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O primeiro dia da história do Brasil em que a celebração da Consciência Negra foi um feriado nacional aconteceu nesta quarta-feira (20). A data, que traz uma reflexão importante para uma nação majoritariamente negra, só ganhou esse destaque 329 anos após a morte de Zumbi dos Palmares— o último e mais conhecido líder do Quilombo dos Palmares (a maior comunidade de escravizados fugidos do país). A demora, entretanto, não minimiza a importância desse momento de promoção e debate a acerca da negritude.
“Nos mostra o avanço das pautas de promoção da equidade racial no Brasil e a força e o reconhecimento da luta antirracista, do avanço das políticas públicas e, claro, de todo o trabalho de mobilização feito pelo movimento negro, movimento feminista negro no Brasil ao longo dos anos (...) esse reconhecimento federal nos traz essa
importância de visibilizar a pauta racial no Brasil e de gerar também um reconhecimento para o dia, porque a memória da população negra brasileira precisa ser todo dia retomada, reforçada, considerada, porque a gente viveu quase 400 anos de processo de escravização nesse país e são um pouco mais de 130 anos de pós abolição, então o racismo ainda é latente no Brasil”, pontua Midiã Noelle, jornalista, mestre de cultura, escritora e fundadora do Instituto Commbne (Comunicação Baseada na Inovação Racial e Etnia).
Entretanto, é importante destacar que, por exemplo, a data que se relaciona com a Inconfidência Mineira tornou-se feriado nacional 174 anos após a morte de um dos seus protagonistas; o dentista Joaquim José da Silva Xavier, que é celebrado em 21 de abril— o chamado Dia de Tiradentes. O que para alguns pode ser apenas um descuido dos legisladores, é, na verdade, mais uma atitude que está atrelada ao racismo estrutural, onde a história de luta dos negros é invisibilizada. Antes do 20 de novembro ganhar essa conotação, era o 13 de maio a data atrelada ao fim da escravidão, com crédito dado a Princesa Isabel, responsável pela assinatura da Lei Áurea.
“A gente sabe também que esse não reconhecimento, que demorou para acontecer, também se vem desse fundo racial, né? Desse fundo do próprio racismo que, infelizmente, impacta as pessoas que promovem e constroem políticas públicas. Enfrentar o racismo é algo que está muito dentro da conformação do Brasil, da cultura afro-brasileira, da cultura brasileira como um todo. Então a gente precisa compreender também com o avanço da história, as pessoas se conscientizam mais. Então a data é muito importante para que a gente consiga reconhecer a história de quem veio antes da gente, como a filosofia Sankofa fala, né? ‘olhar para trás, buscar a sabedoria dos ancestrais para ressignificar o presente e construir um futuro melhor para todos’”, elucidou Midiã.
Quem compartilha do mesmo pensamento, é o cantor, compositor e ativista Lazzo
Matumbi: “Já não era tempo da Bahia fazer parte desse calendário Nacional. A demora, e a negação à comemoração dessa data tão importante e significativa para o povo que ajudou a construir esse país, é mais uma tentativa de negação dos verdadeiros heróis da história brasileira. É a comprovação da existência do ranço escravista, que ainda permeia a cabeça de parte dos representantes desse Estado”.
Tonho Matéria, cantor, compositor, mestre de capoeira e ativista, ressalta o “papel importantíssimo” de Zumbi para a cultura, luta e resistência dos negros, mas pontua que o Brasil, assim como foi o último a abolir a escravidão, é o último a reconhecer esse momento. Além disso, o músico deixa claro que Dia da Consciência Negra é mais que um dia “não-trabalho”: “Esse feriado não é para gente ir à praia, à festa, é para a reflexão. É para a gente levantar os tambores, levantar os berimbaus e juntar com tantos homens e mulheres negras da cidade e conclamar”, convidou o artista, que preparou um vídeo especial para o BNews. Confira abaixo:
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