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Oposição vence eleição legislativa na Argentina

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Com mais de 90% dos votos computados, o peronismo, liderado pelo presidente Alberto Fernández, saiu derrotado e deve perder o controle do Senado  |   Bnews - Divulgação Reprodução/PSOL

Publicado em 15/11/2021, às 14h01   Sylvia Colombo/Folhapress


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A coalizão opositora de centro-direita Juntos por el Cambio saiu vitoriosa nas eleições legislativas argentinas neste domingo (14), segundo os primeiros resultados oficiais.

Com mais de 90% dos votos computados, o peronismo, liderado pelo presidente Alberto Fernández, saiu derrotado e deve perder o controle do Senado.

Será a primeira vez desde a redemocratização, em 1983, que os peronistas não terão o poder de definir a agenda da Casa.

Na cidade de Buenos Aires, a candidata da oposição, a ex-governadora María Eugenia Vidal, conseguiu uma vitória expressiva com 48,8% dos votos sobre Leandro Santoro (40,06%).

Em Córdoba, a derrota foi ainda maior: o Juntos por el Cambio teve 54,1% contra 24,9% da aliança governista Frente de Todos. O peronismo também perdeu em Santa Cruz, tradicional província kirchnerista, por 35% contra 28,2%.

Até às 21h30, o resultado na província de Buenos Aires, principal reduto eleitoral do país, com 38% dos eleitores, mostrava recuperação do peronismo. Com 72% dos votos apurados, o opositor Diego Santilli tinha 40,06% dos votos, contra 38,4% de Victoria Tolosa Paz.

Na cidade de Buenos Aires, ainda segundo as pesquisas, a vitoriosa foi a ex-governadora María Eugenia Vidal. O economista de ultradireita Javier Milei estaria eleito, fazendo dos "libertários" a terceira maior força na capital federal, assim como nas primárias.

A esquerda, porém, representada pela aliança Frente de Izquierda, também repetindo o resultado de setembro, teria alcançado o posto de terceira força política no país.

Os números prévios mostram, no entanto, que a derrota peronista foi menor que a sofrida em setembro, nas primárias, e que ocasionou uma reorganização do gabinete de ministros sob o comando da vice-presidente, Cristina Kirchner.

Em declaração logo depois de fechadas as urnas, o ministro do Interior, Wado de Pedro, afirmou que houve 72% de participação. A cifra mostra um aumento do interesse em relação às primárias, que tiveram comparecimento de 66%.

O presidente Alberto Fernández fez uma declaração pela TV, direto da residência de Olivos, pouco após a divulgação dos resultados.

Disse esperar que a oposição seja "responsável e aberta ao diálogo, para gerar progresso para o país". Declarou, ainda, que é momento de "olhar para adiante" e falou dos vários desafios que o país enfrenta, entre eles "o da reativação econômica e a emergência sanitária".

Fernández acrescentou que o acordo com o Fundo Monetário Internacional, a quem o país deve US$ 44 bilhões, é uma prioridade e deve ser uma política de Estado.

Lançou provocações à oposição ao criticar o endividamento do país. Afirmou que "sabe que cometeu erros", mas que irá cumprir o compromisso assumido em 2019. "O pessimismo é contagioso, mas a esperança também."

O líder da oposição e ex-presidente Mauricio Macri afirmou mais cedo que "os próximos dois anos vão ser difíceis para a Argentina, mas a Juntos por el Cambio vai atuar com muita responsabilidade, ajudando para que a transição seja feita do modo mais ordenado possível, para que se possa voltar a colocar o país no rumo correto."

O deputado Máximo Kirchner, filho da vice-presidente, Cristina Kirchner, disse que o peronismo não foi bem nas primárias porque o governo "tomou medidas para atacar as consequências econômicas do macrismo e da pandemia, não tomou medidas para ganhar eleições", afirmou.

Cristina não viajou a Santa Cruz, onde tem residência, para votar, porque se encontra em recuperação por uma cirurgia recente.

Já Santilli afirmou que o Juntos por el Cambio é "a oposição com responsabilidade", numa tentativa de descolar sua candidatura da oposição de ultradireita representada pelo economista Javier Milei.

Fernández e Cristina têm visões diferentes sobre o modo de tratar a dívida. O presidente crê ser necessário reestruturar e realizar o pagamento, enquanto a vice aposta por ganhar mais tempo e, com isso, poder usar mais fundos para os gastos sociais.

Na economia, o país encontra uma tarefa difícil. A inflação está acumulada em 52,5% ao ano e o desemprego, na casa dos 20,2%, enquanto 40% da população estão na pobreza.

Para conter a cifra e a tensão social, o governo apostou num congelamento de preços de 1.400 produtos que irá até janeiro.

Do ponto de vista político, uma derrota do peronismo pode fazer com que os governistas fiquem sem a possibilidade de ter quórum para iniciar uma sessão no Senado sem o apoio da oposição.

Se também perder cadeiras entre os deputados, o peronismo pode ver o comando da Câmara, chefiada hoje por Sergio Massa, mudar de lado, o que colocaria um opositor na linha de sucessão presidencial.

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