Política

Nunca fui homofóbico, se defende Marco Feliciano em entrevista ao Bocão News

Publicado em 14/04/2016, às 11h38   Luiz Fernando Lima (Twitter: @limaluizf) Direto de Brasília


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O terno quadriculado com detalhes roxos, a camisa alinhada, cabelos precisamente arrumados com a ajuda de gel, barba feita, sapatos brilhando, assim estava composto o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) às 20hs dessa quarta-feira (13), quando conversou com a reportagem do Bocão News.

Foto: Lucio Bernardo Junior / Câmara dos Deputados

Feliciano não esconde o entusiasmo diante do clima pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Ao contrário, propagava aos quatro ventos para quem quiser ouvir que já passou da hora do PT deixar o Poder. O deputado defende o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB), e ironizou os adversários de Cunha ao dizer que “Se ele é malvado é o meu malvado favorito”.

Afirma Feliciano que as acusações de homofobia são armas dos grupos ligados ao PT e ao Psol para combatê-lo. Considera-se um boi de piranha. O pastor teve mais de 398 mil votos em 2014, sendo o terceiro deputado mais bem votado daquele estado o que o credencia a pleitear a indicação do PSC para disputar a prefeitura da capital paulista.

Embora tenha criticado e combatido a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo, Feliciano diz que não é contra o mérito do processo, apenas contra o método. A lei, segundo ele, deveria ter sido feita no Congresso Nacional.

Nesta conversa, o deputado defende uma posição de vítima diante da falta de espaços para explicar suas posições.

Confira a íntegra da entrevista:

Bocão News - Deputado, o senhor defende o impeachment da presidente Dilma. Por quê?

Marco Feliciano - Sou conhecido aqui no Parlamento como o deputado anti-PT e o meu partido até pouco tempo atrás era da base e graças a Deus saiu. O impeachment já é uma realidade. Nós estávamos preocupados na comissão especial porque mesmo tendo a maioria, nós acreditávamos que teríamos 33 ou 34 votos e de repente quando vimos foram 38 e isso deu um upgrade, porque proporcionalmente aqueles votos a mais iriam refletir aqui e isso está acontecendo. Hoje já há uma tranquilidade na base do impeachment e nós acreditamos que teremos entre 370 e 400 votos. A presidente Dilma vai ser afastada do mandato dela e o Brasil vai voltar a respirar.

Bocão News - Você foi criticado durante muito tempo por suas posições na Câmara em relação ao debate sobre orientação sexual e outras agendas progressistas. Estas críticas fizeram com que mudasse de opinião?

Marco Feliciano - Eu tive poucas oportunidades para falar qual era a minha opinião de verdade. Colocaram palavras na minha boca, mentiram e criaram até o um projeto de cura-gay que nunca existiu. Este projeto não era nem meu. Era de alguém do PSDB. Naquele momento eu era o 'boi de piranha'. Eu era um deputado contra o governo e o governo me marcou. Eu sou contra qualquer tipo de ativismo radical pago. Eu era contra o ativismo gay pago. Não era contra a orientação sexual de ninguém. Nunca fui homofóbico. A minha posição sobre o casamento (homoafetivo) era por uma questão constitucional. A Constituição foi rasgada. O certo não era o Supremo Tribunal Federal julgar. Era para ter vindo para cá, porque nós representamos o povo. Minha crítica era por causa disso. Se vem para cá e é aprovado vira lei e lei a gente cumpre.

Foto: Luiz Fernando Lima/Bocão News

Bocão News - Hoje é lei. Então na sua visão este é um ponto passado?

Marco Feliciano - Veja bem, lei se cumpre, todavia, esta lei é ilegítima, pois não passou pelo Congresso. Este assunto não foi discutido aqui. Eu não discuto o mérito e sim a forma. Porque a constituição é nossa carta magna se não é cumprida pode rasgar e se coloca em risco a democracia. E o que é a democracia? Democracia é voto popular daqueles que foram eleitos pelo povo (sic). Como é que você muda um item da Constituição sem fazer uma Proposta de Emenda à Constituição? Meu posicionamento naquela época era esse. As brigas foram por causa disso. O PT me marcou. Eles precisavam de uma cortina fumaça para esconder as mazelas do governo. Foram 90 dias apanhando. Eles destruíram minha vida, meu nome, eles tem uma máquina de destruir reputações. Mas graças a deus eu tenho uma família forte, uma instituição forte por trás de mim que é a igreja e eu permaneci. Isso me deu know-how e hoje sou respeitado aqui dentro. Hoje eu sou respeitado em muitos assuntos. A minha luta com o governo que está ai hoje é exatamente por isso: eles rotulam e marcam pessoas que são contra eles em qualquer sentido. Te colocam como racista, homofóbico, fascista. São adeptos do 'acuse-os daquilo que você faz' e 'xingue-os daquilo que você é'. É jogar para cima dos outros. O PT tem esta cartilha de criar mantras. Basta ver esta coisa de golpe. Falam tanto em golpe que está todo mundo falando de golpe na rua. Falam tanto em ódio que todo mundo fala que é discurso de ódio, quando na verdade é só indignação.

Bocão News - Feliciano, você acredita no Estado laico?

Marco Feliciano - Com certeza. A beleza do Estado laico é que ele protege seu direito à fé. O Estado laico não é um Estado ateu. Mas até isso deturparam. Ensinaram nas cabeças dos universitários e da população que como o Estado é laico não se pode ter um pastor aqui dentro, como assim? Não é democracia? Nós temos até um palhaço aqui (Tiririca) e é legítimo porque ele representa o grupo que colocou ele aqui. O Estado laico é tão lindo que bem acima da cadeira do presidente da Câmara, no plenário, tem um crucifixo. Mas o Estado não é laico? Se fosse laicista seria um Estado ateu. E nós devemos isso, se não estou enganado, a um baiano. Um dos mais reconhecido, intelectual, que criou este dispositivo mesmo sendo de um partido comunista. Jorge Amado que criou este dispositivo. Esta é a nossa beleza: você pode ser o que for e eu também posso.

Classificação Indicativa: Livre

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