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Putin endurece o tom no discurso e sinaliza o aumento da pressão interna

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Guerra na Ucrânia entra na quarta semana  |   Bnews - Divulgação Divulgação/ Twitter @nexta_tv

Publicado em 17/03/2022, às 11h29   Redação


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O presidente russo Valdimir Putin eleva o tom do discurso, direciona seus ataques aos líderes de Kiev e aos setores da popilaçõa russa que ele considera como “falsos patriotas”, os chamados de “escória”.  A fala de Putin acontece em meio ao aumento da repressão interna àqueles que discordam da guerra na Ucrânia que já entra na quarta semana. Inclusive, quem mencionar a palavra "guerra", ao invés de "operação militar especial", nome oficial da ofensiva, está sujeito a multa e prisão.

“ Mas qualquer povo, e ainda mais o povo russo, sempre será capaz de distinguir verdadeiros patriotas da escória e dos traidores, e simplesmente cuspi-los como uma mosca que acidentalmente entrou em suas bocas” disse Putin, durante uma reunião, na quarta-feira (16), para discutir medidas de apoio econômico às regiões. “ Estou convencido de que uma autopurificação tão natural e necessária da sociedade só fortalecerá nosso país, nossa solidariedade, coesão e prontidão para responder aos desafios”, concluiu.

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De acordo com o portal O Globo, cerca de 15 mil pessoas foram presas em protestos contra o governo, e um número ainda desconhecido de russos deixou o país rumo à Europa, EUA e outras nações da ex-URSS, como o Quirguistão e o Cazaquistão, desde o início da guerra. Além do medo da repressão, muitos tentam escapar dos impactos das sanções impostas pelo Ocidente, que já começam a ter efeitos sensíveis na economia russa, em especial na inflação.

Putin atacou os países do Ocidente, durante o discurso, dizendo que eles "simplesmente não precisam de uma Rússia forte e soberana" e que não perdoará o país por "defender seus interesses nacionais".

“Lembramos como eles apoiaram o separatismo, o terrorismo, encorajando terroristas e bandidos no norte do Cáucaso. Como nos anos 1990, início dos anos 2000, eles agora novamente, mais uma vez, querem repetir sua tentativa de nos pressionar, nos transformar em algo fraco, dependente, violar a nossa integridade territorial, desmembrar a Rússia da melhor maneira possível para eles. Não deu certo naquela época, e não vai dar certo agora”, disse Putin.

Aos milionários russos que vivem no exterior, Putin se refere como “traidores nacionais” que ganharam dinheiro na Rússia e hoje gasta suas fortunas em outros países. “Não estou julgando de forma alguma aqueles que têm uma casa em Miami ou na Riviera Francesa, que não podem deixar de comer foie gras, ostras ou usufruir das chamadas liberdades de gênero. O problema não está nisso, mas  no fato de que muitas dessas pessoas estão mentalmente localizadas no exterior, e não aqui, não com nosso povo, não com a Rússia,  afirmou o presidente. “Isto é o que eles pensam, que pertencem a uma casta superior, a uma raça superior”.

Para o secretário de Imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov, essa é mesmo a linha atual do governo russo. “Em momentos difíceis, muitas pessoas mostram suas verdadeiras cores. Muitas pessoas estão se revelando, como dizemos em russo, traidores “, disse Peskov, em entrevista coletiva.

Em seus 22 anos à frente da Rússia, seja como presidente ou como um poderoso primeiro-ministro, foram raras as vezes em que Vladimir  Putin usou um tom tão agressivo em seus discursos: um dos poucos exemplos foi visto em 2014, em meio à anexação da Crimeia e aos efeitos da Euromaidan, que derrubou o governo pró-Moscou em Kiev.

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