Polícia

Família de menina morta no Jardim Santo Inácio protesta por justiça; caso completa um ano

Reprodução/Arquivo pessoal
Giovanna Nogueira da Paixão, de 11 anos, foi baleada na cabeça durante uma ação de policiais militares   |   Bnews - Divulgação Reprodução/Arquivo pessoal

Publicado em 24/01/2019, às 11h00   Vinícius Ribeiro


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Há exatamente um ano, uma bala disparada da arma de um policial militar tirou a vida da menina Giovanna Nogueira da Paixão, de apenas 11 anos. O crime ocorrido na manhã de 24 de janeiro de 2018, na comunidade Paz e Vida, no Jardim Santo Inácio, em Salvador, será lembrado com manifestação nesta quinta-feira, a partir das 12h30, em frente ao Fórum Ruy Barbosa.

Em conversa com o BNews, a mãe da criança, Maria Ângela de Jesus Nogueira, contou que familiares e amigos vão protestar contra a impunidade do caso. "Todo mundo só quer justiça", declarou. "Quando estive na Corregedoria (da PM), há uns quatro meses, eles disseram apenas que (o tiro) partiu mesmo da arma do policial, e que eles (PMs) iam pra júri. No Ministério Público, me disseram que (os PMs) iam ser julgados, só que até hoje nada", disse nesta manhã.

“Nós vamos reivindicar a celeridade do caso”, afirmou o coordenador do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca), Waldemar Oliveira, que estará presente no ato desta tarde.

De acordo com o departamento de comunicação da PM-BA, o Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado pela corporação foi concluído e remetido ao Ministério Público.

Denúncia - Procurado pelo BNews, o MP-BA informou que ofereceu, no dia 2 de setembro de 2018, denúncia contra os policiais militares Nildson Jorge Sousa França e Emerson Camilo Sales Pereira pela morte de Giovanna.

Conforme a denúncia, os PMs chegaram ao local do crime em uma viatura descaracterizada [Ford KA, de placa policial PKF 3504], quando deram início à deflagração de tiros que atingiram a vítima, que teria aberto a porta de casa naquele momento para receber o avô que chegava.

Segundo a promotora de Justiça Armênia Cristina Santos, autora da denúncia, os policiais "ao atirar naquelas circunstâncias, assumiram o risco de atingir alguém, o que efetivamente aconteceu".

Ainda conforme a denúncia, testemunhas do fato negaram a versão dos denunciados de que teria havido uma troca de tiros na localidade. Segundo informações do Núcleo do Júri (NUJ) do MP, a denúncia foi recebida pela Justiça e está prevista uma audiência de instrução para o próximo dia 8 de julho de 2019. A indenização por danos morais pedida no processo é de 500 salários mínimos.

Lembranças - A criança estava com a avó dentro do barraco de madeira onde viviam quando, ao sair para recepcionar o avô, foi baleada na cabeça durante uma operação policial. Ela chegou a ser socorrida para uma Unidade de Pronto Atendimento, mas não resistiu ao ferimento.

"Horrível, horrível. Só lembranças. Ontem mesmo, às sete da noite, estava lembrando que uma hora daquelas, há um ano, eu estava penteando o cabelo dela", recordou Ângela. 

Em agosto do ano passado, durante um ato na Barra, a mãe de Giovanna (foto ao lado) lamentou a interrupção dos sonhos da filha.

"Ela fazia aulas de violino em Paripe e me pedia o instrumento de presente. Todas as amigas já tinham. Eu dizia que só poderia comprar quando saísse de férias, mas não deu tempo. Ao invés do violino tivemos que comprar o caixão".

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