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Fatos & Pitacos: Traição, finjo que não vejo

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Coluna Fatos & Pitacos vai ao ar toda terça-feira no site BNews, por Bruna Varjão  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 02/05/2023, às 07h00 - Atualizado às 13h13   Por Bruna Varjão


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Traição, finjo que não vejo


Acordos silenciosos permitem circularidade entre parceiros

Quando o assunto é traição, cada um lida de uma forma. Tudo vai depender do contexto que vive essa pessoa, das suas experiências e como está organizada emocionalmente. Existem, por exemplo, os acordos silenciosos, que permitem a circularidade com outros parceiros, mas não são formalizados. Ou seja, “finjo que não vejo”. A psicóloga Sheyna Vasconcellos lembra que muitas mulheres aceitam a traição em função da construção de uma família, do status que o casamento proporciona, ou talvez estejam traindo, também. “Não tem necessariamente a ver com resiliência. Existe a mulher que não quer ser esposa. Ela quer ser apenas a rainha do lar”, explicou.

A mulher que segue plena após uma traição


Se está emocionalmente organizada, o enfrentamento é mais saudável.

Em conversa com a consteladora Indiara Oliveira, ficou claro que a mulher que se conecta com alguém para se realizar ou preencher o vazio de uma rejeição - materna, paterna, ou de outros relacionamentos - e vive uma traição, com certeza encontrará muita dificuldade. Essa mulher se relaciona pela dor. Então, quando a dor se amucula, tudo se torna muito difícil. Por outro lado, se a relação é estabelecida em uma parceria, a mulher está mais estruturada, emocionalmente mais organizada. No caso de uma traição, pode se encontrar tão segura, que lida de uma forma saudável. “É lógico que ninguém gosta de ser trocado, desvalorizado. Mas se a mulher está muito sustentada em si mesma, com a sua história, com as suas vulnerabilidades e forças, a forma de enfrentar a traição é diferente. Não a devasta, não a elimina, não a nocauteia. O pensamento é: olho bem de frente para isso, se é meu, se é do outro, que responsabilidade eu tenho, que responsabilidade o outro tem e sigo plena”.

Quando as traições se repetem na famíliaMuitas vezes, a mulher vai inconscientemente se conectar com homens que traem para perpetuar a dinâmica

Para lidar com a traição sem se desestruturar, é preciso que a mulher tenha passado por experiências que a fortaleçam, quando na realidade muitas passaram por situações que as enfraquecem, como violência doméstica entre os pais, com os parceiros anteriores, traições por parte da avó, da mãe, tias, irmãs. Então, essa dor permeia o sistema familiar dessa mulher. São repetições que carregam rejeição, desvalorização. Como essa mulher lida com tudo isso? “Muitas vezes, ela é tão inconscientemente conectada com essa dinâmica familiar de traições que a pergunta que ela se faz é: quem sou eu para não ser traída? Ou seja, ela vai se conectar inconscientemente com homens que traem para perpetuar essa dinâmica”, explica a consteladora Indiara Oliveira. Já quem passou por muitas histórias parecidas, mas buscou autoconhecimento, sabe que pode pedir licença ao sofrimento de todas essas mulheres da família e não querer mais esse padrão. “Essa mulher lida de forma mais saudável, no controle de si mesma, com as rédeas das suas emoções”.

Fui traída. Devo manter o relacionamento?Estar plena não significa perdoar e querer arriscar novamente.

A mulher deve ou não ficar com o parceiro após uma traição? Depende de vários fatores. Nada impede de estabelecer limites, fazer novos acordos. Mas, não necessariamente. A consteladora Indiara Oliveira explica que estar plena não significa perdoar e querer arriscar novamente. ‘’Eu sempre recomendo um novo acordo, mas o casal deve passar por um período de observação.” Para Indiara, faz sentido um estágio, uma fase de monitoramento para a pessoa que traiu ver se quer continuar e quem foi traído também avaliar. Por fim, a escolha não deve envolver sofrimento. “Quando decidir por uma coisa ou outra, que a pessoa fique bem com essa escolha”, sinaliza.

Mulheres que se relacionam com homens comprometidos
No fundo, a amante camufla uma dor

Ainda sobre esse assunto, a psicóloga Sheyna Vasconcellos relatou que frequentemente atende mulheres que se relacionam com homens comprometidos. Segundo ela, pode ser uma forma de não assumir um compromisso formal. Outras vezes, trata-se de uma fantasia de transgressão, de viver em um lugar marginal. ‘’A amante pode achar que vive em um lugar de privilégio já que está atrelada ao sexo engenhoso e não participa do cotidiano corrosivo de levar filhos na escola, pagar condomínio, etc.” Por outro lado, a consteladora Indiara Oliveira explica que há grandes chances de não haver vantagem alguma nessas situações. “A amante pode se enganar achando que tem privilégios, mas na verdade está subordinada ao que o homem comprometido oferece. No fundo, ela camufla uma dor. Falo isso pela minha experiência no consultório”.

Classificação Indicativa: Livre

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