Política

Cartunista pede a Rodrigo Maia que charge rasgada por deputado volte à exposição

Reprodução/ Redes sociais
"Os parlamentares não podem aceitar esse ataque à democracia e à liberdade de expressão", disse Carlos Latuff  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Redes sociais

Publicado em 20/11/2019, às 11h59   Luiz Felipe Fernandez


FacebookTwitterWhatsApp

O cartunista Carlos Lattuf se manifestou em vídeo publicado no Twitter na noite desta terça-feira (20), sobre a placa de uma charge de sua autoria que foi rasgada pelo deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP), que estava em exposição em homenagem ao Dia da Consciência Negra no Congresso Nacional. Latuff afirmou que se o presidente Rodrigo Maia (DEM) tiver o "mínimo de juízo", a charge deve ser recolocada "intacta" no local.

O chargista e ativista político disse que a atitude de Tadeu só comprova a ideia do seu desenho, de que o Brasil é um país racista. A imagem ilustra um policial armado e um rapaz negro, algemado, estendido no chão, com a camisa da seleção brasileira, e a frase escrita abaixo: "O genocídio da população negra".

"A atitude desse Coronel, que quebrou uma das minhas charges relativa à violência policial, que faz parte de uma exposição alusiva ao mês da Consciência Negra [...] revela três coisas: primeiro, a polícia é realmente truculenta. Segundo, existe de fato um genocídio contra a população negra e pobre no Brasil, o que inclusive esse deputado tentou censurar [...] E terceiro, o Brasil é realmente um país racista", argumenta.

Para Latuff, caso Maia não intervenha e a charge fique de fora da exposição, estará "sinalizando para a sociedade" que a conduta "violenta" do deputado Coronel Tadeu é "aceitável": "Não existe decoro, respeito pro opiniões diversas, e a censura vai estar institucionalizada no Congresso Nacional".

Por fim, acrescentou que ataques como este não são direcionados a um desenho em si, mas contrariam a democracia e o princípio de "liberdade de expressão".

À Folha de S. Paulo, o deputado tentou explicar o seu ponto de vista. Para ele, a disparidade do número de jovens negros mortos pela polícia se deve ao fato da maior parte dos traficantes que "moram nas comunidades", serem negros.

"O tráfico absorve uma boa parte das pessoas que moram nas comunidades, e a maioria dessas pessoas é de origem negra. Então, portanto, o resultado disso é que, em confronto com policiais, as [pessoas] que estão no tráfico acabam sendo vitimadas no confronto. E aí, se a maioria é negra, o resultado só pode ser esse", sentenciou.

Levantamento publicado no Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública 2019 apontou que 75,4% dos mortos em decorrência de intervenção policial eram pessoas negras. No Brasil, o grupo de negros e pardos representam 55% da população do país.

Não é a primeira vez que o parlamentar do PSL-SP tem um posicionamento controverso. Recentemente, logo após a soltura do ex-presidente Lula (PT), o deputado desejou a morte do petista em uma postagem no Twitter. "Não vejo a hora de Lula morrer. Não é discurso de ódio e sim de paz. O histórico desse sujeito não deixa saudades, mas um exemplo para essa nação acordar dos males que sofreu", escreveu.

Assista:

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp