Personalidade
Publicado em 21/09/2021, às 09h15 Redação Bnews
Pela primeira vez, três diplomatas negros servem na embaixada brasileira e na missão do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington. Um deles é baiano, de Santo Antônio de Jesus, na região do recôncavo.
Filho de uma professora e um carteiro, Jackson Luiz Lima Oliveira, de 51 anos, trabalhou como auxiliar de pedreiro antes de se formar em Letras Vernáculas pela Universidade Católica do Salvador, em 1991. Ele dava aula de português e inglês na capital baiana quando decidiu mudar de profissão e voltar os olhos para uma carreira onde os negros são a minoria.
De acordo com dados não oficiais do Itamaraty, publicados pelo o jornal o Globo, negros são apenas 5% de um total de 1.537 diplomatas na ativa – o Ministério das Relações Exteriores não solicita declaração de etnia àqueles que ingressam na carreira diplomática.
Jackson fez parte do Programa de Ação Afirmativa (PAA), projeto que desde de 2002 amplia as condições de ingresso de brasileiros negros na carreira de diplomata. Com o dinheiro da bolsa, que deve ser gasto exclusivamente com os estudos, ele pagou aulas de Economia com professores particulares para conseguir uma boa classificação no concurso. A sua aprovação veio em 2008.
"Sem o incentivo do governo, jamais teria condições de passar no concurso. Nem eu nem todos os demais negros que foram aprovados. O Estado tem o dever moral de corrigir o descompasso da igualdade racial no Brasil e, ao mesmo tempo, aproveitar para aumentar a diversidade do quadro de diplomatas", disse em conversa com O Globo.
O diplomata baiano já serviu na Nigéria, na Zâmbia e foi assessor no Departamento da África do Itamaraty. Em Washington, ele atua na OEA, tratando de temas relacionados ao desenvolvimento integral. Além disso, é aluno do mestrado na Universidade George Mason sobre paz e resolução de conflitos.
Para ele, a situação mais desafiadora de sua vida foi torna-se diplomata. Um caminho longo e difícil. "Nasci no interior da Bahia, em uma cidadezinha insignificante, e me tornar diplomata, ir para o mundo e representar o Brasil, para mim, foi o grande desafio. Depois que me tornei diplomata, eu só servi, até agora em países africanos por escolha própria", comentou em conversa com o Diário das Nações
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