Geral

Dia Nacional da Visibilidade Lésbica: entenda os desafios e avanços no mercado de trabalho

Fernando Frazão/Agência Brasil
Celebrada dia 29 de agosto, data reacende debate sobre posicionamento das empresas em relação à comunidade LGBTQIAP+  |   Bnews - Divulgação Fernando Frazão/Agência Brasil

Publicado em 29/08/2023, às 12h06 - Atualizado às 12h10   Redação BNews


FacebookTwitterWhatsApp

O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, celebrado nesta terça-feira (29), reacende debates e reflexões pelo país sobre os direitos dessa comunidade ao longo de todo o mês. Uma das questões que ainda perturba a vida de muitas mulheres lésbicas é a inserção no mercado de trabalho.

Embora as mulheres em geral tenham conquistado recentes avanços legais e sociais nesse aspecto, ainda há barreiras e preconceitos, que se multiplicam para as mulheres lésbicas devido à interseccionalidade que as envolve. Além de enfrentarem o sexismo, também precisam confrontar a homofobia que ainda permeia a cultura de muitas empresas.

O estudo "Profissionais Liberais Lésbicas no Mercado de Trabalho Brasileiro", realizado este ano pela Universidade de São Paulo (USP) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta cerca de 60% das mulheres lésbicas já sofreram algum tipo de discriminação devido à sua orientação sexual no ambiente profissional, e 40% vivenciaram algum tipo de assédio moral ou sexual.

Ainda de acordo com a pesquisa, 50% das mulheres lésbicas já tiveram dificuldade para encontrar emprego devido à orientação sexual, e 40% acreditam que não são reconhecidas da mesma forma que profissionais heterossexuais.

Para Kaká Rodrigues, co-founder da Div.A Diversidade Agora!, as "piadas" sobre lésbicas no ambiente de trabalho são tentativas de diminuir essas pessoas, buscando validação do grupo em relação a esse tipo de comportamento. "É o chamado ‘preconceito recreativo’, que desumaniza as pessoas de comunidades específicas, reduzindo-as a estereótipos e caricaturas", ressaltou.

Segundo a especialista em diversidade e inclusão, a repetição dessas atitudes preconceituosas mina a saúde mental das pessoas colaboradoras. "Uma mulher lésbica que se encontra em um ambiente assim fica cada vez mais estressada e desmotivada, o que afeta diretamente sua produtividade. A inclusão de pessoas LGBTQIAPN+ é um tema muito relevante, não apenas para empresas que valorizam a diversidade, mas principalmente para aquelas que investem em inovação", explica Kaká.

O estudo "The Impact of Lesbian Leadership on Organizational Innovation and Profitability", realizado em 2020 pela Universidade de Stanford, valida a afirmação da especialista. Segundo os dados apresentados pela instituição norte-americana, empresas com CEOs lésbicas têm 18% mais chances de sucesso em seus mercados e 21% mais chances de introduzir novos produtos e serviços, além de registrarem lucros e receitas maiores do que organizações sob gestões não lésbicas.

Quem também aponta a relevância da liderança para endereçar esses desafios é Renata Torres, qua atua juntamente com Kaká como co-founder da Div.A Diversidade Agora!. "A liderança de uma mulher lésbica teria uma influência mais direta na mudança da cultura de uma empresa, mas não é necessário pertencer à comunidade LGBTQIAPN+ para fazer a diferença como líder", idncou. Para a também especialista em diversidade e inclusão, essa modificação é um trabalho intenso que requer mais atenção por parte da liderança e que pode não ter uniformidade na adesão.

"Para essa transformação cultural, de mudanças muito profundas, é preciso estar preparado também para entender que determinadas pessoas não passarão por essa jornada, não entenderão ou não conseguirão atingir esse nível de consciência. Mas, sob o ponto de vista da cultura organizacional, tem que estar muito claro o que se espera em termos de postura e comportamento em relação às mulheres lésbicas e à comunidade LGBTQIAPN+ como um todo. As pessoas colaboradoras precisam conhecer o posicionamento da empresa, compreender quais comportamentos são aceitáveis e quais não são. As pessoas em posições de liderança devem ser as primeiras a dar o exemplo dessas normas no ambiente, demonstrando o que é aceito e o que não é", completou a especialista.

Clique aqui e se inscreva no canal do BNews no Youtube!

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp