Polícia

Mulher acusa ex-marido PM e colegas de corporação de agredi-la dentro de quartel em Lauro de Freitas

Reprodução / Arquivo pessoal
Polícia Militar afirma que irá abrir um inquérito para investigar as agressões  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Arquivo pessoal

Publicado em 11/12/2020, às 08h05   Brenda Viana


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Uma mulher denuncia as agressões que teria sofrido por militares dentro do quartel da 52ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) de Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS). A mãe e a irmã dela também teriam sido vítimas dos  policiais.

Os filhos de M.B, de 37 anos, teriam sido agredidos pelo pai, o Soldado da Polícia Militar, A.O.S, de 40 anos, na noite de domingo (06), por volta das 20h. Além das agressões, o progenitor das crianças abandonou os filhos na rua [na porta da casa da avó], segundo a mãe. 

Nas imagens encaminhadas ao BNews, é possível ver as costas do filho mais novo, de 9 anos, com escoriações, que ela diz ter sido feitas pelo PM e sua atual esposa. De acordo com o Boletim de Ocorrência feito pela mãe dos meninos, o homem ainda teria dito que iria comprar três coleiras para que os filhos ficassem sentados no chão. Vendo o sofrimento dos filhos, M. se encaminhou para a 52ª Companhia Independente de Polícia Militar de Lauro de Freitas (CIPM) na mesma noite e, ao chegar no local, foi recebida com agressões verbais pelo ex-marido que estava na guarita: "Saia daqui sua desgr*ça. Caso contrário, eu vou lhe encher de tiros", teria dito o homem a ex-mulher.  


(Agressões sofridas pelo filho de M. / Arquivo pessoal)

Alguns policiais, vendo a situação, teriam chamado o superior da Companhia, intitulado de Subtenente F. que já desceu agredindo com um tapa no rosto de M. "Você estava aonde que não recebeu os seus filhos? O cara chegou atrasado para pegar o serviço", disse. Logo depois, M. recebeu outro tapa, só que agora no peito e, novamente, foi xingada pelo Subtenente. "Logo comecei a chamar por socorro e pedir para que as pessoas da vizinhança filmassem. Ele [Subtenente] sacou a arma e falou: 'deixe e presepada, sua p*ta, que se [nome do ex-marido] não tem coragem de lhe encher de tiros, eu tenho!'". 

A mulher afirma que após a fala do comandante, recebeu chutes nas costas de outros três militares. A mãe dela e sua irmã também teriam sido agredidas pelo Subtenente. Além das agressões, as três mulheres foram colocadas no camburão da viatura, das 21h até às 2h da manhã de segunda (07), com a alegação de terem desacatado e desobedecido o comandante. 

A vítima afirma, também, que o veículo do seu cunhado foi levado e, na segunda-feira, recebeu uma ligação do Major M. para conversar e entender o que aconteceu na noite anterior. "O carro do meu cunhado foi apreendido sob acusação de embriaguez ao volante. Solicitamos a guia de alcoolemia [para constatar presença de álcool no sangue], mas negaram  fornecer. O veículo estaria no pátio do Detran da Barros Reis. Fomos até lá, mas não estava. O Major M. ligou novamente e informou que o veículo estava em outro lugar. Só foi encontrado no final da noite de segunda, no pátio do Detran do Caji [Lauro de Freitas]". A irmã de M., por conta das agressões que teria sofrido dos militares, foi hospitalizada.

A denunciante já foi ouvida na Corregedoria da PM, fez exames de lesões corporais, e prestou queixa na Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), em Brotas. “Existe uma medida protetiva na 2ª Vara de violência contra mulher, porque eu já vinha sendo ameaçada há algum tempo. Então, tudo isso vem acontecendo e pediam [as duas corregedorias], para que eu não falasse nada na mídia, porque a mídia iria fazer sensacionalismo. Mas eu quero me expor, sim, porque estou temendo pela minha vida. E qualquer coisa que venha me acontecer, as pessoas vão ter conhecimento que foram eles”, desabafou. M. pede, também, que a Polícia Militar libere as imagens que foram gravadas tanto pelas câmeras de dentro da viatura, quanto as do quartel. "Gostaria de apelar [pelas imagens] para ajudar a esclarecer os fatos".

A reportagem procurou a Polícia Militar para obter mais informações sobre o ocorrido. Em nota, a PM disse que será instaurado um inquérito para apurar as denúncias contra os citados. As documentações foram enviadas para a Corregedoria Geral que, também, será apurada. “Como medida preventiva durante o processo apuratório, o comandante da 52ª CIPM afastou os policiais militares denunciados das atividades operacionais”.

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