Política

Aleluia consegue aprovar projeto que tira nome de Paulo Freire de escola em Salvador; vereadores protestam

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Os próprios vereadores da Casa reclamaram e apontaram que os moradores da localidade se colocaram contra a mudança  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Assessoria

Publicado em 18/12/2019, às 11h05   Redação BNews


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O vereador Alexandre Aleluia (DEM) tem criado polêmica após a aprovação do projeto de lei de sua autoria, na Câmara de Vereadores de Salvador, que retira o nome do educador Paulo Freire de uma escola na capital. A unidade fica localizada na Travessa Rio Branco, no Arraial do Retiro. Os próprios vereadores da Casa reclamaram e apontaram que os moradores da localidade se colocaram contra a mudança.

Em publicação nas redes sociais, o democrata defendeu a ação. “Salvador não tinha nenhuma escola com o nome de José Bonifácio, mas existia uma Escola Municipal Educador Paulo Freire. Hoje, o meu Projeto de Lei nº 242/19 foi aprovado. Sai o “energúmeno” e entra a Escola Municipal José Bonifácio”, disse.

Há uma cruzada da ala bolsonarista contra o educador, atacado constantemente pelo presidente Jair Bolsonaro por, de acordo com o chefe do Planalto, propagar a “ideologia de esquerda” nas escolas. Recentemente Bolsonaro chamou Paulo Freire de energúmeno.

Freire é o patrono da Educação Brasileira. Natural de Recife e falecido em 1997, o nordestino é referência na área de pedagogia, já foi agraciado com cerca de 48 títulos, entre doutorados honoris causa e outras honrarias de universidades e organizações brasileiras e do exterior. Sua obra mais citada é Pedagogia do oprimido.

O nome defendido por Aleluia para a unidade escolar é o de José Bonifácio, cientista e político brasileiro, tido como um dos mais influentes para o processo da independência do Brasil. Nascido em São Paulo, foi maçom e fundou o Apostolado, uma organização secreta, com o objetivo de promover a independência do Brasil, a partir do governo. Foi um dos principais conselheiros de Dom Pedro.

REPERCUSSÃO NEGATIVA – A vereadora Marta Rodrigues (PT) vociferou contra a aprovação da medida e chamou a articulação de golpe na Câmara de Salvador. A petista alega que, além do projeto não ter sido incluído no acordo de votação da Casa, consta na proposição a sonegação de informação para os vereadores, uma vez que a emenda fala em denominação ao invés de alteração.

“Fomos pegos de surpresa.  A intenção do PL de Aleluia é claramente perseguir e retirar o nome de Paulo Freire, por causa do ódio que ele nutre pelo pedagogo assim como o presidente Bolsonaro. Salvador tem centenas de escolas municipais, mas a escolha dele foi justamente a chamada Paulo Freire para afrontar professores e todos aqueles que prezam pela diversidade e pluralidade na educação”, disse Marta.

Segundo vereadora, o PL do democrata não constava no acordo de votação que levou diversas proposições de vereadores a serem aprovadas nesta terça.  “Absurdo não é só retirar o nome do patrono da educação brasileira de uma escola municipal, mas também o fato de que este PL não estava incluso no acordo de votação”, declarou Marta.

Da base do prefeito, Odiosvaldo Vigas também se colocou contra a proposição. “É um absurdo o que está acontecendo no Brasil, em que os renomados educadores e a educação são atacados diariamente”. O pedetista votou contra a matéria e protestou junto à presidência do Legislativo, salientando que a aprovação é uma vergonha para a Câmara Municipal de Salvador.

Teo Senna (PHS) também ficou contra a mudança. “Os critérios podem mudar na educação, mas não se pode destruir legados”, declarou Senna.

“Não se pode fazer uma alteração como essa sem consultar e discutir com quem estuda e mora no bairro. Desde o início que bato nessa tecla e sigo com esse pensamento, pois sei o quanto os pais e mães, professores, alunos, servidores se identificam com o nome”, completou.

Classificação Indicativa: Livre

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