Política

Celso Amorim deve encontrar resistência entre os militares

Publicado em 05/08/2011, às 18h30   Redação Bocão News


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Como esperado por muitos a nomeação do embaixador Celso Amorim para o lugar de Nelson Jobim não foi bem aceita pelos militares, principalmente dentro do Exército. A informação é da Folha de São Paulo. De acordo com o apurado pelo impresso paulista, oficiais procurados pela reportagem criticaram a escolha de Amorim e um deles chegou a comparar a escolha do chanceler ao de médico para o necrotério.

"Desde quando diplomata gosta de guerra? É como botar médico para cuidar de necrotério. Parece brincadeira", disse à Folha de São Paulo.
A recepção pouco afetiva dos militares mais conservadores não chega a surpreender, tampouco, o questionamento sobre o “gostar de guerra”. A despeito que ninguém atualmente fala em possíveis conflitos armados com paixão.

O desafio que Amorim tem pela frente é o de manter boa relação com esses militares que estavam acostumados a ter em Jobim um “civil militarizado” que ajudava na articulação com setores da esquerda que governam o país e, segundo alegam os militares, são preconceituosos com o Exército.

Por outro lado, de acordo com a Folha, a boa relação do ex-ministro não se reproduzia nas bases militares, que consideravam Jobim "arrogante" e ironizavam que ele se comportava como "dono das Forças Armadas".

A Folha também lembrou a divulgação de conversas e correspondências de Jobim que vieram à tona através dos levantamentos do Wikileaks.

WIKILEAKS

Jobim mais de uma vez enveredou por áreas e manifestações que caberiam ao Itamaraty. Telegramas da Embaixada dos EUA em Brasília obtidos pelo WikiLeaks indicaram, via relatos de diplomatas, que Jobim quis se afirmar como interlocutor privilegiado dos americanos.

Para o ex-embaixador Clifford Sobel, Jobim pareceu determinado a "desafiar a supremacia histórica do Itamaraty em todas as áreas da política externa". Numa conversa em 2008, Jobim disse que o então secretário-geral de Amorim, Samuel Pinheiro Guimarães, "odeia os EUA" e queria "criar problemas" na relação bilateral.

Também confrontou Amorim em negociações sobre uma eventual adesão ao Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação Nuclear.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom // ABr

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