Polícia

“Cadê os Direitos Humanos?”, questionam PM’s em sepultamento de cabo

Publicado em 06/01/2015, às 09h06   Tony Silva (Twitter: @Tony_Silva)


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Policiais militares da Bahia começaram 2015 de luto. Mais um homicídio contabilizando o número de 30 policiais mortos, teve como vítima neste domingo (4) o cabo da PM, 43 anos, Eduardo Olímpio Santos Filho, lotado na 59ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) em Vila de Abrantes. Cabo Olímpio, como era conhecido entre os colegas, foi alvejado por dois tiros à queima-roupa, efetuados por dois homens que passaram em um carro e ao avistá-lo dispararam contra ele. Olívio não resistiu aos ferimentos e morreu na hora. 

Familiares e amigos do policial compareceram ao sepultamento que ocorreu na tarde desta segunda-feira (5), no cemitério Campo Santo, no bairro da Federação. Centenas de policiais militares demonstraram seu apoio à família do cabo da PM e declararam sua revolta sobre a violência contra os policiais, perguntando a todo momento, “onde estava os representantes dos Direitos Humanos”.

O sargento da reserva, João Batista, que acompanhou o sepultamento do amigo, disse que só em 2014 compareceu a mais de 10 enterros de colegas da Polícia e em nenhum deles viu a presença de algum representante dos Direitos Humanos ou do governo. “O governo pensa que o PM é descartável. Somos humanos e ninguém dos Direitos Humanos aparece em nenhuma morte de policial. Cadê os Direitos Humanos?”, indaga.

O presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (ASPRA-BA), Fábio Brito, lamentou as mortes de policiais, que classificou como “massacre de PM’s”, criticando o anúncio do fortalecimento da Corregedoria, feito pelo governador Rui Costa.

“Começamos o ano mau e tivemos um ano de massacre e caçada aos policiais militares e eu sinto muito que a gente tenha começado o ano assim. O que me parece, é que o novo governo não está preocupado com esse massacre e sim em fortalecer a Corregedoria, ao invés de se criar uma força tarefa para que esses homicídios não continuem impunes, porque os índices são cada vez mais crescentes e o governo não dá nenhuma resposta à altura. Pelo contrário, coíbe os policias de agirem”, critica.

O presidente da Aspra ainda exigiu ao governo a criação de uma divisão especializada em crimes cometidos contra policiais. “Tem que existir uma companhia especializada no combate com uma força tarefa permanente, e uma delegacia, para investigar e evitar os homicídios contra policiais militares e civis, e qualquer servidor público da segurança. Os policiais estão sendo abatidos e caçados e nenhuma providência é tomada”, comenta.

Fábio Brito ainda afirmou que policiais são constantemente ameaçados de morte por traficantes e que os Direitos Humanos não existem para a polícia. “Só temos Direitos Humanos para bandidos e o governador está mais preocupado que os bandidos voltem para casa do que o policial e isso nós não vamos aceitar. Um policial foi morto em razão de ser policial. Matar policial deveria ser crime hediondo. A gente não pode mais permitir essa impunidade e um governo que coloca o agente de segurança em segundo lugar”, desabafa.

O ex-deputado estadual do PSB, Capitão Tadeu, também acompanhou o sepultamento do militar e criticou a postura do governo sobre a corporação. “Temos que lamentar que o governador do estado tenha dito que não vai tolerar violência policial, ou seja, se ele disse que não vai tolerar violência do policial, ele está admitindo que vai tolerar todas as formas de violência. A corrupção no governo, a corrupção na Petrobras, a violência dos bandidos. Os policiais estão se sentindo órfãos, sem o amparo do governador para poder prevenir a violência. A violência está muito forte contra o policial e o governador não sinaliza com nada que possa vir a reduzir esse quadro contra os policiais”, critica.

O policial Eduardo Olímpio era bem querido entre os colegas e se destacava pela boa conduta e empenho na companhia onde trabalhava. Ele foi promovido a patente de cabo no final de 2014. Cabo Olímpio deixa uma companheira e cinco filhos. 

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