Esporte

Projeto social de Salvador leva esporte gratuito a jovens em vulnerabilidade social e acumula campeões

Projeto social da Academia Cyber - Acervo pessoal
Projeto social já revelou diversos campeões do boxe e pede apoio financeiro para se manter  |   Bnews - Divulgação Projeto social da Academia Cyber - Acervo pessoal

Publicado em 23/12/2021, às 11h00   Lara Curcino


FacebookTwitterWhatsApp

Um projeto criado há 27 anos leva esporte gratuito e oportunidade de mudança de realidade a crianças carentes no bairro de Cidade Nova, em Salvador. A Academia Cyber é comandada pelo mestre Flávio Miranda, que ensina boxe no local e tem o sonho de ajudar ainda mais nas vidas dos que participam da iniciativa. 

De segunda a sábado, quem chega à academia encontra aulas durante todo o dia. Os mensalistas desembolsam de R$ 50 a R$ 100 para treinar, mas, no projeto social Cyber Team, são aceitos sem cobranças todos que têm interesse no boxe, mas não possuem condições financeiras de praticar. A maior parte dos beneficiados é de crianças e adolescentes, mas pessoas de todas as idades são aceitas. É o que explica Henrique Montes, que conheceu a academia ao se inscrever para o boxe, mas se envolveu com a iniciativa e hoje ajuda o projeto. 

“O projeto funciona desde 1994, criado pelo mestre Flávio Miranda. Ele teve a ideia de fazer um trabalho aqui no bairro, em que o principal objetivo era ajudar pessoas carentes, especialmente crianças, mas também adultos com depressão, ansiedade e outros problemas que o esporte ajudaria a combater. É um projeto aberto a todas as idades. Para participar dele basta procurar a academia e comprovar que é uma pessoa em vulnerabilidade social. O principal intuito é educar, direcionar as crianças que frequentam a academia”, contou ele ao BNews.

Montes relata ainda que o projeto vai muito além das aulas de boxe. “A Cyber é mais do que só uma academia. Quando uma criança não consegue voltar para casa por causa de guerras de facção no bairro, Flávio dá abrigo, faz o ringue de cama, providencia lençol, almofada, café da manhã, almoço. E tudo com a contribuição de alguns que vão tocando o projeto. Cada um faz um pix, traz uma placa de ovo, outra de frango. E vai mantendo assim”, detalhou.

A ideia é transformar a iniciativa em algo ainda maior, com a ajuda de parceiros ou da entrada de mais mensalistas na academia. “Flávio não tem condições de bancar o projeto sozinho e montar uma estrutura maior, mas é o sonho dele: conseguir auxiliar na vida dessas crianças foram das aulas de boxe ainda mais. Alguns parceiros vão ajudando com material, mas a gente quer prestar mais assistências às crianças, porque a maioria é muito carente”, explicou Henrique Montes.

Ao todo, mais de mil crianças já passaram pela iniciativa. Atualmente, 50 delas fazem parte. Com tantos anos na ativa, a Cyber já revelou atletas promissores, como Alisson Nevez, de 17 anos, que foi campeão brasileiro em 2021. 

Alisson Nevez
Outro grande nome é de Hebert Soares “Pacquiao”, de 17 anos. O nome é em homenagem à lenda do boxe Manny Pacquiao, filipino que possui 11 títulos mundiais, em oito categorias de peso diferentes.

Hebert Pacquiao
O baiano, que quer seguir os passos de sucesso do ídolo, já conquistou a primeira colocação em competições importantes. Em 2019, Hebert levou o campeonato baiano, seu primeiro título. De lá para cá, já foi campeão paulista, campeão brasileiro e trouxe uma medalha inédita: prata no Pan-Americano Júnior.

Fundador do Cyber Team, Flávio Miranda relatou ao BNews que se inspirou em um projeto social de seu antigo emprego para moldar a iniciativa.

Flávio Miranda
“Trabalhei em um lugar que desenvolvia ações sociais e, quando saí e montei a academia, me dei conta que existia a necessidade de algo parecido no meu bairro. Foi aí que decidi me dedicar a isso”, contou. 

Miranda conta ainda que o projeto tem um grande significado na sua vida e que deu início a ele sem ajuda, mas a iniciativa  foi contagiando aqueles que a conheceram, como aconteceu com Diego Montes. 

“É muito importante para mim poder mudar a vida de várias pessoas, faço esse trabalho com muito amor e dedicação. No começo, era só eu fazendo o projeto funcionar, mas hoje temos algumas pessoas que se encantaram com a ideia e me ajudam a seguir adiante. Ainda assim, nos mantemos aos ‘trancos e barrancos’ e precisamos de um apoio maior para continuar.”

Siga o BNews no Google Notícias e receba as principais notícias do dia em primeira mão.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp