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Pais conseguem na Justiça autorização para plantar maconha como tratamento para criança que já teve 200 convulsões

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A autorização para a plantação da Cannabis foi concedida pelo juiz federal Agliberto Gomes Machado, da 3º Vara Federal Criminal no Piauí  |   Bnews - Divulgação Divulgação/ Uniad

Publicado em 25/06/2022, às 12h26 - Atualizado às 12h30   Redação BNews


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Os pais de um menino, de dois anos, com Síndrome de West, um tipo de epilepsia rara que provoca prejuízos neurológicos, ganharam na Justiça o direito de plantar a Cannabis sativa, nome científico da maconha. O objetivo é a fabricação do óleo medicinal que a criança precisa como medicamento. "Só conhecemos nosso filho depois da cannabis", disse a mãe do menino, que preferiu não se identificar.

Ao G1, a mãe da criança disse que por causa da doença, o filho já chegou a ter 200 convulsões em um só dia. A cannabis, planta do gênero da maconha e proibida no Brasil, é medicinal e utilizada por orientação médica para o tratamento da epilepsia refratária, dor crônica, Alzheimer, ansiedade e Parkinson.

"Em duas semanas usando o óleo, as terapeutas dele já ficaram surpresas. A evolução dele foi surpreendente, e hoje ele está conseguindo se desenvolver, já tem sustentação com as costas. Só conhecemos nosso filho depois da cannabis. Antes era só agonia", contou a mãe.

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A síndrome de West causa atrasos no desenvolvimento psíquico e motor do paciente. Para diagnosticar a doença, os pais do menino passaram por alguns médicos e utilizaram vários medicamentos na criança que sofria com os efeitos colaterais. Hoje o menino tem dois anos e, tratado com o óleo medicinal, ele tem de duas a três convulsões diárias, algumas quase imperceptíveis.

Na tentativa de achar uma cura ou um medicamento que desse melhor qualidade de vida para o filho, a mãe descobriu o tratamento à base de óleo de cannabis. Ela chegou a cultivar a planta ilegalmente mesmo temendo ser presa. "Infelizmente esse tabu atrasou muito a gente, era para ter começado com o óleo bem antes. Mas meus pais eram contra, a neuro[pediatra] também não era a favor. A gente tinha muito medo de ser preso. Quando batiam na nossa porta, a gente já ficava assustado. Até deixamos de receber visitas em casa", disse.

A autorização, com validade de dois anos, para a plantação da Cannabis foi concedida pelo juiz federal Agliberto Gomes Machado, da 3º Vara Federal Criminal no Piauí. O salvo-conduto impede que os pais do menino sejam presos por portarem maconha, sementes ou insumos para o cultivo voltado ao tratamento terapêutico. A decisão judicial diz ainda que é proibido aos pais utilizar ou fornecer para outras pessoas a maconha como substância recreativa. A decisão aconteceu no início de maio de 2022.

Para o advogado Wesley Carvalho Viana, autor do pedido da família piauiense, a decisão é uma vitória não só para os clientes, mas para o combate ao tabu sobre o uso terapêutico da cannabis.

"Foi um desafio porque a gente ainda percebe que no Piauí há uma questão cultural de preconceito em relação até ao uso medicinal da cannabis. Mas o que fazemos é pensando no melhor da criança, e baseado em ciência, em estudos, e nos resultados obtidos com ele", comentou o advogado.

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