Polícia

Conheça o traficante "sanguinário" que foi solto após 20 anos de prisão

Celsinho em entrevista após sair da prisão - Reprodução - YouTube/SBT
Celsinho, um dos traficantes mais conhecidos do Brasil, foi solto nesta quinta (19)  |   Bnews - Divulgação Celsinho em entrevista após sair da prisão - Reprodução - YouTube/SBT

Publicado em 20/10/2022, às 16h28   Cadastrado por José Ivan Neto


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Após 20 anos preso, Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, 61 anos, foi solto na tarde desta quarta-feira (19). Apontado como um dos fundadores da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), rival do Comando Vermelho (CV) e do Terceiro Comando Puro (TCP), Celsinho também é considerado o principal rival de Luiz Fernando da Costa, um dos líderes do CV, que cumpre pena na penitenciária federal de Mossoró (RN).

Celso Luiz Rodrigues nasceu em 1961, em São Paulo. A iniciação de Celsinho no crime ocorreu quando ele tinha 16 anos. Antes disso, trabalhou como pedreiro, cobrador de ônibus e foi proprietário de um bar.

Sua primeira prisão foi em 1984, por tentativa de homicídio, na zona oeste do Rio. Já a segunda, foi por conta da sua atuação no tráfico de drogas em 1990. Naquela época, foi fundada a ADA, uma facção que viria a exercer grande influência na favela da Vila Vintém, além de dominar outras regiões da zona oeste do Rio, disputando poder com a CV e TCP.

Chamado de sanguinário pela polícia, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Celsinho comandava “Machadinha” que, de acordo com moradores da zona oeste do Rio, esquartejava as vítimas. Celso, em 1988, após ser condenado por tráfico, roubo de cargas, assalto e homicídio, fugiu da prisão vestido de policial militar.

No ano em questão, ele estava internado no Hospital Penitenciário Fábio Macedo Soares para realizar a extração de uma bala alojada no braço. De acordo com suspeitas, Celsinho teria saído pela porta da frente do hospital, com a conivência de agentes penitenciários pagos em R$1 milhão na época. Cinco suspeitos foram afastados de suas funções e Celsinho foi investigado por supostamente ter uma rede de policiais informantes.

Em 2002, policiais militares foram punidos por fazer a segurança do traficante na festa de aniversário da filha dele. Celsinho era o traficante mais procurado do Rio nos anos 2000, visto como um criminoso que tinha um diferencial por ter uma "visão empresarial" do tráfico. "Celsinho é um comprador em potencial e um varejista. Sabe onde está a droga de qualidade", afirmou a inspetora Marina Maggessi, chefe de investigações da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes) em reportagem da Folha de S. Paulo em 2001.

Marina chegou a participar das prisões de outros traficantes que chefiavam facções. A inspetora atribuiu a perpetuação de Celsinho no poder ao que ela chamava de "assistencialismo safado" na Vila Vintém. Em troca de silêncio, a população da área recebia alimentação, cesta básica e assistência médica do traficante.

Em 2002, o traficante foi recapturado e adquiriu a fama de debochado por ter sido fotografado sorrindo com as mãos algemadas. Em entrevista na época, disse que o tráfico nem era tão lucrativo. Afirmou, à época, que faturava R$ 50 mil por semana, o que considerava "uma merreca". O criminoso também desafiou a polícia ao dizer que controlaria o tráfico dentro do presídio.

A disputa com Fernandinho Beira-Mar, também detido no ano anterior, se acirrou quando Celsinho voltou a prisão. Beira-Mar e Celsinho disputaram territórios como a favela da Rocinha, a maior comunidade do Rio.

Em 2017, Celsinho foi transferido do presídio federal de segurança máxima em Porto Velho, Rondônia, para a Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino, Bangu I, no Complexo de Gericinó, zona oeste do Rio. Pesava contra ele uma acusação de ter comandado o cerco à favela da Rocinha, onde duas pessoas morreram e cinco foram feridas durante uma disputa entre traficantes de facções rivais em 2017.

O Ministério Público do Rio de Janeiro levantou indícios de armação contra Celsinho, e a desembargadora Suimei Meira Cavalieri, da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, concedeu, na semana passada, um alvará de soltura.

Celsinho permaneceu preso até que a Vara de Execuções Penais verificasse as pendências. Na segunda-feira (17), após análise, o juiz Marcello Rubioli concedeu sua liberdade. Celsinho agora responderá em liberdade à acusação de ter comandado uma invasão à Rocinha.

A volta do fundador da facção ADA às ruas do Rio levanta questões, como o fortalecimento de milícias, do CV ou sobrevida ao grupo criminoso de Celsinho.

Em entrevista ao UOL, Max Marques, advogado de Celsinho, negou qualquer reaproximação do seu cliente com o crime. "O que ele quer agora é ter uma nova vida e recuperar o tempo perdido junto à família. O passado é passado".

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