Polícia

"Você me beijaria?": Jovem acusa motorista por aplicativo de assédio durante corrida

Rovena Rosa/Agência Brasil
Jovem acusa motorista de fazer insistentes perguntas impertinentes  |   Bnews - Divulgação Rovena Rosa/Agência Brasil
Sanny Santana

por Sanny Santana

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Publicado em 09/05/2023, às 16h03


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Uma estudante de 24 anos denunciou ter sido assediada por um motorista por aplicativo durante uma corrida na noite do último domingo (7), em Salvador.  

Era por volta das 23h quando a jovem, que preferiu não ser identificada, solicitou uma corrida para casa através da plataforma Uber. Ela estava com uma amiga na vila gastronômica Stella Sunset, no bairro de Stella Maris, e, por ter ingerido bebida alcoólica, decidiu não voltar para casa dirigindo.  

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Segundo a denunciante, ao chegar no local, o motorista, identificado pelo prenome Rubenval, foi bastante "receptivo" e chegou a levar a amiga da vítima para o outro lado da rua apenas para que a jovem não andasse sozinha até a sua casa, que ficava próxima ao estabelecimento.  

"Minha amiga entrou primeiro e eu fiquei atrás dele. Minha amiga mora em Stella Maris, então ele só fez atravessar a rua e colocar ela lá para que não atravessasse a rua sozinha. Seguimos e peguei o celular para mandar umas mensagens para amigos por áudio para contar umas 'resenhas' sobre um paquera meu e de uma amiga minha, sobre uma situação que tinha acontecido, e aí ele começou a se intrometer na minha conversa”, afirmou em entrevista ao BNews.  

Na primeira intervenção, o motorista comentou sobre o assunto que a jovem falava com os amigos no telefone, dizendo que a estudante era “bonita”. “Eu dei uma risada sem graça e ignorei. Mais para frente, ele começou a falar ‘deixa eu te fazer uma pergunta, não se incomode. Você me beijaria, ficaria comigo?’”, relata a jovem, que diz ter negado e pedido para que o motorista mudasse de assunto. 

Ainda segundo a jovem, após a negativa, o homem começou a perguntar o motivo para que ela não o quisesse. “Ele dizia ‘não estou perguntando por mal, mas porque você não me beijaria?’, eu falei ‘vamos encerrar esse assunto, por favor’. Fiquei em silêncio absoluto e não parei de mexer no celular para que ele visse que eu estava conversando com alguém”, conta a jovem. 

Apesar da tentativa de mostrar que estava em contato com uma pessoa no celular, o homem permaneceu fazendo questionamentos sobre a razão pela qual ela não ‘ficaria’ com ele. “Quando eu disse que não e que era para encerrarmos o assunto, ele voltava [a perguntar] ‘você não me beijaria? Por que não fica comigo? você é uma mulher tão bonita, tem que estar com alguém que te mereça, que te trate bem’. Um completo louco", conta a mulher. 

Diante da insistência, a estudante decidiu pedir para que um amigo a ligasse e simulou uma conversa, dando as coordenadas de onde estava, seguindo dessa forma até que chegasse em casa, em Vilas do Atlântico, na cidade de Lauro de Freitas. 

“Eu só pensei em duas alternativas, se esse homem partir para cima de mim, eu estou atrás dele, então algo eu vou fazer, vou reagir. Em segundo ato, vou me jogar do carro. Foram as alternativas que passaram pela minha cabeça (...) a gente [mulheres] tem contato todos os dias com essa violência, mas eu nunca tinha passado por isso", afirma a vítima. 

No mesmo dia a estudante reportou o caso à plataforma da Uber. Ela logo recebeu um feedback por e-mail afirmando que medidas cabíveis seriam tomadas. Apesar da denúncia para a empresa, a vítima optou por não prestar boletim de ocorrência.

Em nota enviada ao BNews, a Uber afirmou que “considera inaceitável qualquer tipo de comportamento abusivo contra mulheres" e que o motorista teve sua conta desativada da plataforma assim que tomou conhecimento do episódio.  

Confira a nota na íntegra: 

“A Uber considera inaceitável qualquer tipo de comportamento abusivo contra mulheres e acredita na importância de combater e denunciar casos de assédio e violência. O motorista teve sua conta desativada da plataforma assim que a empresa tomou conhecimento do episódio. A Uber se coloca à disposição para colaborar com as autoridades no curso das investigações.  

A empresa defende que as mulheres têm o direito de ir e vir da maneira que quiserem e têm o direito de fazer isso em um ambiente seguro. Por isso, desde 2018 a empresa mantém o compromisso de participar ativamente do enfrentamento da violência contra a mulher e segue investindo constantemente em conteúdos educativos contra o assédio para motoristas. 

Em conjunto com o Instituto Promundo, foi lançado o Podcast de Respeito e mais recentemente a Uber lançou uma campanha educativa de combate ao assédio em parceria com o MeToo Brasil. Além disso, também em parceria com o MeToo, a plataforma possui um canal de suporte psicológico para apoiar vítimas de violência de gênero, que será disponibilizado para a usuária. 

Segurança é uma prioridade para a Uber e inúmeras ferramentas atuam antes, durante e depois das viagens para torná-las mais tranquilas, como, por exemplo, o compartilhamento de localização, gravação de áudio, detecção de linguagem imprópria no chat, botão de ligar para a polícia, entre outros”. 

Classificação Indicativa: Livre

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