiro ensina como não se deve administrar futebol

Publicado em 27/02/2012, às 14h36   Thiego Souza


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É normal todo clube de futebol atrasar seus salários, porém no Juazeiro a situação vai mais além. O time, que está rastejando no campeonato baiano, vive uma crise interna interminável. Sem dinheiro, sem estrutura, sem departamento Médico e Físico, além da falta de organização da diretoria, o tricolor das carrancas segue com passos largos rumo ao rebaixamento e rumo a falência.
Depois de escapar do rebaixamento na temporada 2011, a tendência era que a diretoria do clube mudasse sua postura e tornasse seu futebol mais profissional, porém mesmo com a mudança da diretoria, o pensamento segue o mesmo, com isso um dos clubes mais tradicionais do interior do estado, que terminou o baiano de 2001 com o segundo lugar, além de ter sido campeão da Segunda Divisão (Acesso) em 96; campeão da Taça Vale do São Francisco em 97 e campeão da Taça do Interior (Primeira Divisão do Campeonato Baiano/2001),corre sérios riscos de retornar para a segundona e dificilmente se manter vivo no cenário do futebol baiano.
Muitos jogadores resolveram abrir a boca e revelar os absurdos que acontecem no Juazeiro Social Clube. Os atletas Matheus,JorginhoPiauí e Juninho Petrolina, que foram dispensados, além de outros do grupo que viajou para Conquista, mas não quiseram se identificar, soltaram o verbo para o Galáticos Online.
O zagueiro Matheus, dispensado na semana do carnaval, revelou que ainda não viu a cor do dinheiro do clube. “Até o momento não teve nenhum pagamento. Eles estão correndo atrás de cotas e também estão vendo se conseguem empréstimos. A gente trabalhou, não só eu, mas a maioria dos jogadores dispensados e saímos porque o professor Sérgio está querendo trazer outros jogadores, então já que o clube não tem condições de segurar, anunciou essa lista de dispensa. Estamos no hotel esperando eles chegarem para poder resolver nossa situação”, disse.
Segundo o defensor, o descaso da diretoria foi tanta que os jogadores tiveram que ajudá-lo quando pegou uma virose, pois não tinha nenhum profissional médico no clube. “Os jogadores machucados passam por uma fisioterapia, mas eu fiquei doente e ninguém da diretoria estava aqui e fui ajudado pelos próprios jogadores”, comentou.
Matheus revela nunca ter passado por tamanha situação. “Já atuei por clubes pequenos, mas nunca vi isso como estou vendo aqui. 
Organização é essencial para um clube que quer ter um nível mínimo de competitividade”, afirmou.
Situação semelhante também é revelada pelo lateral Jorginho Piauí. Segundo o atleta, por conta da demora na rescisão contratual, está impedido de atuar em outros clubes. “Eu nunca vi jogador ser dispensado e não poder ir poder embora por causa da rescisão do contrato, além dos pagamentos que eles estão devendo e os dias trabalhados. A situação não é boa e não posso ir para outros clubes por causa da rescisão”, disse.
O lateral reforça o boato de que os jogadores estão ameaçando não entrar em campo na partida contra o Bahia, no próximo dia 11 de março, caso o pagamento dos salários não seja feito antes. “Para mim a decisão deles não é errada. Eles são atletas do clube, estão trabalhando e tem todo o direito. Acho que apesar dos resultados não estarem vindo, não estão errados. Não é só o resultado que importa, o pagamento dos jogadores também é importante”, frisou.
A situação do Juazeiro é tão delicada que os jogadores tiveram que dormir em um local inusitado  antes de uma partida. “Fomos para Camaçari e ficamos hospedados em um motel. Dava para ouvir os gemidos dos casais de noite. Isso atrapalhou nossa concentração”, revelou um jogador que preferiu o anonimato.
Mesmo dispensado, o meia Juninho Petrolina confirma que ainda não recebeu seus salários e critica a postura adotada pela diretoria do
Juazeiro. “É verdade! Eu particularmente trabalhei um mês e dez dias, nosso presidente Baé ainda não pegou a cota de patrocínio, mas estamos esperando. Eu fiquei triste e decepcionado como as coisas foram conduzidas. Espero que o Juazeiro saia dessa situação, pois o clube não pertence a diretoria, pertence ao povo deJuazeiro“, disse.
Juninho Petrolina ainda revela que a diretoria do Juazeiro adotou o nepotismo na comissão técnica. “Baé é uma pessoa boa, mascometeuvários erros. Um deles foi ter colocado o filho como preparador físico e o genro como auxiliar, que não estão capacitadas para o cargo que ocupam. Dizem que meu salário era alto, mas meu salário é menor do que o do filho e do genro. Se falassem que não poderiam me pagar, eu aceitava sem nenhum problema, pois eu queria era jogar. Mas faço questão de falar que nesse meio existem várias pessoas boas, como Emerson Zirilau, Zó e o gerente Wágner Rocha”, afirmou.
Desde o início do campeonato baiano, a diretoria do Juazeiro já dispensou dez jogadores, sendo que todos estão aguardando o pagamento dos dias trabalhados, entre eles o zagueiro Dias, que foi liberado, recebeu R$ 200 da diretoria para poder viajar, mas a passagem custava R$ 110, ficando apenas com R$ 90.
O descaso da diretoria com os jogadores é refletida dentro de campo. Com uma campanha pífia, o Juazeiro ainda não se encontrou, amargando desde o inicio da competição a zona do rebaixamento. Em onze jogos, são seis derrotas, quatro empates e apenas uma vitória. O time tem a pior defesa do baiano, com trinta gols sofridos e seus jogadores marcaram somente 14 gols.
A diretoria do Juazeiro tem todo direito de uma resposta, porém a reportagem foi feita devido a denúncia dos jogadores, que são profissionais e trabalham para poder sustenta

Classificação Indicativa: Livre

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