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Jacobina: Oxitec nega fracasso de projeto com mosquitos Aedes aegypti transgênicos

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Britânica avalia que é um equívoco afirmar que a liberação foi precipitada, principalmente se a afirmação vier de concorrentes.  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 23/09/2019, às 10h59   Adelia Felix


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A empresa britânica Oxitec enviou nota ao BNews negando o fracasso divulgado pela agência alemã Deutsche Welle, que citou um estudo publicado na revista especializada Nature: Scientific Reports, envolvendo a liberação de cerca de 12 milhões de mosquitos Aedes aegypti transgênicos machos na cidade de Jacobina, no Centro-Norte da Bahia, entre 2013 e 2015. Os lançamentos foram feitos nos bairros de Pedra Branca e Catuaba.

Segundo a assessoria da empresa, os resultados apresentados foram exatamente os esperados e que o foco não era o controle populacional dos mosquitos selvagens. A Oxitec explica que o estudo teve como objetivo gerar dados sobre a segurança e a eficácia do OX513A e obter dados para a aprovação comercial junto à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

“Mesmo assim, o projeto conduzido na cidade brasileira de Jacobina-BA, em 2013, foi bem-sucedido. Os resultados apresentados foram exatamente os esperados. Essa informação estava presente no dossiê regulatório apresentado pela Oxitec e aprovado pela CTNBio, em 2014”, diz trecho do esclarecimento.

Ainda de acordo com a empresa foram 14 anos de pesquisas antes do ensaio de campo, em Jacobina. “No local, foram 36 semanas de estudos antes da liberação dos mosquitos. Sendo assim, é um equívoco afirmar que a liberação foi precipitada - principalmente se a afirmação vier de concorrentes, com interesses comerciais contra o estudo”, informa a Oxitec.

Representantes do Ministério da Saúde e da britânica já se reuniram para tratar sobre o resultado do projeto. Segundo a pasta, será solicitado formalmente à Oxitec monitoramento entomológico das populações em campo do Aedes aegypti em todos os municípios onde realizou a soltura dos insetos modificados e informe os resultados tanto aos municípios quanto para o Ministério. Além disso, a empresa terá que realizar um estudo que comprove que os mosquitos hídricos são seguros para o ecossistema e para a população.

À reportagem, a prefeitura de Jacobina informou que a gestão anterior não deixou dados sobre o experimento feito.

Leia a íntegra do esclarecimento:

O estudo de Jacobina, em 2013, teve como objetivo gerar dados sobre a segurança e a eficácia do OX513A e obter dados para a aprovação comercial junto à CTNBio. O foco não era o controle populacional dos mosquitos selvagens.

Mesmo assim, o projeto conduzido na cidade brasileira de Jacobina-BA, em 2013, foi bem-sucedido. Mosquitos OX513A foram liberados durante 117 semanas e resultaram na supressão contínua das populações de Aedes aegypti nas áreas tratadas, totalizando uma redução de 94% na população de mosquitos, durante o experimento.

Como previsto, os resultados demonstram que a técnica requer uma liberação contínua nas áreas tratadas. A linhagem OX513 desaparece do ambiente algumas semanas após a interrupção das liberações. Funciona como um inseticida, mas com um processo biológico: enquanto você aplica, vê o efeito. Se parar de usar, os mosquitos voltam. Além disso, o efeito de supressão populacional não é imediato: é preciso liberar continuamente por aproximadamente um ano para que se possa começar a controlar a população. 

Os resultados apresentados em Jacobina foram exatamente os esperados. Essa informação estava presente no dossiê regulatório apresentado pela Oxitec e aprovado pela CTNBio, em 2014:

“A penetrância do fenótipo letal do transgene foi avaliada em híbridos F1 entre machos homozigotos OX513A e fêmeas de Cayman. Os ovos de cruzamentos de machos homozigotos OX513A com fêmeas do tipo selvagem de Cayman, e de OX513A autocruzados (cruzamentos de controle) foram criados na presença e na ausência de tetraciclina e o número de adultos resultantes avaliado. Na ausência de tetraciclina, foi observada mortalidade de 96,5% (IC 95% = 95,1 – 97,6%) de heterozigotos (n = 913)..." - ou seja - já se sabia que existiria cerca de 5% de sobrevivência. A CTNBio julgou seguro esse índice, já que os 5% não causam nenhum efeito adverso e desaparecem do ambiente em algumas semanas.

O grupo editorial Nature emitiu, no dia 17 de setembro de 2019, um aviso de isenção relacionado ao artigo citado na reportagem, afirmando que os editores estão revendo o artigo. Isso foi feito à luz das preocupações levantadas sobre integridade científica, da não divulgação de potenciais conflitos de interesse e de declarações prejudiciais e enganosas contrárias às evidências.

Os mosquitos transgênicos não criam mosquitos mais resistentes – é exatamente o contrário: o próprio artigo da Scientific Reports, assim como outros publicados à época, mostraram que a linhagem OX513 desaparece do ambiente algumas semanas após a interrupção das liberações, como esperado.

Foram 14 anos de pesquisas antes do ensaio de campo em Jacobina. No local, foram 36 semanas de estudos antes da liberação dos mosquitos. Sendo assim, é um equívoco afirmar que a liberação foi precipitada - principalmente se a afirmação vier de concorrentes, com interesses comerciais contra o estudo.

Mais informações em https://www.oxitec.com/our-technology.

Classificação Indicativa: Livre

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