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'Esse não é um país de merda', diz Massa em discurso após votação

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Candidado à Presidência da Argentina 'atacou' Javier Milei sem citar o adversário  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Redes Sociais / @sergiomassaok / Montagem BNews

Publicado em 23/10/2023, às 08h00 - Atualizado às 08h09   Guilherme Botacini / Folhapress


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O discurso de Sergio Massa após a votação do primeiro turno na Argentina mirou em Javier Milei sem que o adversário fosse citado. A contraposição de propostas do peronista às do ultraliberal e até a manhã deste domingo favorito ao pleito foi a tônica adotada por Massa, que saiu na frente no primeiro turno neste domingo (22).

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Em alguns momentos do discurso, o peronista fez referência também a falas de Milei que, se por um lado ajudaram o rival a se popularizar, também são usadas por adversários para apontar seu lado radicalizado.

"Estou convencido de que esse não é um país de merda como têm dito, mas que esse é um grande país", disse, relembrando fala em que Milei recomenda a jovens que tenham condições para "deixar esse país de merda".

O atual ministro da Economia também adotou um tom conciliador em que acenou a eleitores que votaram em branco ou em outros candidatos e que "compartilham conosco valores como educação pública e a independência de Poderes".

"Vamos convocar um governo de unidade nacional para construir uma indústria argentina forte, frente àqueles que querem a abertura indiscriminada das importações. Quero convocar a construir um governo àqueles que querem mais educação pública, gratuita, de qualidade e inclusiva, contra aqueles que querem vouchers para nossos filhos", afirmou Massa.

Com diferença de cerca de 6 pontos percentuais, Massa largou na frente de Milei na disputa presidencial, que terá seu segundo turno no dia 19 de novembro. A surpresa nas primárias, com a liderança do ultraliberal, converteu-se em novo resultado inesperado no primeiro turno, com a reversão a favor do peronista.

Assim, Massa vai fortalecido ao segundo turno, mas ainda sob o risco de que a terceira colocada com cerca de 23,8%, a macrista Patricia Bullrich, alie-se a Milei --foi o que indicou o próprio libertário em sua fala depois da consolidação dos resultados para a segunda volta.

"No dia 19 de novembro teremos que decidir se construímos um país que abrace a todos ou o país do salve-se quem puder. Vou abraçar a cada argentino e argentina, não importa como pensem, não importa sua religião e sua condição social", disse Massa.

O ministro da Economia mudou recentemente seus discursos, centrados mais em chamar a atenção para o medo do avanço da extrema direita no país e em um resgate da narrativa peronista mais nacionalista, reforçando que Milei representaria uma ameaça à soberania argentina com suas propostas de acabar com o peso, por exemplo. A mudança veio na reta final da campanha, após publicitários ligados ao PT reforçarem a equipe eleitoral do peronista.

Apesar de ter saído na frente e demonstrado a força de sua máquina ideológica e partidária, o peronismo registrou sua pior votação em 40 anos de democracia.
Para o analista político Gustavo Córdoba, diretor da empresa de pesquisas Zurban Córdoba, a atuação de governadores e militantes peronistas espalhados pelo país pode ter pesado. "A territorialidade ainda tem um valor importante na Argentina", afirma ele, que, apesar disso, vê os resultados do primeiro turno com cautela.

"Todo segundo turno é uma eleição completamente diferente. Em 2015, Mauricio Macri [PRO] ficou em segundo, mas terminou triunfando por três pontos. Agora é preciso ver como se reconfigura o cenário da representação política do país, o que vai acontecer com o Juntos pela Mudança e os eleitores de Bullrich."

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