Moradores de Boipeba denunciam que empresa impedida pela Justiça de realizar festa causa aglomeração na ilha; assista

Desde o último domingo (27), uma festa realizada em alto mar na pequena Ilha de Boipeba, que pertence ao município de Cairu, na região sul do estado, tem tirado o sossego dos moradores do local que temem uma contaminação em massa da população pela Covid-19, além do desconforto ao presenciar cenas protagonizadas por casais e consideradas pelo nativos como “libidinosas”. 

Em contato com o BNews, um morador da região, que preferiu não se identificar, afirmou que a festa, a Mareh NYE, produzida pela empresa Mareh Agência de Eventos, de São Paulo, arrastou centenas de turistas até à ilha. A empresa, no entanto, negou a realização da festas.

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Os visitantes, segundo ele, têm se aglomerado em três escunas que partem do porto em direção à Praia Boca da Barra. 

A empresa já havia sido proibida de realizar a festa privada de Réveillon após a Justiça Baiana acatar um pedido do Ministério Público da Bahia que alegou que a festa traria riscos para a comunidade, já que seria realizada em meio à pandemia. A prefeitura de Cairu também emitiu um decreto proibindo a realização de festas no município. A empresa recorreu da decisão, mas não obteve êxito.

Procurada pela reportagem, a prefeitura de Cairu ressaltou que emitiu o decreto em consonância com a determinação do governo do estado, para não realizar festas em comemoração ao Réveillon, além de afirmar que a fiscalização de eventos náuticos, como estes que aparecem no vídeo, são de responsabilidade da Capitania dos Portos (confira nota completa abaixo).

A Mareh Agência de Eventos argumentou ao recorrer da decisão que “a estrutura do evento contaria com protocolos sanitários diferenciados que visam a segurança não só dos consumidores, como também dos organizadores e residentes da ilha”

Além do fato de ter muitas pessoas dividindo o mesmo espaço e aparentemente sem proteção, o pós-festa, no entanto, é que tem deixado a população de cabeça quente. Isso porque, segundo o morador, após desembarcarem no centro da ilha, muitos turistas não têm se preocupado em expor seus momentos íntimos.

“Uma situação descontrolada. Em pleno porto, na Ponte Zé da Viúva, casais de homossexuais cometendo atos libidinosos na presença de crianças e idosos que costumam ficar reunidos na praça. Fazem até sexo oral e correm nus. A situação está escandalizada”, relatou o morador. 

Na página oficial da empresa, um comunicado emitido no dia 19 de dezembro informa aos clientes que a festa havia sido cancelada devido ao aumento de casos de Covid-19. A empresa descreve que a edição da festa “seria uma das mais especiais”, já que “a maioria nunca havia tido uma experiência de separação ou isolamento tão intensa”. 

“Nunca antes havíamos sentido esta energia global da ausência, da solidão, da impotência. Também nunca antes quisemos tanto estar juntos para celebrar a vida. É hora deste 2020 chegar ao fim e abrir caminho para 2021”, diz um trecho.

O BNews procurou a empresa Mareh Agência de Eventos, pelo endereço de email disponibilizado no site, mas não obteve resposta. A reportagem procurou também a Capitania dos Portos, através do Segundo Distrito, mas não conseguiu contato.

Moradores de Boipeba denunciam que empresa impedida pela Justiça de realizar festa de fim de ano na ilha causa aglomeração pic.twitter.com/bsufcjjK3m

— bnewsvideos (@bnewsvideos) December 30, 2020

Confira abaixo a nota da prefeitura de Cairu na íntegra:

A Prefeitura de Cairu publicou um decreto municipal no dia 16 de dezembro, que seguiu as mesmas determinações do decreto do Governo do Estado da Bahia, e impede a realização de qualquer tipo de festa no período do réveillon. A prefeitura informa ainda que não emitiu nenhum alvará de realização deste tipo de evento, e que se estas festas estiverem acontecendo, são de forma clandestinas.

Em relação à fiscalização, órgão informa que a fiscalização de eventos náuticos, como estes que aparecem no vídeo, são de responsabilidade da Capitania dos Portos. 

Em relação à ocupação de Morro de São Paulo e Boipeba, a prefeitura informa que o decreto municipal permite até 70% da ocupação dos hotéis e pousadas, e que o trade tem registrado está dentro do permitido.